Enchente no Rio de Janeiro e a chama acesa do bom jornalismo

abril 15, 2010




As enchentes no Rio de Janeiro, que aconteceram na última semana, causou mais mortes do que qualquer outra tragédia pelo mundo em 2010. De acordo com especialistas, a inundação no Rio foi a quinta mais fatal do mundo, com mais de duzentos mortos, centenas de feridos e desabrigados.

Mas, você que é leitor do Café com Notícias, deve estar estranho mais um post sobre a enchente no Rio de Janeiro, não é verdade? O último post não foi sobre o documentário da enchente? Foi, mas calma. Não é sensacionalismo. Tem um motivo. Para nós jornalistas, a cobertura de tragédia é um momento de reflexão, respeito e criatividade muito grande. Vários debates podem ser feitos e, com isso, lições valiosas podem ser tiradas e levadas, tanto para o lado pessoal, como o profissional.

Na semana passada, exatamente numa quinta-feira (08/04), o Jornal Nacional (JN), da TV Globo, se propôs a fazer algo diferente com o intuito de mostrar de perto o que acontecia em Niterói (RJ), mais especificamente no Morro do Bumba, onde teve o maior número de vítimas, até então.

Fátima Bernardes, apresentadora titular do noticiário, foi escalda não só para apresentar o telejornal de lá, mas como também fazer matérias e descobrir personagens dessa tragédia que chocou o país. Veja abaixo a entrevista que Fátima concedeu ao jornalista Alfredo Bokel, editor do site do JN Especial, sobre os bastidores dessa cobertura:





Esse post, na verdade, é uma necessidade que tenho de dividir com você leitor, independente se é jornalista ou não, de valorizar algo de bom na TV aberta, que anda numa profunda crise de qualidade. Quem me conhece, sabe o meu caso de amor e ódio do Jornal Nacional.

Em algumas coberturas, o JN ou me decepciona, ou me surpreende pela criatividade. Mas, porque o Jornal Nacional? Querendo ou não, é o telejornal mais antigo da TV brasileira e que até hoje inova e impõe a sua linguagem como padrão para todos os outros noticiários. É referência, e não exatamente um gosto pessoal. E os jornalistas têm por obrigação ficar atentos em linguagem, estética, texto, formato e conteúdo para, desse modo, acrescentar para si aquilo que merece ser colocado em prática na sua rotina produtiva. É importante ficar atento ao trabalho do colega, sempre.

Além de tudo, para nós, que estamos do outro lado da telinha, vale a pena ressaltar quando vemos bons exemplos, da aquela esperança para que chama do bom jornalismo continue e permaneça acesa. Existe esperança no final do túnel! É possível ter audiência comuma cobertura jornalística de qualidade. O que quero propor nesse post é que você enxergue além da emissora ou da linha editorial, que você comece avaliar a qualidade da notícia que chega até você todos os dias e, caso não concorde com o que foi mostrado troque de canal e procure outros meios de informação que lhe satisfaça. Não se acomode!

E nessa terça-feira (13/04), o Profissão Repórter – que é uma das atrações obrigatórias para quem gosta de boas reportagens e dos bastidores da notícia, foi no olho da tragédia e reportou como foi os dias de angustia dos moradores que perderam tudo na enchente e deslizamentos dos morros no Rio de Janeiro. Exemplos de solidariedade, esperança e descaso do IML, são alguns dos temas que o telespectador pôde ver nesse programa.

Qualquer comentário feito à equipe de Caco Barcelos – pelo menos no meu entendimento como jornalista, é desnecessário, pois não falta elogios. Aliás, sobra. Brinco que o jornalístico não é um programa de TV, mas sim uma aula do que é possível fazer para salvar a narrativa do telejornalismo e mostrar para o público que antes de lidar com fatos e acontecimentos, lidamos com seres humanos e precisamos sair do padrão e inovar.

E essa edição do programa, em especial, foi um dos melhores que já assisti até então. Recomendo. Assista o Profissão Repórter na íntegra abaixo:




Segundo bloco do Profissão Repórter:



Fotos: Portal Terra e TV Globo.



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Wander Veroni
Jornalista

MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

7 comentários

  1. A busca incessante pelo posicionamento no IBOPE acaba fazendo com que a TV aberta faça ações impulsivas sem nexo e noção da realidade.
    Mas isso não é privilégio da TV brasileira, em outros países acontecem coisas piores e muitas vezes expondo ao ridículo as vítimas.

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  2. É importante saber como valorizar a notícia,mas respeitando as vítimas.
    Estou de volta...rs
    Bjão!

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  3. Respeitar principalmente a dor...paz.

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  4. Mostrando os acontecimentos de perto, mas sabendo poupar as vítimas, é importante!

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  5. O interessante, como vc disse no post, é não avaliar a emissora, mas sim a criatividade dos jornalistas. Não tinha assistido o Profissão Repórter no dia. Vi agora no seu blog e gostei muito do programa. O respeito com as vítimas é fundamental, sempre.

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  6. O respeito deve ser não só com as vítimas, mas também com o trabalho de quem esta lá

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  7. aqui em sampa quando chove acontece direto isso fazer oq o povo constrói em lugares perigosos quando chove nao tem oq segure ........... mas claro respeitando a vida sempre mas nem sempre acontece algo bom pq pode acontecer em varios lugares ao mesmo tempo e nem todos podem ser ajudados na mesma hr...mas muito bom o post cara parabens....

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