#CaféInSérie: Série Good Omens, da Amazon Prime Video, está irritando os extremistas religiosos
junho 30, 2019 |
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Por Sílvia Amâncio
"Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia". A frase do dramaturgo inglês William Shakespeare, da peça Hamlet, exemplifica bem o debate que a nova série do serviço de streaming Amazon Prime Video, Good Omens: até que ponto podemos tomar a religião (ou a fé) como verdade absoluta?
Baseado no livro homônimo de 1990 dos escritores britânicos Neil Gaiman e Terry Pratchett, o enredo é simples: um anjo e um demônio que vivem na Terra tentam impedir a vinda do Anticristo e, consequentemente, o fim do mundo, utilizando todos os artifícios possíveis, sejam eles terrestres, celestiais ou infernais.
A história é protagonizada pelo anjo Aziraphale e pelo anjo caído, agora demônio Crowley, que convivem com os seres humanos há mais de 6.000 anos. A relação dos dois, a princípio, é de cortesia e de interesses mútuos, mas a partir de uma ordem suprema das duas administrações (Céu e Inferno), de que o mundo deve acabar, eles se unem oficialmente para impedir o Armagedon. Abaixo, assista ao trailer:
Inacreditavelmente, a série está sendo alvo de críticas e até boicotes. A Fundação pela Civilização Cristã dos Estados Unidos criou um abaixo-assinado para forçar a Netflix a tirar o seriado do ar e cancelar as próximas temporadas.
Segundo os signatários, o seriado é uma heresia por fazer com que o “satanismo pareça ser normal, leve e aceitável”. Um detalhe que mostra a limitação intelectual da Fundação: a série, como citamos no início do texto é produzida pela Amazon Prime Video, e não pela Netflix, como eles afirmam.
Mas o que provocou a ira dos cristãos extremistas? Damos algumas sugestões: na série, Deus é mulher. A voz que narra as cenas é da premiada atriz norte-americana Frances McDormand. Adão e Eva são negros. O anticristo é uma criança normal de 11 anos, carinhosa, amistosa, fraterna e amante da natureza.
Os anjos são brancos, negros, asiáticos, assexuais e inclusive, homossexuais. As bruxas, são mulheres poderosas, acionistas de grandes empresas de tecnologia. Os quatro cavaleiros do Apocalipse são representados pela Guerra, Fome, Poluição e Morte, uma interpretação simbólica da selvageria do Capitalismo.
Além disso, os diálogos entre o anjo e o demônio criticam passagens violentas da bíblia, questionando a bondade de Deus e seu amor por sua criação. Os principais acontecimentos da história da humanidade, partindo do Jardim do Éden, são representados na série, como os humanos na pré-história, a Arca de Noé (nesse episódio, o demônio Crowley se revolta com Deus por afogar todo mundo indiscriminadamente e diz: “Até as crianças vão morrer afogadas? Isso parece mais coisa do meu povo e não de Deus”).
Na crucificação de Jesus Cristo, mais uma vez o demônio Crowley se revolta com a violência da cena e questiona o anjo: Qual o motivo de fazerem isso com esse rapaz que pregava no deserto? Ao que anjo responde: Só porque ele disse que temos que amar uns aos outros!
Totalmente adaptados ao modo de vida dos seres humanos Aziraphale, o anjo, é apaixonado pela gastronomia mundial e sempre se transporta por diversos lugares do mundo para saborear novos temperos. Já o demônio Crowley, que antes era uma cobra no Jardim do Éden, é um bom vivant, fã das bandas Queen e Velvet Underground.
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A 1ª temporada da série tem apenas seis capítulos e retrata anjos nada ortodoxos, com contatos escusos e comportamentos duvidosos. O chefe dos anjos, Gabriel, é interpretado pelo galã hollywoodiano Jon Hamm (Mad Men), impecável em seus ternos celestiais e de moral questionável. Já o anjo Aziraphale é interpretado pelo simpático ator inglês Michael Sheen e o escorregadio demônio Crowley, pelo escocês David Tennant. Vale a pena conferir!
Serviço
Série “Good Omens”
Onde assistir: Amazon Prime Video
Assinatura do Streaming: R$ 7,90 (seis primeiros meses)
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