Impeachment de Dilma Rousseff é um atentado à jovem democracia brasileira

setembro 03, 2016

Foto: Roberto Stuckert Filho / PR / Reprodução. 

Nesta última quarta-feira (31/08), o Senado brasileiro cassou em definitivo o mandado de Dilma Rousseff. Em uma decisão de cartas marcadas – pois havia um maior número de senadores de Direita, Dilma sofreu o impeachment, mas diferente do que aconteceu com Fernando Collor, em 1992, não teve os seus direitos políticos perdidos.

Mas, porque isso aconteceu? Foi um aceno de conciliação política? Nada disso. Os deputados federais e senadores envolvidos no processo de impeachment sabiam que a acusação contra Dilma sempre foi caduca, faltava pontos. O Nexo Jornal conversou com uma historiadora, uma advogada e um cientista político que têm uma teoria bastante interessante sobre como a História política se repete. Abaixo, confira o vídeo e acompanhe a cronologia de fatos que desencadeou o impeachment de Dilma:

O crime de responsabilidade fiscal por ter pegado empréstimo a bancos públicos sem a consulta do Congresso, poderia – se fosse o caso, sofrer uma punição ao Executivo, mas nada que valesse um impeachment, uma vez que outros presidentes (e governadores estaduais), já usaram do mesmo expediente. Sejamos honestos. Mas o fato é que Dilma foi cassada não só pela crise política e econômica que se instaurou no Brasil. Ela estava incomodando.

Dilma, a frente da Presidência do Brasil, representava uma barreira contra os interesses econômicos que tem o neoliberalismo como cartilha de segregação social. Em 180 dias, o presidente interino golpista, Michel Temer, tentou desconstruir várias políticas sociais históricas do Brasil e ainda quer levar ao Congresso alguns projetos de reforma, do qual a grande imprensa brasileira apelidou de “remédios amargos”, mas necessários para garantir os lucros das poucas famílias que mantém grandes oligopólios no país. 

Tudo regado a uma desculpa bastante conveniente: a conta nos cofres públicos não está fechando, se é que algum dia fechou, na verdade. A corrupção está aí para provar que não foi o impeachment o instrumento que varreu de vez a imoralidade orçamentária.

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Dilma foi cassada por uma série de erros. A começar pela arrogância do PT que, numa tentativa de governabilidade, se aliou ao PMDB, partido de centro que tem se fortalecido durante décadas com a maioria no legislativo nacional e que, querendo ou não, sempre ditou os rumos políticos do Brasil. O PT – e os outros paridos de esquerda, como PSOL, PSTU, PC do B, entre outros, nunca se preocuparam em fazer uma boa base no legislativo legitimamente de esquerda, com deputados e senadores.

Dilma foi cassada ainda nas eleições de 2014. A Direita – encabeçada pelo PSDB e aliados, pediu recontagem de volta e inflamou a população, numa disputa equivocada entre “coxinha” e “mortadela”. Enquanto os militantes de estapeavam, os conspiradores de uniam para mostrar que Dilma não tinha base política, nem apoio dos empresários para continuar à frente do Executivo brasileiro.
Foto: Agência Senado / Reprodução. 

Ainda, para jogar uma pá de cal, o PT era a palavra-chave usada pela a mídia nas manchetes para se fazer uma associação entre corrupção e desvio de dinheiro, mesmo que haja empresários e outros políticos de diversos partidos envolvidos em acusações da Operação Lava Jato. Por não ter democratizado a mídia, o PT pagou um preço alto. A grande imprensa brasileira (aquela controlada por poucas famílias brasileiras) assumiu o discurso da Direita e que também contribuiu para o processo de impeachment.

Para piorar ainda mais, nas eleições municipais de 2016, o PT retira da sua propaganda o vermelho e a sua estrela tão característica, e resolve de forma equivocada lançar candidatos a prefeito, quando na verdade deveria tentar se alinhar com os outros partidos de esquerda, numa grande coligação, que fosse capaz de formar um novo legislativo de esquerda municipal que pudesse ajudar, na eleição de 2018, formar um novo legislativo de esquerda no âmbito nacional.

Assumidamente, o Café com Notícias sempre foi contra o impeachment de Dilma Rousseff, mesmo ciente dos vários erros políticos do PT. A cassação é perigosa para a jovem Democracia brasileira, uma vez que a Direita – incumbida de um projeto político de esvaziamento de conquistas sociais e de fortalecimento neoliberal, não quer ver o Brasil avançar, mas sim retomar ao estágio desigualdade e de quintal dos países desenvolvidos.

Mas, como a batalha pode ter sido perdida, mas não a guerra, o futuro está nas manifestações populares. Que as pessoas voltem às ruas para protestar contra esse golpe político-parlamentar-empresarial-midiático que o Brasil sofreu. Sim, serão os livros de histórias que irão nos mostrar que o nosso país viveu um novo tipo de golpe, infelizmente. Quando será que aprenderemos com os erros do passado?




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