Antonio Carlos Andrada fala sobre 31º Congresso Mineiro de Municípios

maio 02, 2014

O presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM) e prefeito de Barbacena, Antonio Carlos Andrada, fala sobre o 31º Congresso Mineiro de Municípios. Foto: Divulgação.


Debater a influência da participação popular nas decisões políticas, o cenário econômico brasileiro, além dos desafios da educação e da saúde pública no âmbito municipal. Esta é a proposta do 31º Congresso Mineiro de Municípios, que acontece entre os dias 06 e 08 de maio, no Expominas, em Belo Horizonte. Para se inscrever gratuitamente, clique aqui.

Promovido pela Associação Mineira de Municípios (AMM), o evento terá mais de 21 salas técnicas que serão realizadas simultaneamente. Entre os palestrantes convidados, estão os jornalistas Clóvis de Barros Filho, Carlos Sardenberg e William Waack. Na oportunidade, também será realizada a entrega da Medalha do Mérito Municipalista e o Prêmio Mineiro de Boas Práticas na Gestão Municipal.

Para falar mais sobre o 31º Congresso Mineiro de Municípios, o Café com Notícias conversou com presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM) e prefeito de Barbacena, Antonio Carlos Andrada. No bate-papo, ele falou sobre também sobre o Pacto Federativo e a questão das manifestações populares. Acompanhe a entrevista:

1) O Congresso Mineiro de Municípios está na sua 31ª edição. Como foi pensado o formato desta edição e o que público pode esperar de novidade?

Em função do sucesso crescente dos Congressos realizados pela AMM, adotamos o mesmo formato em 2014, com algumas adequações. Mas trazemos para a discussão assuntos muito atuais, como, por exemplo, o movimento das ruas, que é, inclusive, o tema do Congresso este ano. Teremos durante os três dias uma intensa programação, pautada nas principais demandas municipais.

São mais de 20 salas técnicas que informam e capacitam gestores municipais sobre áreas estratégicas para o desenvolvimento das cidades. Abordaremos, por exemplo, temas relacionados à transparência, participação popular, captação de recursos, mobilidade urbana, novas tecnologias, consórcios públicos, saúde, enfim, vários assuntos fundamentais para os gestores. 

Teremos também as Conferências, que são palestras com grandes nomes no cenário nacional. Este ano receberemos no primeiro dia o Senador Aécio Neves, que falará sobre os desafios do Brasil e o papel dos municípios neste cenário. No segundo dia o jornalista Clóvis de Barros Filho discutirá a questão da ética na comunicação.

E o âncora da CBN, Carlos Sardenberg, economista consagrado, falará sobre o cenário econômico brasileiro e as suas consequências no processo político. No último dia teremos a participação do jornalista da Rede Globo William Waack, que abordará justamente o tema central do Congresso, que é o movimento das ruas, analisando os impactos disso na gestão pública brasileira.

E para ampliar ainda mais a troca de ideias teremos um Painel com a participação de nomes importantes no cenário político mineiro, como o Senador Clésio Andrade, o Prefeito de Belo Horizonte Marcio Lacerda e os ex-Ministros  Pimenta da Veiga e Fernando Pimentel.

O Congresso será também palco de reconhecimentos. Personalidades que trabalharam para o desenvolvimento das cidades serão homenageados com a medalha do Mérito Municipalista. E também faremos a entrega do Prêmio Mineiro de Boas Práticas na Gestão Municipal. Será um evento muito amplo e muito rico para os municípios mineiros.
Palco principal e stands do 31º Congresso Mineiro de Municípios, no Expominas. Fotos: Divulgação.

2) Um dos temas que será abordado no Congresso é a questão da participação popular nas decisões municipalistas. Na sua avaliação, como a população pode se envolver mais com as questões da cidade?

Hoje existem muitas leis que regulamentam o trabalho do administrador público como as leis de Transparência e Governança, de Combate à corrupção, de Responsabilidade Fiscal, entre outras.

A legislação obriga os gestores a dar a informação à população e registrar todas as suas atividades, e disponibilizá-las eletronicamente. O avanço da informática facilitou a circulação e acesso às informações, e isto precisa ser aproveitado pela população, como uma ferramenta eficiente de participação.

Existem várias formas da população participar mais ativamente da vida pública, desde o processo eleitoral quando o povo escolhe seus dirigentes,  e depois, por meio das ouvidorias, das audiências públicas ou mesmo do orçamento participativo. Cabe ao cidadão se informar e querer se envolver com os problemas reais da sua cidade.

3) Assim como na Copa das Confederações, vários segmentos da sociedade estão preparando manifestações no período dos jogos da Copa do Mundo. Dentro deste contexto, como os gestores e administradores municipais podem se preparar para evitar que a participação popular acabe em violência?

As manifestações políticas e sociais são sadias e necessárias até quando imbuídas do espírito democrático. Na democracia prevalece a liberdade de expressão, que é direito inalienável. Mas o direito de cada cidadão não pode simplesmente se sobrepor à toda coletividade, cerceando direitos básicos de ir e vir, impedindo que serviços públicos essenciais funcionem adequadamente e sejam prestados.

É preciso conciliar o direito de cada um manifestar-se com as condições de funcionamento das cidades, e em respeito às pessoas que não desejam se envolver em determinados protestos. Os cidadãos devem ter preservados o direito de participar e de não participar, essa é a questão de fundo.

A violência, as agressões, as depredações são distorções graves que precisam ser coibidas. Quem utiliza da força não quer protestar ou reivindicar, mas impor seu ponto de vista. E isso não é democrático. Neste campo, além da conscientização da comunidade, os gestores municipais não têm muitos instrumentos para agir, porque as forças de segurança pública são órgãos constitucionalmente pertencente aos Estados e União Federal.

4) Os jornalistas Clóvis de Barros Filho, Carlos Sardenberg e William Waack também vão participar do Congresso. Como foi feito o convite e pensado a participação de cada um deles?

Buscamos pessoas que pudessem trazer uma discussão bem embasada sobre temas que tínhamos interesse em abordar. O Clóvis de Barros Filho, por exemplo, é autoridade quando o assunto é ética na comunicação. E um encontro como este é a oportunidade para provocar a reflexão dos participantes.

O Carlos Sardenberg é um jornalista renomado e considerado como referência em jornalismo econômico. Pela natureza da sua atividade, ele acompanha diariamente os fatos econômicos e o impacto deles nas cidades e na vida do cidadão.

E o William Waack tem uma percepção muito apurada dos movimentos sociais. Como correspondente internacional ele cobriu momentos históricos em que as pessoas foram para as ruas fazer as mais diversas reivindicações. Ele é certamente um dos nomes mais preparados para refletir sobre as manifestações e passar essas impressões aos gestores municipais.
Antonio Carlos Andrada fala sobre o 31º Congresso Mineiro de Municípios. Foto: Divulgação.

5) Um dos assuntos abordados no Congresso é o pacto federativo entre Estados e municípios. Qual é o panorama que temos hoje e como melhorá-lo?

Atualmente, a União Federal concentra quase 70% dos recursos financeiros do país. Aos mais de 5.500 municípios brasileiros são destinados poucos recursos, que mal cobrem as despesas de custeio.

Isto gera uma distorção enorme, porque o dinheiro fica muito longe dos problemas, e o caminho para obter recursos é um verdadeiro labirinto burocrático, que muitos municípios não conseguem vencer. Além disso, há a lentidão, exigências legais, custos com viagens à Brasília-DF, enfim, uma longa lista de obstáculos.

Não dá para governar um país com as dimensões continentais do Brasil desta forma. Esse sistema injusto e ineficiente trava as soluções simples nas áreas sociais, de saúde, de educação, de lazer e tantas outras que estão sob a responsabilidade dos municípios.

A revisão do Pacto Federativo para dotar os municípios de instrumentos fortes de ação, com recursos próprios, descentralizando os programas e assegurando maior transparência, dará mais agilidade ao processo administrativo e maior legitimidade nas decisões.

6) No Congresso também haverá a entrega da “Medalha do Mérito Municipalista” e a entrega do “Prêmio Mineiro de Boas Práticas na Gestão Municipal”. Fale um pouco desses dois prêmios e o que ele representa para os gestores municipais?

O Prêmio Mineiro de Boas Práticas e a Medalha do Mérito Municipalista são duas maneiras de reconhecer o trabalho feito em prol dos municípios mineiros, e de divulgar práticas que podem servir de inspiração para outras cidades. A Medalha é considerada o maior reconhecimento municipalista do Estado.

São contempladas a entidades e personalidades que se dedicaram ao desenvolvimento dos municípios. Já o Prêmio Mineiro de Boas Práticas, que é uma iniciativa pioneira da AMM, tem o objetivo de envolver a administração pública municipal em novos caminhos que possam conduzir à modernização.

As Prefeituras sempre ganham ao se candidatar, porque participam do processo de avaliação da prática inscrita, que apresenta todas as oportunidades de melhorias vistas daquela ideia. E os demais gestores podem analisar se as práticas vencedoras podem ser adaptadas para os seus municípios.






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