Obituário – Morre Nelson Ned, o pequeno gigante da música
janeiro 05, 2014
Um talento de Minas Gerais para o mundo. Faleceu na manhã deste
domingo (05/01), em Cotia, na Grande São Paulo, o cantor Nelson Ned d'Ávila Pinto, mais conhecido como Nelson Ned, aos 66 anos.
O artista foi cremado por volta das 21h no Cemitério Horto da Paz,
em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo. Na cerimônia, compareceram o ator
e cantor Moacyr Franco e familiares de Ned. O cantor Aguinaldo Timóteo enviou
um coroa de flores.
Autor e intérprete do sucesso “Tudo passará”, Ned estava internado
desde o dia anterior por conta de uma pneumonia. Além disso, o cantor tinha
diabetes, problemas de locomoção e de cognição, em decorrência de um acidente
vascular cerebral (AVC) sofrido em 2003.
De acordo com a irmã do cantor, Neuma Nogueira, que cuidava dele
em São Paulo, Nelson Ned teve infecção pulmonar e urinária e não respondeu ao
tratamento.
No ano passado, o jornal Estado
de Minas revelou em uma reportagem que o artista
estava morando em uma clínica de resistência assistida. Ele teria
deixado o local por alguns dias para visitar as irmãs e lembrava com carinho do
passado de sucesso.
Natural de Ubá, Minas Gerais, Nelson Ned ficou conhecido em todo o
Brasil a partir da década de 1960 por interpretar músicas românticas. Nos anos
1990, resolveu se dedicar também à música evangélica. Ele vendeu mais de 45
milhões de discos em todo o mundo.
Com 32 discos gravados em português e espanhol, Ned ficou
conhecido por ser o primeiro artista latino a se apresentar com sucesso no
Carnegie Hall e no Madison Square Garden, ambos em Nova York. Ele chegou a
gravar em espanhol e fazer uma turnê no México e em alguns países da América
Latina.
Em 1996, lançou a biografia "O pequeno gigante da
canção", que fazia referência à sua altura, de 1,12m, apelido que foi dado
pelo ator Paulo Gracindo.
Homenagem
A minha memória em relação a Nelson Ned vem dos programas de
auditório na década de 1990, em especial aos programas de Raul Gil e Silvio
Santos. Achava curioso um homem de estatura tão baixa com aquele vozeirão todo.
Naquela época, ele era figura constante nesses tipos de programa. Assista a apresentação de Ned no Programa Silvio Santos:
E pensar que no ano passado, um dos destaques de audiência da TV
aberta, foram justamente a presença de anões em programas de auditório. Prova
de que na TV nada se cria, tudo se copia.
Fiquei triste quando reli
a matéria do Estado de Minas sobre a situação que Nelson Ned se encontrava.
Um artista que conquistou tanta coisa bacana terminar praticamente sozinho numa
clínica de repouso – que querendo ou não os eufemismos da nossa língua
minimizam.
Aos noticiários, Aguinaldo Timóteo deu uma declaração um tanto
sincera sobre a despedida do amigo que, praticamente, começaram a carreira artística
na mesma época. A reprodução é do site
G1 e sintetiza bem esse momento de despedida. Confira:
"Hoje não sei se fico triste ou
agradecido a Deus. Ele o tirou de uma situação terrível: incerteza, falta do
palco, falta de rendimento. Era um momento delicado na sua vida. Começamos juntos em Belo Horizonte. Depois, viemos para
o Rio. Fizemos sucesso quase ao mesmo tempo. E ele se tornou celebridade no
exterior. Ele sentia falta do reconhecimento.
Genival Melo, empresário que também
trabalhou comigo, fez do Nelson Ned o segundo maior ídolo da história do país,
só depois de Roberto Carlos. Genival não teve comigo o mesmo cuidado que com
Nelson. Ele o levava nas costas para os palcos da América Latina.
Há cinco anos Nelson viva um momento
delicado. Ele mesmo deve ter pedido a Jesus. Era evangélico, com músicas
maravilhosas. Tanto nas mensagens religiosas quanto nas românticas, era muito
iluminado. Mas entre a tristeza e a alegria de ter acabado o sofrimento de
Nelson Ned, eu agradeço a Deus".
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Jornalista
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