Cine Café – Filme Os Miseráveis mostra que a luta por igualdade ainda é contemporânea
fevereiro 17, 2013
O alto luxo da França do século XIX se contrasta com a pobreza extrema de uma
população que luta para sobreviver e não está nada satisfeita com a
desigualdade social. Este é o mote que se abre no filme Os Miseráveis (2012), que conta a história de destinos que
são interligados em meio a Revolução
Francesa. Bastante aclamado pela crítica e pelo público, o musical foge do
convencional ao colocar os atores cantando ao vivo em cena, trazendo a magia de
uma encenação teatral para a sétima arte.
O filme começa contando a saga de Jean Valjean (Hugh Jackman), um
ex-condenado posto em liberdade, que tenta fugir de Javert (Russell Crowe), inspetor e seu perseguidor. Após a
oportunidade dada pelo Bispo Myriel,
que o perdoa pelo roubo da prataria da igreja e o presenteia com castiçais;
Jean se vê diante da possibilidade de construir uma nova vida e se torna, anos
depois, dono de uma fábrica de roupas. É lá que trabalha Fantine (Anne Hathaway) que por ter ficado viúva teve que deixar a
filha sendo cuidado por outra família, enquanto trabalha para enviar dinheiro à
filha Cossete (Isabelle Allen/Amanda
Seyfried).
Por intriga das suas colegas de
trabalho, Fantine é despedida injustamente e se vê obrigada a vender os
cabelos, os dentes e até se prostituir nos becos sujos de Paris para poder
mandar dinheiro a sua filha. Já com posses, Jean não se furta em ajudar os mais
necessitados e ajuda a jovem Fantine a sair do inferno que tornou a sua vida.
Porém, já doente e muito frágil, ela pede para que Jean tome conta de sua filha
antes de morrer e ele toma para si esta missão de dar uma vida digna à Cossete.
Imagem / Arte: Blog Filmes do Chico. |
A adaptação do livro de Victor Hugo e do musical
homônimo concorre a oito indicações ao #Oscar2013:
Melhor Filme; Melhor Ator – Hugh Jackman; Melhor Atriz Coadjuvante – Anne
Hathaway; Melhor Direção de Arte; Melhor Figurino; Melhor Maquiagem e Cabelos; Melhor
Canção – Suddenly, e Melhor Mixagem de Som. Com direção de Tom Hooper (que
dirigiu O Discurso do Rei), o filme com quase três horas de duração (157
minutos) tem como elenco Hugh Jackman, Russell Crowe, Anne Hathaway, Amanda
Seyfried, Sacha Baron Cohen, Helena Bonham Carter, Eddie Redmayne, Samantha
Barks, Aaron Tveit, Colm Wilkinson, Ella Hunt, George Blagden, Daniel
Huttlestone, entre outros. Assista o
trailer:
Crítica
Você pode até não conhecer o livro de Victor Hugo, nem ter tido a
oportunidade de ter assistido às inúmeras versões do musical de Os Miseráveis, mas com toda certeza
conhece a música “I Dreamed a Dream”, cantada por Susan Boyle, no Britain's Got Talent. O vídeo virou um sucesso no
YouTube, com mais de oito milhões de visualizações em todo o planeta.
Assim como Fantine que ficou
desacreditada por sonhar um sonho que, aparentemente, era impossível (de rever a
filha, cria-la com dignidade e conforto), Susan “sambou na cara” dos jurados e
da plateia que a julgou apenas pela aparência, mostrando que é possível
realizar os sonhos, desde que haja uma oportunidade.
Na época de escola, li o livro Os Miseráveis e fiquei pensando o
quanto ele deveria ter sido um marco na época por retratar de uma forma visceral
a miséria, a pobreza e a desigualdade social da França do século XIX. Nunca
cheguei a ver o musical baseado no livro, mas pelas coisas que já li, sei que
se trata de um marco dos musicais e que ele é uma referência no gênero.
Diante destes cenários que
apresentei, desde que assisti ao trailer do filme ficava me perguntando como
seria a adaptação Tom Hooper. Conduzir um filme que já tem a história no
imaginário popular não é fácil. Assim como todo o mundo, sabia que seria um
musical, mas fui surpreendido ao ver o filme no cinema e me deparar com a
seguinte situação: o filme é todo cantado, do início ao fim. Não que isto seja
ruim. É uma questão de estilo, como é possível conferir no vídeo dos bastidores
da filmagem:
Volto a repetir: cantar o filme todo
é uma questão de estilo, uma exaltação ao gênero musical, da qual ficou muito
bonito, diga-se de passagem. De momento, não me recordo de nenhum outro filme
musical que se tentou este recurso de cantar ao vivo todos os takes. No
entanto, nas quase três horas de duração do filme, há algumas cenas em que o
diretor poderia ter optado pelos diálogos, até para o telespectador poder
degustar a beleza de algumas interpretações que chegam a ser viscerais e
comoventes.
Não é a toa que Hugh Jackman e Anne
Hathaway estão concorrendo ao #Oscar2013.
Em cena, há tanta entrega dos dois aos respectivos personagens de Jean Valjean
e Fantine que impressionam. Pouca gente sabe, mas Hugh Jackman é um ator australiano
que começou a carreira em musicais. Em 2004, ele ganhou um prêmio Tony Award – considerado o Oscar do Teatro dos Estados
Unidos, na categoria de Melhor Ator em
um Musical, por The Boy from Oz.
O feito mais que o credencia para ter sido o escolhido para viver o
protagonista de Os Miseráveis.
Outra grata surpresa no filme foi a
presença do casal de trambiqueiros que ficaram responsáveis por cuidar de
Cossete, Thénardier e sua esposa – interpretado por Sacha Baron Cohen e Helena
Bonham Carter. Polêmico e dono de vários personagens cômicos que fazem críticas
sociais, como Borat e Brunno, Sacha Baron Cohen dá a oportunidade para o grande
público ver que ele consegue fazer outros papeis e não ficar só na comédia
escrachada de costumes e gêneros.
No mais, vale a pena assistir Os Miseráveis não só pela riqueza da
história que atravessa gerações, mas principalmente pelo fato do filme fugir do
lugar comum e mostrar que os musicais não precisam ser artificiais e
perfeccionistas. Trata-se de um filme único onde a emoção de cada cena aproxima
ainda mais o público da história que está sendo contada. No final, chegamos a
conclusão de que a luta por igualdade, fraternidade e justiça é mais contemporânea
do que imaginamos, e que a redenção e o amor podem fazer a diferença no rumo
que tomamos para as nossas vidas.
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Jornalista
6 comentários
Assisti Os Miseráveis e achei o filme lindo. Chorei horrores com o sofrimento da Fantine. Vi o filme, na verdade, por causa do Hugh Jackmann...acho ele lindo...rsrs. Não sabia que o filme vinha de um livro e de um musical de teatro. Parabéns pelo post e pelo blog. :)
ResponderExcluirMuitos anos atrás assisti um filme baseado no livro Os Miseráveis e posso garantir que esta montagem não chega nem os pés da que vi. Tudo é muito lindo...a fotografia, as interpretações, tudo muito bom. Também fiquei incomodado com a cantoria do início ao fim, mas aceito que o gênero permite isso. Boa crítica, parabéns.
ResponderExcluirAcho que deve ser um ótimo filme!
ResponderExcluirNunca me emocionei tanto quanto me emocionei com este filme....a história da Fantine é muito triste....morri de dó com o fim dela. A Anne Hathaway merece ganhar o Oscar.
ResponderExcluirAinda não assisti o filme, mas fiquei com vontade de assistir só por causa da sua resenha.
ResponderExcluirWander, estava certo: adorei assistir ao musical 'Os miseráveis' e acredito que ele conquistará algumas estatuetas no próximo final de semana.
ResponderExcluirAcredito ainda que levaria todos os prêmios possíveis se tivessem tido a ousadia de gravar em francês, assim como ousou Mel Gibson ao fazer os atores de 'A paixão de Cristo' interpretarem em hebraico.
Foi especial demais assistir à adaptação da obra de Victor Hugo, ainda mais na companhia da minha irmã Eliza De Souza Leite!
Recomendo a todos e desejo-lhes um ótimo finalzinho de domingo!