Jornalistas se unem para denunciar os anos de censura em Minas Gerais

outubro 16, 2014



Na última quarta-feira-feira (15/10), jornalistas, comunicadores e educadores mineiros se reuniram no Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais (SJMG) para denunciar os anos de censura em Minas Gerais por meio da gestão tucana. Nos últimos anos, graças a uma verba publicitária mensal em torno de R$ 96 milhões, vários veículos mineiros se calaram para não denunciar a real situação do Governo de Minas.

Nos últimos 12 anos, os jornalistas que eram contra a esta medida coercitiva do sofriam assédio moral ou eram demitidos. A censura velada acontecia com o objetivo de apenas promover as ações do governo estadual e, com isso, inibir quaisquer atividades de oposição, greve organizada por sindicatos ou reinvindicações de mobilização social. Veja como foi o encontro no vídeo abaixo:



Inclusive, pautas relacionadas às Casas Legislativas mineiras só eram abordadas com o objetivo de denuncia. Além disso, a cobertura policial [baseada na tragédia e no denuncismo] ganhou força e muito mais espaços nos veículos, apesar de ser proibida mostrar os números que comprovem aumento da violência. O encontro também serviu para denunciar a invisibilidade da cobertura jornalística no interior de Minas que nem sempre mostra a realidade do povo.

A grosso modo, o encontro no Sindicato dos Jornalistas surgiu como uma resposta afirmativa à pressão que jornalistas mineiros sofreram na intranet do Diários Associados ao serem convocados a participar mais da campanha de Pimenta da Veiga e de Aécio Neves, inclusive participando de uma caminhada na região centro-sul da capital mineira.

Nos bastidores, comenta-se ainda do clima de rebelião do jornal Estado de Minas depois que um influente editor se reuniu com 10 repórteres de gerais e política e disse abertamente aos profissionais que a cobertura do 2º turno deveria ser pró Aécio Neves e que se o neto de Tancredo Neves não ganhasse, oito destes jornalistas estariam demitidos após a consolidação dos votos nas urnas no próximo dia 26 de outubro.

Outro ponto curioso na mídia impressa é que nesta semana Aécio Neves aparece em várias capas de revista simultaneamente, além da ampla abertura que os veículos de São Paulo estão dando a ele. Até em campanhas de intenção de voto, não se furtam em mostrar Aécio Neves na frente das pesquisas ou com amplo espaço para “matérias positivas”. O fato é que os jornalistas mineiros se posicionaram contra a esta censura. E isso é um marco histórico! Abaixo, confira a NOTA aprovada pelos jornalistas de Minas no encontro no Sindicato:

Alerta ao Povo Brasileiro

Nós, jornalistas mineiros reunidos na noite de 15 de outubro de 2014, em Belo Horizonte, vimos manifestar à sociedade brasileira as nossas apreensões quanto ao grave momento vivido pelo país às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais:

1. Estarrecida, a opinião pública mineira e brasileira deparou-se nos últimos meses com uma escalada da cobertura jornalística das eleições pelos meios de comunicação em claro favorecimento de candidaturas à Presidência da República, seja por meio da manipulação de informações políticas e econômicas, seja pela concessão de espaços generosos a um candidato em detrimento dos outros. Tais fatos, públicos e notórios, são sobejamente atestados por instituições de pesquisa e monitoramento da mídia, revelando uma tentativa de corromper a opinião pública e de decidir o resultado das urnas.

2. Infelizmente, tais práticas antidemocráticas, que atentam contra os princípios constitucionais da liberdade de expressão e manifestação e do direito à informação, fizeram parte do cotidiano da comunicação em Minas Gerais, atingindo nível intolerável nos governos de Aécio Neves. A atividade jornalística e a atuação dos profissionais foram diretamente atingidas pelo conluio explícito estabelecido entre o governo e os veículos de comunicação, com pressão sobre os jornalistas e a queda brutal da qualidade das informações prestadas ao cidadão mineiro sobre as atividades do governo. Tais pressões provocaram censura e mesmo demissões de profissionais e uma permanente tensão nas redações. E quebraram as históricas vocações e compromissos de Minas com a liberdade de pensamento e de ideias, traços distintivos da formação e das tradições históricas do estado.

3. Diante do exposto e por dever do ofício, nós, jornalistas mineiros, alertamos a sociedade brasileira sobre os riscos que tais práticas representam para a Democracia, para o Estado de Direito e para os direitos individuais e políticos dos cidadãos. Reafirmamos que a essência da atividade do jornalista é a liberdade de expressão e manifestação, assegurando o direito da sociedade à informação, livre e plena.


Belo Horizonte, 15 de outubro de 2014







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