Manifestantes vão às ruas a favor de coerência no Legislativo

março 09, 2013

Foto: Jornal O Globo / Facebook / Reprodução.



Neste sábado (09/03), manifestantes de 16 capitais brasileiras foram às ruas protestar contra a permanência do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência do Senado e contra a eleição do deputado federal Marco Feliciano (PSC-SP) para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados. Em cidades como Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, foram reunidos uma média de 500 pessoas.

O número pode parecer pouco – se compararmos com o total da população brasileira, mas já mostra que o povo não está mais passivo em relação aos mandos e desmandos dos nossos legisladores. Com cartazes e palavras de ordem, os manifestantes se organizaram pelas redes sociais e passaram a semana toda compartilhando informações pela internet sobre a “falta de vergonha na cara” que boa parte dos nossos deputados e senadores encaram a coisa pública. Neste sábado (09/03), o engajamento online virou passeata nas ruas e ganhou as manchetes dos noticiários.

Como pode um senador envolvido em inúmeros escândalos de corrupção assumir a presidência de uma Casa Legislativa e um deputado racista e homofóbico presidir a Comissão dos Direitos Humanos? Não tem lógica. A explicação está no “vale tudo pelo poder” que existe atualmente no Brasil. Os partidos não têm mais ideologia, nem projeto político. Por isso a Reforma Política é tão urgente. Atualmente, os políticos são capazes de se unir em grupos – independente de Partido, e cada um dividir as esferas políticas como feudos para que cada um possa gozar de uma parte do poder.
Foto: Mandato Participativo / Facebook / Reprodução.

Ou seja, o nosso modelo de democracia faliu. Nas eleições com os votos diretos para prefeito, vereador, deputado estadual, governador, deputado federal, senador e Presidente, acabamos assinando um cheque em branco para que eles possam fazer o que quiser com a máquina pública. E, principalmente, utilizando os cargos públicos e as indicações apadrinhadas como moeda de troca para a permanência no Poder. Já passou da hora do povo intervir nisso. De tirarmos esse poder dos representantes eleitos. Que a Reforma Política contemple também o funcionalismo público e os Conselhos para que o povo tenha mais autonomia na máquina pública. Talvez, só assim a esculhambação possa cessar.

Enquanto todas essas reformas não chegam, é louvável ver que boa parte da população já acordou para isso e não aceita mais esta pouca vergonha. É admirável ver os jovens e os grupos sociais se manifestarem contra a eleição do deputado Feliciano, uma vez que eles não se sentiram representados. Se o legislativo é Casa do Povo, porque os nossos legisladores insistem em não ouvir o Povo? Por que o poder fala mais alto do que a ideologia. São poucos os políticos – para não dizer raros, que ainda defendem uma causa, que são transparentes nas suas ações.

Nesta sincera entrevista do pastor Everaldo Dias Pereira, presidente-executivo do PSC, ao Jornal O Globo, ele dá uma amostra desse pensamento mesquinho e fala que a Comissão de Direitos Humanos foi uma das opções dadas pelo Governo e eles tiveram que acatar. "Ninguém ganha de nós no grito [sobre o fato da população se manifestar contra ao atual presidente da Comissão de Direitos Humanos]. Ele [o deputado Feliciano] não vai abandonar em hipótese alguma. Era para ganhar ou perder. (...) Não conseguimos indicar um garçom sequer no governo. Somos da base aliada, mas nunca nos convidaram para o banquete [as indicações graúdas para cargos públicos]", diz o líder do PSC.

Por isso, tenho que concordar com a foto que ilustra este post: “a culpa é sua mal eleitor”. Por mais que este modelo de democracia nosso tenha inúmeros problemas, a população brasileira (da qual faço parte) é a principal culpada por essa onda de corrupção e canastrice. Somos nós que colocamos os políticos no poder. Por isso que o voto é tão importante. Não vote no menos pior. Vote no que você acredita. Se você não tem um político que lhe represente, não vote. Proteste. Você deixaria qualquer um trabalhar na sua Casa ou na sua Empresa? Pense nisso.




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Jornalista

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2 comentários

  1. Francisco Bertoletta10 de mar. de 2013, 23:00:00

    O que mais gosto do seu blog é que vc sempre abre espaço para falar sobre política, de forma analítica, sem ser partidário ou inflamado. Graças a Deus que o povo está mais consciente com o legislativo.

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  2. Quando leio esse tipo de notícia tenho a esperança de um Brasil mais consciente com as coisas que a acontece na vida pública. Só das pessoas se mobilizarem na web e irem para as ruas já é um grande avanço.

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