#VempraruaBH – Onda de protestos precisa ter foco para não se perder

junho 29, 2013

Foto: Hoje em Dia / Reprodução.


Assim como as outras cidades brasileiras que aderiram a onda de protestos no Brasil, Belo Horizonte também precisa de um alinhamento de discurso. Ir para rua manifestar é lindo, democrático e plural. Mas sejamos práticos: os protestos precisam de um objetivo, de uma motivação, de um ponto por melhorias locais, principalmente.

BH carece de muita coisa e, talvez na minha humilde opinião, a área de mobilidade urbana é a mais urgente. Mais investimentos no metrô, em ciclovias, em áreas para pedestres e ônibus de qualidade e mais baratos. Como cidadão, ainda tenho muitas dúvidas sobre o BRT. Não acho ele válido neste atual momento e acredito que esse dinheiro poderia ser mais útil no metrô, por exemplo.

Na última quarta-feira (26/06), com o jogo do Brasil e Uruguai no Estádio Mineirão, a região da Pampulha viveu o seu período mais trágico: a manifestação que começou pacífica da Praça 7 até a portaria principal da UFMG, na avenida Antônio Carlos, teve um saldo para lá de negativo, não só por parte dos envolvidos, mas da própria Polícia Militar. Houve mortes, feridos e cenas bárbaras de vandalismo no comércio que fica ao redor.

O que as lideranças – e os próprios manifestantes não entenderam ainda, é que a violência não é bom para o #protestoBH. Aos poucos, a adesão que as pessoas têm ao movimento vai se esvaziando. Os moradores da região próxima à UFMG ficam revoltados não com o protesto em si, mas com a quebradeira, com a onda de violência. Ninguém se sente seguro. Já passou da hora de fazer um protesto por um protesto pacífico e sem arruaceiros, que saem quebrando tudo como se fosse uma Guerra Civil.
Foto: Hoje em Dia / Reprodução.

Em artigo muito lúcido, o cientista político Rudá Ricci falou sobre a importância do aprendizado político do grupo, mas é hora de amadurecer o discurso e ver o que já foi conquistado nacionalmente e o que precisa ser conquistado de forma local, no dia-dia da cidade. Radicalizar o discurso pode ser perigoso. É chegado o momento de BH começar a olhar para o próprio umbigo e lutar por aquilo que lhe é direito: de mais transparência política e menos canetada.

Neste sábado (29/06), um grupo de aproximadamente 50 manifestantes foram para a Câmara Municipal de Belo Horizonte acompanhar a votação sobre a redução da tarifa de passagem de ônibus da capital mineira de R$ 0,10. Se tudo ocorrer como imaginado, em agosto a passagem vai de R$ 2,80 para R$ 2,70. Mas, e as linhas de ônibus que não atendem bem os moradores? As linhas que não respeitam o quadro de horários ou que tem veículos em péssimas condições? Quando isso será debatido?

Esse tipo de pressão apartidária, mas política em cima dos vereadores na votação da redução da passagem é importante – apesar de que na atual conjuntura, duvido que alguém votaria contra. Mas enfim, a fiscalização do legislativo municipal é importante não só hoje, mas todo dia. Isso é questão de cidadania.
Foto: Maria Tereza Correa / D.A Press.

Além disso, de forma nacional, há um impasse no Governo para a escolha do plebiscito ou do referendo como forma de participação popular na tão sonhada Reforma Política no Brasil. Enquanto isso, o tempo corre. Por conta da Lei Eleitoral do nosso país, os políticos têm até julho para fazer todas essas mudanças. Que são muitas, e não só cinco como a presidente Dilma Rousseff propôs. O povo quer mudanças profundas: o nosso jeito de fazer política está caduco e a nossa sociedade não quer mais corrupção.

O amadurecimento político esta aí: de não se deixar levar apenas pela revolta, pela tão sonhada revolução que está acontecendo, mas de ter discernimento para não perder a chance de mudar algo que já passou da hora de mudar. O nosso maior risco é de ser corrompidos por falácias. É hora de acordar! A rua é muito importante. É a maior arquibancada do Brasil, mas essa arquibancada não pode se deixar levar pelo oba-oba.

Temos que continuar indo às ruas para reivindicar a nossa participação nas decisões do país, do estado e da cidade. De termos o recall do nosso voto caso o político não cumpra o que prometeu durante a campanha. De propor o fim do quociente eleitoral e por um enxugamento dos partidos que não tem uma diretriz política clara  os chamados "partidos de aluguel". Também temos que lutar pelo fim da propaganda política do jeito que é. Porque não colocar no lugar um horário eleitoral de debate ao vivo, em praça pública, transmitido em todas as mídias possíveis?

Isso economizaria dinheiro público, traria mais transparência política e tiraria das costas dos políticos a obrigação de ter que proteger empresários, mineradores e empreiteiros que financiam as suas respectivas campanha. É preto no branco. Sem rodeios. É por isso que precisamos de foco. O Gigante acordou, mas não pode ser engolido. Acorda, Brasil!

#vemprarua #vemnapaz #mudaBrasil #OGiganteAcordou





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Jornalista

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3 comentários

  1. Recall não! Ele só serve para paises com uma "democracia de verdade". Quem garante que as mesmas pessoas que votaram no corrupto, não votaria nele de novo por meio desse procedimento? O melhor é fazer com que petições com mais de um milhão possa expulsar de uma vez por todas esse tipo de politico!

    "O congresso jogou no lixo as petições contra Calheiros e Feliciano, então elas criaram pernas e foran as ruas"


    Tá na hora de se retirarem, uma semana já foi suficiente para assustar os politicos! É arriscado para democracia, dizem especialistas, ficar mais de 1 mês assim! Depois da "pressão", é hora de esperar respostas, só depois é que se deve voltar!

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  2. São perfeitas suas colocações. Eu vou mais longe no que tange ao perigo de perder-se a credibilidade com a destruição do patrimônio público e particular.
    Há que se pensar, que esse patrimônio que agora é destruído foi construído com dinheiro público e que o particular foi edificado com suor do rosto de alguém(proprietário), certamente a sociedade que nesse momento apoia e participa dos movimentos não continuará a fazê-lo se não houver de fato uma mudança de postura. O movimento perderá sim sua força, que é estonteante se continuarem com o vandalismo.
    Há que se pensar no que já foi conquistado e aquilo que ainda não alcançamos, aguardemos se assim não for então e só então voltemos às ruas. Agir com inteligência e sabedoria também faz parte da ação cidadã e da livre democracia!

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  3. franciscley skywalker30 de jun. de 2013, 23:33:00

    Única coisa que percebi até o momento foi a cidadania sem deveres, o mérito pela necessidade e não pelo merecimento e a democracia da conveniência e não falo de quem não participa ativamente das manifestações. O povo é alienado e acomodado, uma turba, sempre foi e dificilmente isso mudará.

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