#Gastronomia: O irresistível pão de queijo mineiro que virou patrimônio e conquistou o mundo

agosto 17, 2025


Quem nunca se rendeu ao cheirinho de um pão de queijo quentinho, recém-saído do forno, que atire a primeira pedra! Pequeno no tamanho, mas gigante no sabor e na história, esse quitute mineiro ganhou um dia só para ele: 17 de agosto, o Dia do Pão de Queijo

Mais do que uma simples data comemorativa, trata-se de uma oportunidade de celebrar uma das receitas mais emblemáticas da culinária brasileira que, não por acaso, já foi reconhecida internacionalmente como um dos melhores pães do mundo.

Mas afinal, de onde vem essa joia dourada e crocante por fora, macia e elástica por dentro? O pão de queijo nasceu em Minas Gerais, provavelmente no século XVIII, quando a farinha de trigo era artigo raro nas cozinhas coloniais

Criativas como sempre, as cozinheiras mineiras substituíram o ingrediente pelo polvilho de mandioca, abundante na região. Para a receita, o misturou com ovos, leite e, claro, queijos curados produzidos nas fazendas. Assim, sem muito alarde, nascia o pão de queijo, que só se popularizaria em todo o Brasil a partir da década de 1950, quando ganhou espaço em padarias e lanchonetes até se transformar em produto de exportação.

Hoje em dia, o pão de queijo é um verdadeiro embaixador da gastronomia mineira e brasileira. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria da Panificação e Confeitaria (Abip), o Brasil consome cerca de 430 mil toneladas por ano, o que equivale a 7% de todos os pães consumidos no país. 

E não para por aí: empresas como a mineira Forno de Minas já exportam o quitute para mais de 15 países, incluindo Estados Unidos, Japão e Emirados Árabes, com produção mensal que ultrapassa 50 milhões de unidades. Ou seja, aquele pãozinho de queijo que acompanhava o café de coador na fazenda aparece até nas mesas internacionais mais exigentes.

E se você se pergunta qual cidade mineira detém o título de capital do pão de queijo, saiba que a disputa é saborosa. Paracatu, no Noroeste de Minas, produz em média 17 mil unidades por dia e transformou o quitute em patrimônio cultural. Já Belo Horizonte, por sua vez, transformou o pão de queijo em ícone turístico: bares, cafeterias e padarias criaram versões criativas, com recheios de goiabada, doce de leite, requeijão cremoso e até linguiça artesanal. É impossível caminhar pela capital sem tropeçar em vitrines tentadoras de pão de queijo fumegante.

Aliás, vale lembrar que a importância cultural desse pãozinho não se restringe ao paladar. Em 2007, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) aprovou a Lei 16.688, que reconhece oficialmente o pão de queijo como patrimônio cultural do estado. Na prática, isso garante proteção simbólica a uma tradição que atravessa gerações, reafirmando o lugar do quitute no imaginário mineiro.

Mas qual é o segredo para um pão de queijo perfeito? A resposta está no queijo. Quanto mais curado e saboroso, melhor. O tradicionalíssimo queijo minas meia cura é o preferido, por conferir textura e sabor marcantes. Mas não faltam versões ousadas: há receitas com parmesão, canastra e até misturas de queijos especiais, que resultam em aromas únicos e massas ainda mais irresistíveis.

E em Belo Horizonte, os tipos diferentes de pão de queijo viraram uma espécie de mapa gastronômico. No Centro de BH, há lanchonetes e padarias que servem versões recheadas e tradicionais. No Mercado Central, o clássico é saborear pão de queijo recheado com pernil ou linguiça. Já nos cafés gourmet da cidade, o destaque vai para as combinações sofisticadas, como pão de queijo com brie e mel. A criatividade é tanta que, se depender dos mineiros, o pãozinho não terá jamais uma versão definitiva.

Diante de tantas opções, a pergunta que não quer calar: onde estão os três melhores pães de queijo de BH? Claro que listas são sempre polêmicas, mas alguns nomes são unanimidade entre turistas e belo-horizontinos. O Mercado Central, com seu famoso pão de queijo recheado com pernil, é parada obrigatória. 

A padaria Pão de Queijaria, na Savassi ou na Pampulha, se tornou referência por explorar recheios criativos sem perder a essência mineira. Já a tradicional Dona Diva, no bairro Cidade Jardim, encanta gerações com sua receita clássica e sabor incomparável. Três experiências que resumem bem a diversidade e a potência desse patrimônio mineiro.

E se a tentação é grande demais para esperar a próxima viagem à Minas Gerais, nada impede de colocar a mão na massa em casa. Afinal, fazer pão de queijo pode ser mais simples do que parece. Para provar, segue uma receita clássica e infalível:

Receita tradicional de Pão de Queijo Mineiro

Ingredientes:
- 500 g de polvilho azedo
- 250 ml de leite
- 100 ml de óleo
- 2 ovos
- 200 g de queijo minas meia cura ralado
- 1 colher (chá) de sal

Modo de preparo:
- Ferva o leite com o óleo e o sal.
- Escalde o polvilho com a mistura quente e mexa bem.
- Deixe esfriar um pouco e acrescente os ovos e o queijo, misturando até formar uma massa homogênea.
- Modele bolinhas do tamanho desejado e disponha em uma assadeira untada.
- Asse em forno preaquecido a 200 °C por cerca de 25 a 30 minutos, até dourar.
- Pronto! em poucos passos, você terá em casa um pedaço de Minas Gerais, com aquele cheirinho inconfundível que faz qualquer mineiro suspirar de saudade.

Mais do que um simples pãozinho, o pão de queijo é símbolo de identidade, afeto e memória coletiva. Seja no café da manhã em família, no lanche da tarde com os amigos ou como lembrança turística para quem visita Minas Gerais, o pão de queijo representa hospitalidade, simplicidade e sabor. 

No fundo, cada mordida é um convite para entender melhor a alma mineira: generosa, acolhedora e cheia de histórias para contar. O fato é que, em Minas Gerais ou em Pequim, no Mercado Central ou no forno de casa, o pão de queijo prova que tradição e inovação podem andar de mãos dadas. E que a cada 17 de agosto temos um bom motivo para celebrar: e, claro, comer sem culpa! Viva o pão de queijo mineiro!




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Jornalista

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