Antonio Palocci cai e Dilma forma primeiro casal ministerial

junho 08, 2011


Antes tarde do que nunca: o milagre da multiplicação não terminou em pizza. Após 23 dias de acusações sobre o aumento do seu patrimônio, Antonio Palocci renunciou ao cargo de Ministro da Casa Civil. O anúncio foi feito no final da tarde desta terça-feira (07/06), por meio de uma carta de demissão entregue à presidente Dilma Roussef (PT). Apesar do desfecho sob pressão popular, cabe agora o governo não tentar levar essa história para "debaixo do tapete" e mostrar compromisso com a coisa pública.

Se a entrada de Palocci no Planalto cinco meses atrás causou estranheza para alguns, a saída dele foi encarada como um alívio para muitos petistas que estavam nervosos diante da primeira grande crise do governo Dilma. Entre alguns membros do partido há o entendimento de que se foi “tirado um verdadeiro peso nas costas” que poderia comprometer toda a articulação política entre o Planalto e o Congresso.

Numa jogada rápida, a presidente formou o primeiro casal ministerial da história recente do Brasil. No lugar de Palocci, entra a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) que assume o posto, de forma imediata, no dia seguinte. Gleisi é esposa do ministro das Comunicações Paulo Bernardo e foi eleita para o Senado pela primeira vez no ano passado. De Brasília, as informações que chegam dão conta de que as substituições não param por aí. Dilma também irá substituir o ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, com o intuito de fortalecer a interlocução do governo com os parlamentares e deixar a Casa Civil mais técnica.

Em entrevista coletiva, a nova ministra Gleisi Hoffmann está otimista com o novo desafio. "A presidente Dilma quer um funcionamento da Casa Civil na área de gestão, de acompanhamento de projetos e processos, conhecimento da equipe de transição. Trabalhamos em vários projetos quando eu era diretora de Itaipu e ela ministra de Minas e Energia. Ela disse que meu perfil se adequa ao que ela quer agora na Casa Civil, uma ação de gestão e é a isso que estou comprometida".

Já o senador Aécio Neves (PSDB-MG) comentou a demissão de Antonio Palocci. Aécio acredita que a atitude de Palocci põe fim à crise. "Do ponto de vista político, obviamente há um encerramento. Do ponto de vista jurídico, a Procuradoria do Distrito Federal certamente vai ouvi-lo e vai investigar se houve, eventualmente, tráfico de influência". Ainda, o senador tucano afirma que "a oposição continuará atuando em conjunto nas ações para investigar a origem da fortuna de Palocci e rever a estratégia de convocação dele ao Congresso para prestar esclarecimentos".

A crise que culminou na queda de Antonio Palocci teve início no dia 15 de maio, após o jornal Folha de S. Paulo revelar, com exclusividade, que o então ministro multiplicou seu patrimônio por 20 entre 2006 e 2010, enquanto atuava na empresa de consultoria Projeto. Cabem aqui os parabéns à Folha por pautar toda a mídia brasileira e trazer a tona uma denúncia importante para se debater ética, tráfico de influência e compromisso com o dinheiro público.

Esta foi a segunda vez que Palocci renuncia a um cargo de ministro por conta de denúncias. Em 2006, quando era um dos nomes mais fortes do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Palocci deixou o posto de ministro da Fazenda ao ser relacionado a suspeitas de que estaria envolvido na quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. Abaixo, confira o videocast da repórter especial da Folha, Vera Magalhães, sobre a queda de Palocci:








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Wander Veroni
Jornalista

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7 comentários

  1. Palocci demorou para cair e já vai tarde. Agora é esperar para ver se Gleisi vai conseguir dar conta da Casa Civil, que só deu problemas desde que Zé Dirceu sentou naquela cadeira. Abraços.

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  2. O MP arquiva o processo e diz que "não encontrou indícios suficientes para incriminar""; o ministro se reúne às pressas com Dilma Roussef e, em seguida, resolve abdicar do cargo; a sucessora já estava prontinha e escolhida tudo, tudo muito rápido e no mesmo dia em que sai a decisão judicial.

    Para mim o script do final da novela já estava pronto, só faltando finalizar o espetáculo. E o acordão (porque as coisas no governo são resolvidas na base de acordos, acordinhos e acordãos) deve ter sido: "Vocês não furam mais este poço porque dele não pode jorrar (água ou merda) e nos afastamos o ministro, mas com uma saída honrosa".

    Estarei viajando na maionese? Já freqüentei muito alguns órgãos de decisões em Brasília e vi como são decididas as coisas: sempre com acordos e negociações. Portanto...

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  3. Pra falar a verdade, até hoje não sei pq a Dilma o chamou para ser ministro. O Palocci é super queimado....pode ser um bom articulador, mas deveria ter deixado nos bastidores, e não na linha de frente....só quero ver o que o PT vai arrumar...tomara que a nova ministra da Casa Civil dê conta de arrumar a Casa.

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  4. Show de bola essa imagem com a foto do Palocci pegando fogo....resumiu a notícia toda em uma foto. Boa sacada!

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  5. A foto com o Palocci ficou genial, parabéns! Quanto a notícia do ex-ministro...como foi dito acima: foi tarde....concordo com o Ivo....isso tudo foi muito bem ensaiado para que o Palocci saisse por cima.....a coisa é mais feia do que imaginamos....dá-lhe milagre da multiplicação.....kkkkk....se ele fez isso com a empresa de consultoria, imagina o que ele fez nesses meses como Ministro, hein? #Abafa

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  6. A atual substituta de Palocci, esposa do Ministro Paulo Bernardo, foi Secretária de Reestruturação de Governo aqui no Mato Grosso do Sul, quando Bernardo era o Secretário de Fazenda. Aqui ela deu várias bolas fora e foi odiada, tal como o seu marido.

    Mas parece que onde Paulo Bernardo vai, ele leva a esposa para ocupar algum cargo importante e, assim, fica tudo em família, com uma alta concentração de renda e poder. Isto me lembra a família Sarney. Parece que já vi esse filme e não gostei. Não sei se os brasileiros vão gostar.

    Só uma coisa eu garanto: ela é decidida, bocuda e teimosa, gostando muito de "inventar". Até lembra um pouco a Dilma. Sei não, sei não, para mim, parece que estão brincando com a política no Brasil. É muito compadrio para o meu gosto.

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  7. É certo que a Presidente Dilma tinha que tomar uma atitude.... e tomou – Puramente politica. O ex-presidente Figueiredo,(eu quebro eu arrebento... lembram?) com a foça de ditador não conseguiu moralizar e impor o que tinha de boas inteções ao grupo de aproveitadores que gravitam em torno do centro do poder. A atitude da Presidenta nada mais foi que uma manobra política que só engana os incautos.
    Mas como dizem que Deus é Brasileiro serviu para alguma coisa: dizer indiretamente ao ex-presidente Lula que quem é Presidente do Brasil, atualmente é ela: Dilma.

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