Ponto de Vista – Crise no Banco PanAmericano põe em evidência problemas do SBT

novembro 20, 2010







A notícia pegou muita gente de surpresa e colocou na roda de discussão o futuro de um grupo de empresas liderado por um homem que ajudou a construir a história da TV aberta brasileira. Por conta de uma fraude bancária de R$ 2,5 bilhões do Banco PanAmericano, o Grupo Silvio Santos teve que colocar todas as mais de 40 empresas – incluindo o SBT, como garantia para um empréstimo com o FGC (Fundo Garantidor de Créditos) para saldar os problemas. Como o fundo é uma entidade privada, não houve uso de recursos públicos.

Um ditado popular fala que “só o olho do dono é capaz de engordar o gado”. Mas, no caso de Silvio, essa expressão parece que entrou pela culatra. Em todos esses anos de comunicador e empresário, Silvio Santos sempre se orgulhou de imprimir a própria personalidade em seus negócios. No entanto, de uns tempos para cá, o empresário [de televisão] tem tido uma coleção maior de erros, do que de acertos.

Pensando no futuro empresarial, colocou vários membros da família administrando setores estratégicos, fazendo que o Grupo Silvio Santos tenha essa característica de uma organização familiar que nem sempre valoriza a capacidade individual, mas sim os laços de parentesco. A maior prova dessa incapacidade administrativa já se mostrava na grade do SBT. Mudanças repentinas de horário dos programas, contratações equivocadas e programas que entram no ar com a missão de dar audiência a qualquer custo, ter um bom faturamento comercial e não, necessariamente, cultivar a preferência do telespectador.

Foi apostando nessa conseqüência de erros, que a Record tirou a vice-liderança do SBT. E, mais recentemente, a Band deixou o SBT em quarto lugar no prime time. E isso afeta o Silvio? Parece que não. A entrevista que ele deu à Folha é uma prova viva disso, onde o “Homem do Baú” vê o SBT como hobby. Já nesta entrevista para a Revista Veja – reproduzida na íntegra pelo site do Grupo Silvio Santos, o comunicador está mais consciente da crise que afeta o seu grupo empresarial.

A pergunta que não quer calar: o que será do SBT? Por mais que esse ano tenha sido de coberturas atípicas com Eleições e Copa do Mundo, a emissora de TV da Anhanguera cancelou a estreia (e produção) de alguns programas por conta de um controle maior dos gastos. Além disso, vários artistas têm feito contratos mais curtos com o SBT, de seis meses a um ano. Sem contar que o canal resolveu produzir novelas em um ritmo totalmente diferente do mercado: menor número de capítulos e tudo gravado antes de ir ao ar com meses de antecedência, não levando em conta a resposta do público.

A impressão que fica é que o SBT visa apenas resultados imediatistas, e não o telespectador que se vê cada vez mais distante daquele que já foi o "rei dos domingos" e o "dono do Baú da Felicidade". No olho do furacão, é hora do SBT repensar o seu papel no mercado e tirar o ranço da administração familiar, antes que seja tarde demais.





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*Observação: Este artigo faz parte da minha participação na seção Ponto de Vista, do site do Cena Aberta, onde três jornalistas publicam um artigo mostrando pontos diferenciados sobre o mesmo assunto. Todo sábado você vai encontrar
artigo escritos por Endrigo Annyston, Emanuelle Najjar e Wander Veroni.





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Wander Veroni
Jornalista

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2 comentários

  1. Desde pequena, achava que Silvio Santos era imortal, como Jesus que mesmo depois de morrer, ressusitou e continuou vivo. Pensava assim porque Silvio Santos, sozinho, construiu um império gigantesco... saindo do nada e chegando ao tudo. Hoje, tenho minhas dúvidas sobre tal imortalidade. Talvez, seja mesmo o que dizem "Doo pó vieste e do pó retornarás"

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  2. Silvio Santos cometeu o erro de colocar parentes em posições chave. Dançou!


    Esse problema do Panamericano ilustra muito bem como a política pode interferir negativamente na sociedade. Ou você duvida que se fosse qualquer outro banco ele já estaria quebrado e sob intervenção desde o ano passado?

    Não foi a toa que o SBT lançou aquele "furo" da bolinha de papel no Serra. Favor, com favor se paga.

    Lula ordenou a Caixa que comprasse mais da metade de um banco falido no ano passado e depois ainda atrasou a ação do BC. A falácia de que dinheiro público não foi usado na operação só engana trouxas.

    Afinal de contas, a CEF não é estatal? De onde vem o seu dinheiro? E depois? Os custos de saneamento do banco e o pagamento das dívidas com a fraude? O Tesouro terá de bancar metade de tudo isso.

    Povo sem instrução dá nisso... é incapaz de ler "nas entrelinhas" do que a propaganda governamental (qualquer que seja) fala.

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