#NãoVaiTerGolpe: Jornalistas fazem manifesto em defesa da Democracia e dos Direitos Sociais
março 26, 2016
Jornalistas dos mais diversos
veículos de comunicação, empresas e órgãos públicos – sejam eles independentes,
blogueiros ou ligados a grandes corporações, estão divulgando um Manifesto
Online em Defesa da Democracia e dos Direitos Sociais. Na visão de
muitos profissionais da imprensa, existe sim uma tentativa orquestrada entre
empresários e políticos para pressionar a presidente Dilma Rousseff a renunciar
com a tentativa de pedido de impeachment.
Os jornalistas que assinaram e
criaram o manifesto entendem a importância da luta pelo fim da corrupção e do
direito legitimo de manifestação, mas não concordam como o modo com que alguns
grupos querem tentar impor uma outra agenda política para o Brasil, tendo como
principal estratégia a divisão popular por meio da implantação do discurso de
ódio e o fim das conquistas sociais. Para assinar o manifesto, clique
aqui. Abaixo, confira o texto do
manifesto na íntegra:
Nós, jornalistas brasileiros
abaixo-assinados, vimos nos manifestar à Nação em defesa da democracia e do
Estado de Direito. Não é a primeira vez, na história republicana do Brasil, que
os jornalistas são obrigados a se pronunciar pela salvaguarda das conquistas
sociais, das políticas públicas e das garantias democráticas obtidas nas lutas
travadas, desde os primórdios da nossa nacionalidade, pelos verdadeiros
democratas e pela ampla maioria trabalhadora de nosso povo.
Três décadas após o fim do regime militar,
nos vemos novamente sob a ameaça do autoritarismo. A cada dia, crescem os
sinais de que está em curso um golpe de Estado contra a presidente Dilma
Rousseff, eleita de forma legítima e democrática, e que, a despeito de qualquer
crítica que se faça a seu governo, não está ligada a nenhum fato que dê base
legal a um pedido de impeachment.
No entanto, parlamentares que
acumulam denúncias de corrupção, como Eduardo Cunha, e alguns dos principais
partidos políticos do país já contabilizam votos no Congresso Nacional com esse
intuito e negociam abertamente um futuro governo, num clima de golpismo
institucionalizado. Em nome do combate à corrupção, a Operação Lava Jato
atropela garantias constitucionais duramente conquistadas, como a neutralidade
do Judiciário, o direito ao devido processo legal e a presunção de inocência.
A hostilidade crescente nas redes
sociais extravasa para as ruas, e o convívio plural e civilizado no espaço
público, que em tempos recentes havia avançado bastante, já se turva. Queremos
romper esta teia de ódio! Lembramos que o combate à corrupção também apareceu
como pretexto para o golpe de 1964. A memória nacional não pode ser tão curta.
Repudiamos a corrupção e exigimos a punição de corruptos e corruptores, mas
sempre com respeito às regras do Estado Democrático de Direito. Não aceitamos o
retrocesso. Para nós, a democracia é um valor supremo, irmão da soberania
popular.
Defendemos os direitos sociais - o
patrimônio público, as reservas de petróleo do pré-sal, as empresas estatais,
os direitos trabalhistas, os avanços contra o racismo e o machismo, a redução
da miséria e da desigualdade - ameaçados pelos adversários da democracia,
muitos dos quais são notórios corruptos. Como jornalistas profissionais,
denunciamos o papel nefasto que as grandes empresas de comunicação têm desempenhado
na presente crise.
Beneficiadas pela falta de
regulamentação do artigo 220 da Constituição, que proíbe os monopólios no
setor, utilizam sua posição no controle da mídia como ponta-de-lança na
ofensiva política contra o governo federal, em defesa dos interesses econômicos
das elites nacionais e estrangeiras e dos partidos políticos que as
representam.
Essas empresas transformam seus
veículos noticiosos em alto-falantes para que fontes ocultas no aparelho de
Estado alardeiem vazamentos seletivos de informação, visando a destruir
reputações e a soterrar o direito de defesa. Quando criticadas, usam como
escudo a liberdade de imprensa, mas negam a seus jornalistas - empregados
assalariados - a cláusula de consciência, que permitiria a cada qual se recusar
a agir contra a ética e em defesa da rigorosa apuração jornalística e da
verdade dos fatos. Assim, multiplicam-se casos de profissionais assediados por
determinações superiores e obrigados a se subordinar a orientações com as quais
não concordam para manter seu sustento.
Não podemos nos conformar com o clima
de intimidação reinante em diversas redações. Trabalhamos pela pluralidade na
mídia impressa, falada, televisada e na internet, por um jornalismo ético e de
qualidade, pelo respeito ao direito social à informação e ao operário da
notícia, o jornalista. Neste momento tormentoso, vamos nos manter a todo custo
nas trincheiras da luta democrática e social. Queremos ao nosso lado todas e
todos os que mantêm apreço pela democracia e pelos avanços que apontam para um
Brasil mais justo, mais desenvolvido, mais independente e mais soberano.
Vamos nos somar, nas ruas, aos que se
opõem ao impeachment e a outros meios ilegítimos com os quais pretendem
derrubar o governo que resultou de eleições legítimas. Não vamos deixar que nos
calem. Não ao golpe! Viva a democracia! Subscrevem: Altamiro Borges
(coordenador do centro Barão de Itararé), Audálio Dantas (jornalista e
escritor), Celso Schröder (presidente da Federação Nacional dos Jornalistas),
Fernando Morais (jornalista e escritor),Fred Ghedini ( ex-presidente do
Sindicato dos Jornalistas de São Paulo) Igor Fuser (jornalista e professor
universitário), Laura Capriglione (Jornalistas Livres), Laurindo Lalo Leal
Filho (Jornalista e escritor), Maria Inês Nassif (Colunista política, editora
da Carta Maior em São Paulo), Mauro Santayana (Jornalista) Paulo Moreira Leite
(jornalista TV Brasil) Paulo Zocchi (presidente do Sindicato do Sindicato dos
Jornalistas SP), Rodrigo Viana (Jornalista) Rose Nogueira, (ex-presidente do
grupo Tortura Nunca Mais) Vilma Amaro (presidente do grupo Tortura Nunca Mais)
Diretores do Sindicato dos Jornalistas de SP: André Freire, Cândida Vieira,
José Eduardo Souza, Lílian Parise, Vitor Ribeiro, Ana Flávia Marx, Evany Sessa,
Telé Cardin, José Augusto Camargo, Vladimir Miranda Priscila Chandretti, Ana
Minadeo, Thiago Tanji, Edvaldo Almeida (Vale), Agildo Nogueira (Campinas),
Ricardo Vital, Raul Varassim, Michele Barros, Fernanda Andrade (Vale), Carlos Bazilevski
(ABCD), Peter Suzano (ABCD), Glauco Braga (Santos), Marcos Alves (Campinas),
Fabiana Caramez (Sorocaba), Paulo Botão (Piracicaba), Luís Victorelli (Bauru),
Joana Bandão (Bauru), José Pimenta (Ribeirão Preto) Flávio Carranza.
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