#CaféEntrevista: William Corrêa fala sobre o novo momento do jornalismo da TV Cultura

fevereiro 10, 2014

O jornalista mineiro William Côrrea apresenta o Jornal da Cultura,
da TV Cultura, em São Paulo. Foto: 
Jair Magri / Divulgação.


O jornalismo da TV Cultura vive um novo momento. E a proposta atual é buscar uma linguagem cada vez mais próxima do telespectador. O responsável por essas mudanças – e muitas outras que ainda vão estrear, é o jornalista mineiro William Corrêa.

Além de ser coordenador geral de jornalismo da TV Cultura, ele é âncora do Jornal da Cultura, noticiário exibido às 21h, e que tem registrado um aumento significativo de audiência. Antenado as redes sociais, o noticiário possui perfil no Twitter, fan page no Facebook e um canal no YouTube onde é possível assistir o telejornal na íntegra.

Dentre as novidades que o telespectador já pode acompanhar é a parceria entre a TV Cultura e a Rede Minas. Além de produzirem conteúdo em conjunto e ter apresentadores/jornalistas mineiros revezando na folga dos titulares paulistas, a emissora pública mineira passa a exibir, ao vivo, o Jornal da Cultura e o Roda Viva.

Para falar sobre esta e outras novidades, o Café com Notícias conversou com exclusividade com o jornalista William Corrêa. Ele, que já trabalhou nas principais redes de TV aberta do país, ficou afastado dois anos da TV brasileira por conta do convite de remodelar a TV Zimbo, em Luanda, a única TV privada da Angola, na África. Abaixo, confira a entrevista:

1) Como surgiu o convite para ir para TV Cultura e assumir o principal telejornal da casa, além do núcleo de jornalismo?

O convite para fazer parte da equipe da TV Cultura foi feito pelo próprio presidente da TV, Marcos Mendonça. Na verdade, o trabalho se resumia apenas à direção do jornalismo. Mas, como a apresentadora Maria Cristina Poli pediu afastamento do telejornal, por questões pessoais, assumi a bancada do Jornal da Cultura de forma temporária. A mudança gerou ganho de audiência e como consequência a minha permanência na condução do noticiário.

2) O Jornal da Cultura já teve muitos formatos e tem como concorrente direto a novela das 9 da Rede Globo. Como foi pensado e estruturado esta nova fase do noticiário?

Hoje, com a presença cada vez maior da internet na vida das pessoas, sabe-se que o telespectador tem acesso a notícia muito antes dela ser apresentada na TV. E no caso específico do Jornal da Cultura, que vai ao ar depois da exibição de vários telejornais de emissoras concorrentes, o formato tradicional teve que ser repensado.

A emissora passou a apresentar um noticiário mais analítico, com bancada de comentaristas. Além das reportagens factuais, damos aos telespectadores uma informação mais ampla, com diversos pontos de vistas de especialistas. Desde dezembro do ano passado, a TV Cultura vem ampliando a sua transmissão, com a consolidação de parcerias com várias TVs do Brasil. O trabalho expandiu ainda mais a cobertura jornalística da emissora.

Passamos a contar com equipes no Ceará, Rio Grande do Norte, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Amazonas e, mais recentemente, em Minas Gerais (Rede Minas). A ampliação segue este ano para praças como Rio de Janeiro, Bahia etc.

3) Você acredita que o público está procurando um outro modelo de telejornalismo?

O telespectador está sempre em busca do novo. O formato tradicional dos telejornais, com leitura de “cabeças” pelos apresentadores seguidas de exibição de reportagens, até pelo seu uso ao longo do tempo, já não desperta tanto interesse nas pessoas que estão do outro lado da tela e tem acesso irrestrito a um mundo de informações na web. Elas agora buscam um fato a mais, diferente, uma comunicação mais interativa, uma via de mão dupla.

As pessoas almejam uma apresentação mais humana, mais intimista, algo raro de se ver na televisão brasileira. Buscamos apresentar o Jornal da Cultura de forma descontraída, como se estivéssemos sentados na sala da casa deste telespectador.

E os nossos comentaristas são conduzidos a trazer uma informação nova, que não está na reportagem e na pauta do dia, fruto da experiência pessoal de cada um. Além do mais, o jornalismo da Cultura não apresenta notícias sensacionalistas que buscam meramente audiência.
Além de ser assumir a bancada do noticiário, William Côrrea é coordenador
geral de jornalismo da TV Cultura
Foto: Jair Magri / Divulgação.

4) Recentemente, uma pesquisa apontou a TV Cultura como a segunda emissora de maior qualidade no mundo, atrás apenas da BBC One. O que isso representa?

É o maior prêmio que a TV Cultura poderia receber: um levantamento feito por uma das emissoras mais respeitadas do mundo, a BBC de Londres. A cultura tem a missão de fazer uma programação educativa de qualidade. Prova disso, é que a nossa audiência vem registrando aumento a cada dia. 

E para nós, que estamos envolvidos no cotidiano da emissora, é uma grande satisfação receber esta classificação da pesquisa britânica e um motivo a mais para nos mantermos no caminho em busca de qualidade na programação.

Manter a marca do ponto de vista editorial é um desafio animador. O telejornalismo em si já é desafiador. O seu fechamento, sua cobertura, a definição das pautas.

A TV Cultura sempre teve a marca de um jornalismo sério, comprometido com a informação verdadeira e precisa, ouvindo os diversos lados da notícia. Acredito que a indicação feita pela BBC tem correlação direta com este perfil histórico do nosso jornalismo.

5) Além de âncora do Jornal da Cultura, você também assumiu a coordenação geral de jornalismo da TV Cultura. O que o telespectador pode esperar de novidades?

Este ano, vamos dar um “banho de loja” em todos os programas de nossa responsabilidade que estão na grade: Jornal da Cultura Primeira Edição, JC Debate, Repórter Eco, Cartão Verde, Jornal da Cultura, Matéria de Capa e Roda Viva. Apresentaremos novos cenários e vinhetas e, também, vamos aumentar ainda mais a cobertura jornalística. Temos projetos, inclusive, para ter correspondentes em outros países. Estão programadas ainda estreias de programas sobre esporte, economia e política, além da cobertura da Copa do Mundo e Eleições.

6) Como surgiu esta parceria entre a TV Cultura e a Rede Minas e quais as novidades que o público terá com isso?

Como se trata de um acordo fechado entre os presidentes das emissoras (Rede Minas e TV Cultura) só participei do processo quando já estava sendo concluído. Mas posso destacar que esta parceria surgiu por uma questão técnica. De acordo com o Presidente da Rede Minas, Júlio Miranda, havia uma diretriz do Conselho Curador da emissora mineira em diversificar as fontes, retransmitindo assim o sinal da TV Cultura em Minas Gerais.

O Presidente da Rede Minas também queria transmitir programas de grande credibilidade como o Jornal da Cultura e o Roda Viva. E para nós da TV Cultura consolidamos um desejo em transmitir os nossos noticiários, em TV aberta, para Minas Gerais.
Diferentes fases e formatos que o Jornal da Cultura já teve desde a sua
estreia em 1986, na TV Cultura. Fotos: TV Cultura / Divulgação.

7) Você é mineiro de Montes Claros e tem uma trajetória de sucesso no telejornalismo mineiro. Durante este tempo que você deixou a TV mineira, você chegou a assumir a direção geral da TV Zimbo, em Angola. Como foi esta experiência e o que te levou a voltar para o Brasil?

Estou sempre em busca de novos desafios. O fato é que fui convidado para remontar uma televisão em Luanda, capital de Angola. A única TV privada do país. Elaborei um projeto e defini uma meta. Em dois anos, conseguimos alcançar os resultados almejados.

Como atingi os objetivos contratuais, voltei ao Brasil, apesar do desejo dos contratantes em me manter a frente da direção da TV Zimbo. Foi uma experiência impar em um país carente de mão-de-obra, principalmente, na área de TV.

Criamos não só um novo conceito para a TV Zimbo, como montamos (minha equipe e eu) toda a infraestrutura da emissora angolana. Construímos um novo prédio, moderno até para os padrões brasileiros, montamos toda a técnica da emissora desde estúdios, central técnica e switcher até a parte de transmissão. Departamentos, como financeiro, comercial, programação, foram readequados e outros criados como marketing, cenografia e arte. 

8) Ao voltar para o Brasil, você sentiu alguma mudança na TV brasileira ou não, não só na questão profissional, mas sobretudo como telespectador?

Como fiquei apenas dois anos em Angola, não houve nenhuma mudança significativa na TV Brasileira. Destaco apenas que algumas TVs, no desespero em conquistar mais telespectadores, investem em programas sensacionalistas, policiais. Considero isto um erro por ser um formato que está muito desgastado. Podemos ser um pouco mais criativos na busca por programas com apelo de audiência e com bom conteúdo.

9) A internet e, principalmente, as redes sociais, estão influenciando cada vez mais o jornalismo. Você tem perfis nas redes sociais? Acredita que elas possam ajudar o jornalismo a ter um contato mais próximo com o público?

A internet tanto pode ser usada para o bem quanto para o mal. Como fonte de informação é um grande veículo. E ela tem auxiliado, cada vez mais, os jornalistas na produção de pautas e de reportagens.

Agora, sobre o meu perfil nas redes sociais. Apesar de ser um apresentador e estar todos os dias exposto na casa dos telespectadores, gosto de manter reservas em relação a minha vida pessoal. A TV Cultura possui páginas nas redes sociais, o que é suficiente para nos aproximar mais do nosso telespectador.

10) Qual a orientação que você passa para os jornalistas da TV Cultura em relação ao uso (tanto pessoal, quanto profissional) das redes sociais? Há uma preocupação de tentar aproximar mais o público das redes com o conteúdo produzido pela emissora?

Queremos saber da opinião dos nossos telespectadores. O que eles pensam sobre política, economia, cultura... O que eles esperam da programação da TV Cultura. E as redes sociais nos permitem esta aproximação. No caso do Jornal da Cultura e do Roda Viva, usamos o Twitter e o Facebook para agregar valor ao nosso debate com as perguntas dos internautas/telespectadores. Isto tem sido também um diferencial dos noticiários da Cultura.





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Jornalista

MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

1 comentários

  1. Bom dia, Wander!
    É precisamos reinventar o jornalismo.
    Grande abraço,

    Zilda Assis
    www.porquegenteeassim.blogspot.com.br

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