#LGBTfobia: Youtuber é agredido de forma covarde por policiais após o show de Claudia Leitte
março 11, 2019Neste final de semana, vários youtubers e influenciadores digitais da comunidade LGBTQIA+ ajudaram a dar visibilidade a agressão sofrida por policiais militares de São Paulo ao youtuber @GuigoKieras, 29 anos, e ao amigo dele, João Henrique Félix, 27 anos. A covardia aconteceu durante o bloco Lagardinho, da cantora @ClaudiaLeitte, no último sábado (11/03).
Um grupo de policiais militares foi flagrado agredindo o folião durante a passagem do bloco pela avenida Marquês de São Vicente, na região central da capital paulista. Por conta da forte chuva naquele momento, o bloco precisou ser interrompido e Guigo e o amigo foram procurar um local para se abrigarem.
Foi aí que os policiais se incomodaram com a presença do youtuber e o perseguiram pelas ruas até que cinco PMs conseguiram o levar para atrás de uma viatura para agredi-lo fisicamente. Clique aqui para ver a matéria exibida no Fantástico e no Hora 1, da TV Globo, sobre o caso.
“Acabei sendo pego, fui arrastado até uma rua afastada, onde estavam os carros da PM estacionados. Ali foram socos, pontapés, porrada na boca, mata-leão, foi uma sessão de tortura”, relatou Guigo. Em sua conta do Instagram, Guigo mostra que levou três pontos na boca e teve de esperar seis horas na delegacia para registrar o Boletim de Ocorrência. Ele fez exame de corpo delito e, tanto ele, quanto o amigo estão cheios de marca de cassetetes pelo corpo.
Segundo o capitão Osmário Ferreira, porta-voz da PM, os policiais que aparecem no vídeo foram afastados. "Durante o carnaval, somente neste final de semana, tivemos 10 mil policiais em serviço em toda a capital, a gente tem certeza que esse é um fato isolado. Lamentamos o fato, assim que tivemos conhecimento do fato já instauramos de pronto um inquérito policial militar e os policiais permanecerão afastados até a sua conclusão".
Repercussão
Após postar em seu #instagram a agressão sofrida, @GuigoKieras passou a ser um dos assuntos mais comentados nas redes sociais no último domingo (10/03), conseguindo ficar entre os assuntos mais comentados do Twitter.
Internautas e influenciadores digitais ficaram sensibilizados com a agressão ao youtuber, sobretudo por ser um ato de violência cometido por policiais onde tudo leva a crer que foi por homofobia, uma vez que, de acordo com o que foi relatado, o abraço dos dois amigos debaixo da chuva teria sido o estopim para dar o início da agressão. Abaixo, assista o vídeo que explica como tudo aconteceu:
Como bem lembrou o @PedroHMC, do canal @PõeNaRoda, Guigo é um cara branco, cis, de classe média alta, homossexual, que foi covardemente agredido e que conseguiu sobreviver após ter levado uma surra gratuita. Mas, nem todos os LGBTs passam por essas e conseguem sair vivos ou conseguem ter apoio para lutar por seus direitos. E, com isso, acabam sendo invisibilizados socialmente.
E a gente não precisa ir nem muito longe: quantas mulheres e quantos homens negros (e/ou pobres) que são violentados e agredidos pela Polícia pelo simples fato de existirem? E isso não é um caso de um final de semana...não mesmo, isso acontece todos os dias e das mais diferentes formas.
Por isso o que aconteceu com o Guigo, é tão representativo e urgente: estamos vivendo uma época em que o Governo não é para todos, que vomita preconceitos e ainda incita uma parte da população ao ódio. Resistência é isso: é não se calar, nem se esconder, pois a luta pela igualdade ainda têm muitos degraus para serem alcançados.
Conseguimos um vídeo amador de alguém q flagrou o momento em que os policiais da @PMESP arrastaram o @guigokieras pra espancá-lo escondidos no beco longe da multidão! pic.twitter.com/BBY7MLWcBE— Pedro HMC (@hmcpedro) 12 de março de 2019
Ódio em números
De acordo com o Relatório de 2017 do Grupo Gay da Bahia, a cada 19 horas e 40 minutos, uma pessoa LGBTQIA+ foi morta ou se matou em 2017. A pesquisa mostra ainda que foram registradas 445 mortes de pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis no Brasil naquele ano.
Além disso, o relatório da Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Transexuais, Transgêneros e Interseccionais (ILGA, na sigla em inglês), de 2017, coloca o Brasil como o país com maior número de mortes de LGBTs registradas no continente americano em 2016 – 340 mortes indicadas pelo relatório do Grupo Gay da Bahia no ano.
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Jornalista
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