#Empreendedorismo: MINA, produtora de BH formada só por mulheres, quer revolucionar a cena musical

julho 01, 2019

Formada só por mulheres, a produtora MINA está por trás de grandes eventos e bandas da capital mineira. Crédito: Júlia Fonseca / Reprodução. 
Pouco se sabe do que acontece nos bastidores dos shows, festivais, e eventos. Quando os artistas sobem ao palco, tudo parece fácil. Fazer parecer fácil é o trabalho da MINA, produtora cultural criada no início do ano por um grupo de amigas de Belo Horizonte (MG) com a máxima “produtora de afeto”.

Integram o time Alice del Picchia, Joana Ziller, Luiza Fonseca e Maria Clara Fernandes, que vieram de experiências muito diferentes com a produção, mas logo concordaram sobre o elemento faltante na cena belorizontina.

“O feminino está presente em homens e mulheres, mas às vezes ele é difícil de acessar, principalmente nos homens. Geralmente, ele é visto como fraqueza ou fragilidade, mas nós queremos mostrar que esse feminino é afeto, é sensibilidade, é um olhar carinhoso, é ter diálogo”, explica Alice. 

A MINA surgiu daí, de um misto de vontade de propor outras formas de se relacionar profissionalmente e também de um cansaço das dificuldades que encontravam em um setor que é majoritariamente masculino. 

Inseridas na cena cultural de Belo Horizonte há anos, as mineiras colecionam histórias de desrespeito, descaso e assédio moral ao lidar com produtores homens. “Vimos trabalhos mal feitos, sem cuidado, sem sinceridade, vimos o que nós não queríamos fazer”, diz Alice.

De todos os cantos

Juntar pessoas com domínios tão diversos dentro da cultura também foi importante na hora de pensar uma produtora que pudesse se movimentar por espaços múltiplos na cidade. 

Alice cresceu na cena teatral mas se formou gastrônoma. Se envolveu com produção executiva através da produtora Fauno Cultural. A reaproximação do mundo da música serviu de inspiração para subir ao palco como vocalista da banda Cayena
Crédito: Júlia Fonseca / Reprodução. 
Joana começou a grafitar aos 15 anos e passou por vários movimentos culturais da cidade, como o Mural da Liberdade e a Exposição MuRro. Na produção, também começou através da Fauno Cultural

Luiza é produtora de artes visuais no Palácio das Artes e acumula trabalhos na música e produção de eventos. Maria Clara estudou Serviço Social e se envolveu com produção quando se voluntariou na ONG Teto Brasil, que constrói casas em comunidades carentes.

Para começar a mudar a estatística, uma das primeiras ações da produtora foi uma campanha pelas redes sociais para recolher nomes de profissionais mulheres de todas as áreas. Os mais de 600 contatos recebidos em breve vão virar a Teia, um site no qual será possível buscar colaboradoras por localização e especialidade. 

Além disso, em todos os trabalhos que realizam, há a preferência pela contratação de mulheres, na tentativa de reivindicar a presença feminina em espaços pouco receptivos, como a área técnica de som, luz, etc.

Assim que decidiram pela criação da empresa já começaram a aparecer trabalhos, motivados apenas pelo o boca a boca e indicações. A primeira grande tarefa foi o Brota no Cafezal, uma junção das festas festas MASTERp la n o e Baile da Serra nas Quebradas para arrecadar fundos para a Associação de Moradores da Vila Santana do Cafezal. O evento teve nomes de peso como FBC, Lá da Favelinha e Fernanda Takai e reuniu mais de cinco mil pessoas nos dois dias de festa.

Resolvendo problemas

Responsáveis pela produção executiva do clipe de “Eu Vou”, da dupla de rap Hot e Oreia, que teve a participação de Djonga, as meninas acreditam que o bom humor é essencial na hora de lidar com problemas. 

Diante da dificuldade de levar uma carroça de Belo Horizonte para Sabará, onde o clipe foi gravado, a equipe decidiu que era mais fácil procurar um carroceiro da cidade disposto a alugar o item para o cenário no próprio dia da gravação. Não foi, e foi preciso quase voltar à capital para encontrar um. 

Pelo resto do dia, além de todas as atribuições, como maquiagem e decoração, o grupo também ficou encarregado de cuidar da mula que levava a carroça, a mantendo hidratada e até picando maçã para o animal. Tudo valeu a pena, e o clipe de “Eu Vou” chegou a um milhão de visualizações no Youtube apenas na semana de lançamento. Confira:


Atualmente, a MINA é responsável pela produção executiva das bandas Lamparina e a Primavera e Cayena, além da dupla de rap Hot e Oreia, que estreia mais um clipe nesta segunda-feira (01/07). A produtora também está envolvida com o próximo álbum do músico Sidarta Riani, que deve sair no final de 2019.




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Jornalista

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