Campanha #HomensRisque debate o machismo na publicidade

março 28, 2015



O que há de errado na publicidade brasileira? Em um curto intervalo de tempo, vimos campanhas desastrosas colocadas no ar por ignorar a igualdade de gêneros e por defender abertamente o machismo. Nas redes sociais, a resposta à essa grosseria travestida de campanha tem sido intensa, mas ao que parece foram ignoradas pelas agências.

No carnaval deste ano, por exemplo, tivemos o caso da Skol que gerou um meme super negativo para a marca por incentivar as mulheres a “esquecerem o não em casa” quando fossem brincar na folia. Fala, sério!? A reação foi imediata e mostrou que as mulheres estão cansadas de serem tratadas como objeto nas peças publicitárias.

Depois teve o episódio infeliz do site de camisetas do apresentador Luciano Huck com apologia explícita ao abuso sexual infantil. O site vendia uma camiseta com uma modelo infantil com a frase: “Vem nimim que eu tô facim”. O apresentador teve que vir a público se desculpar pelo descuido e a loja virtual está fora do ar desde então.

Mas, recentemente, a marca de esmaltes Risqué foi além e criou a campanha “Homens que Amamos” para homenagear as atitudes dos homens que as mulheres mais gostam. Como assim, Brasil? Um produto teoricamente feminino (apesar de existir homens que usam esmalte...nada contra), rebaixa a auto estima da mulher a reforça que ela tem que ficar feliz com gestos tipicamente sexistas.
Foto: Reprodução.

“Fulano de tal mandou mensagem”. “Cicrano fez o jantar”. “Beltrano enviou flores”. Entre outras tantas baboseiras que foram colocadas como nomes de cores de esmalte na campanha “Homens que Amamos”. Socorro! Mas, será que a publicidade brasileira está em crise criativa ou o machismo tomou conta das cabeças pensantes? Será que em pleno século XXI, não existe preocupação da marca e dos criadores de não estimular o preconceito?

Há quem diga que algumas campanhas são feitas para gerar mesmo esse buzz negativo, para dar visibilidade para a marca e depois, quando o assunto esfriar, ela vem a publico com uma campanha mais neutra e que faça com que o público se esqueça do “mico” anterior. Tenho as minhas dúvidas se isso realmente procede. Pela reação nas redes sociais, as mulheres estão cansadas deste sexismo na publicidade.

Inclusive, a agência Pública fez uma excelente reportagem sobre o assunto, muito antes deste episódio da Risqué. O texto mostra claramente que a publicidade é machista porque os diretores/criadores têm ideias machistas. E as mulheres que não se submetem a esta ideologia são excluídas do mercado.

Diante disso, já passou da hora de uma revolução, do empoderamento feminino e de igualdade de gênero. Abaixo, confira um interessante vídeo do jornalista e vlogger Chico Rezende sobre a infeliz campanha da Risqué. É para pensarmos que o problema não está na publicidade ou na marca, mas sim em quem está na parte “criativa” do processo de divulgação. Assista:






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Jornalista



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2 comentários

  1. Os ativistas deveriam começar a se perguntar se essas atitudes dos publicitários não estão sendo feitas de propósito: afinal, a Risqué ganhou uma exibição gratuita bastante pesada somente com os protestos internet afora.

    Agora, a repercussão foi negativa? Acho que não: as atitudes masculinas elencadas na propaganda são do tipo que muita mulher romântica gosta em seus companheiros, ainda que as feministas desejem ouvir algo do tipo "Paulo elogiou seu projeto" ou "José Pedro disse que as negras são injustiçadas" ou "Edson defendeu a política de cotas".

    Pode ser libertador? Pode. Mas, definitivamente, não é romântico.

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    1. Oi, Fábio! Levanto justamente essa bola no post. Acredito que criar uma polêmica pode ser uma estratégia, infelizmente. Mas cabe ao público se posicionar em relação às campanhas quando se sentirem ofendidos ou desprestigiados. Não acho que a reclamação é só coisa de ativista....é responsabilidade social. Um forte abraço.

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