#Intervenção: Projeto Entre Rios e Ruas sinaliza áreas de BH que tiveram córregos canalizados

dezembro 14, 2020

Crédito: Roberto Bellini / Reprodução. 

"Nessa rua tem um rio". A frase que aparece na fachada do Instituto Undió, na Rua Padre Belchior, no centro de Belo Horizonte, próximo ao Mercado Central, denuncia algo que muitos moradores da cidade esqueceram: muitas ruas e avenidas da nossa BH foram construídas em cima de importantes cursos d’água. Não é à toa que temos enchentes e alagamentos nos períodos de chuva.

Por isso, ao retornar a Belo Horizonte em 2006, após concluir mestrado no exterior, a professora Isabela Prado, da Escola de Belas Artes da UFMG, deparou com as obras para cobrir o leito do Ribeirão Arrudas. A situação gerou desconforto e inspirou a artista a criar o Projeto "Entre rios e ruas". A iniciativa propõe uma reflexão poética sobre a relação entre o natural e o urbano e alerta a população sobre os cursos d’água que circulam sob o centro da cidade.

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Ao longo dos anos, Isabela desenvolveu diversas ações e produções artísticas. A mais recente, "Entre rios e ruas", é uma instalação com mais de 230 placas que sinalizam os córregos presentes no perímetro da Avenida do Contorno. Em 2011, o projeto foi contemplado com o Prêmio Funarte de Arte Contemporânea.

A visibilidade que a iniciativa traz aos cursos d’água gera reflexões sobre a coexistência da urbanização e as forças da natureza e desperta questionamentos sobre a eficácia do planejamento urbano de BH. No início do ano, a TV UFMG produziu reportagem sobre enchentes e alagamentos registrados na cidade e a sua relação com a canalização dos rios. Confira o vídeo:

De acordo com o site BDMG Cultural, no início de 2020, com autorização da Subsecretaria de Planejamento Urbano de BH, a artista instalou mais de duzentas placas para sinalizar a existência de córregos canalizados, mapeando vários pontos de interseção entre rios e ruas na região central da capital mineira.

“O transbordamento das águas confirma a relevância do trabalho, pois reforça a importância de falar sobre o tema dos córregos canalizados, sobre as escolhas feitas na urbanização de Belo Horizonte e, de forma mais geral, sobre a relação entre cidade e meio ambiente”, disse a artista para o BDMG Cultural.

No texto do site, publicado por @PauloProença, diz ainda que a artista instalou as últimas placas e fotografou o processo de instalação em meados de março, dias antes da necessidade do isolamento social em decorrência da pandemia da COVID-19. A ideia é que os registros façam parte de uma publicação no futuro.

“Utilizei também o som dos córregos sob o asfalto, que captava nas madrugadas, quando a cidade estava silenciosa. A partir desses dados e informações objetivas, eu desenvolvi trabalhos em várias mídias, como desenhos, vídeos e instalações”, completou Isabela.




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