#BAD2014: Acesso à internet ainda é desigual em várias regiões do Brasil

outubro 15, 2014



A internet democratiza a informação, mas ainda é uma plataforma de comunicação bastante desigual. E a principal causa desta desigualdade não é apenas o “analfabetismo digital”, mas sobretudo ao acesso à banda larga, ao 3G/4G ou, até mesmo, à internet discada em regiões mais remotas. Nesta semana, durante o #BlogActionDay2014, o Café com Notícias quer debater a desigualdade ao acesso à internet no mundo.

Segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), o Brasil possui 85,9 milhões usuários de internet, destes 42,5 milhões acessam a web via dispositivos móveis, como celulares e tablets. O número, apesar de alto, não reflete ainda o número total da população brasileira estimada de 201.032.714 milhões de habitantes, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ou seja, nem todo mundo tem internet: seja por não ter acesso ao serviço, seja por ser muito caro. Infelizmente, o Brasil tem uma das banda largas mais caras do mundo e a qualidade do serviço nem sempre é boa. Sem contar que o 4G ainda é uma tecnologia distante: são poucos os lugares que desfrutam do serviço com a qualidade esperada.

Aqui mesmo em Belo Horizonte, tem regiões que passam por verdadeiro apagão digital, principalmente por conta da falta de investimento das operadoras de telefonia na melhora das telecomunicações. Tem dias que no centro de BH, o celular fica sem linha ou o 3G não funciona por horas ou dias.

E mais do que isso: tem vários lugares na Grande BH que só existe uma opção de provedor de internet e de telefonia móvel. Ou ainda, um reflexo mais triste: regiões mais pobres que não tem nenhum acesso a serviços básicos, como água, luz e, quiçá, telefone e internet. E é neste ponto que a internet é desigual: nem todo mundo tem acesso a todos os benefícios que a mesma pode proporcionar.

E a questão fica ainda mais latente com o fomento da Internet das Coisas. Se no futuro não tão distante, todos os produtos serão conectados à internet, como eles funcionarão com a qualidade ruim que temos nas telecomunicações no Brasil? Com toda certeza, este é o maior obstáculo e o principal fator discriminatório: só as classes mais altas consomem a tecnologia com a qualidade que ela oferece.

Talvez, se você mora em um grande centro urbano, em um bairro de classe média alta ou em um condomínio fechado voltado para a elite, não sinta esta dificuldade de acesso à internet. Mas imagina em um mundo em que a TV, a geladeira, o carro, o relógio, enfim, a casa, será comandada pela internet: como isso será possível se o acesso é tão desigual?
Instalação do "Google Loon" na Nova Zelândia. Foto: Google Inc. / Reprodução.

Uma iniciativa que pode mudar este panorama é o Google Loon, que são nada mais, nada menos, do que balões de Wi-Fi movidos a gás hélio e a energia solar, que irão ofertar, de forma gratuita, acesso à internet 3G/4G de altíssima velocidade, principalmente para regiões onde o acesso à internet é um fator de desigualdade social.

No ano passado, testes foram realizados na Nova Zelândia, no Quênia e na África do Sul. No início deste ano, com o apoio da Telebrás, o povoado de Cacimba Velha, situado a 18 km de Teresina, no Piauí, também recebeu um teste do Loon aqui no Brasil.

Ainda sem prazo de implantação, o projeto audacioso é, sem dúvida, uma resposta à falta de investimento das empresas de telecomunicações nestas áreas e, por que não dizer, de interesses econômicos/empresariais que enxergam a internet como concorrente dos veículos tradicionais, e não como convergentes.

É claro que para o Google é interessante o mundo todo ter acesso à internet para que ele consiga expandir ainda mais os seus domínios na web e, principalmente, nos dispositivos móveis com a plataforma Android. Não sejamos tolos: o preço desta tecnologia é o fortalecimento do monopólio mundial da Google Inc. Será que teremos que pagar este preço?

Enfim, a discussão é ampla e muito necessária. A democratização ao acesso da internet permite que mais pessoas tenham alcance à informação, ao debate, ao entretenimento e, principalmente, à educação. Talvez, esteja aí na educação o maior interesse de que o acesso à internet não seja universalizado: o controle. Uma sociedade crítica é mais difícil de manipular.






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Wander Veroni
Jornalista



MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

1 comentários

  1. Oi Wander,
    Tb estou participando desta postagem e abordei um outro lado da desigualdade.
    big beijos

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