#FestaJunina: Como aproveitar as delícias desta época e os sabores da tradição sem exageros?

junho 17, 2025


Se existe uma época do ano que consegue reunir o melhor da cultura brasileira com um toque generoso de nostalgia e muito sabor, ela atende pelo nome de #FestaJunina (e, claro, Julina também). É só o mês de junho dar as caras que o cheiro de canjica, quentão, milho verde, paçoca e bolo de fubá invade as ruas, escolas, praças e até os escritórios. 

A decoração colorida, o som da sanfona e as barraquinhas com bandeirinhas nos convidam a um verdadeiro tour gastronômico de dar inveja a qualquer festival gourmet. Mas, em meio à quadrilha e aos fogos de artifício, um outro "fogo" pode acender: o do exagero alimentar.

Se a tradição pede fartura, o corpo pede cautela. Não é à toa que nutricionistas como Thaís Klein Pegoraro, da Hapvida, levantam a bandeira da moderação. Porque, convenhamos, uma festa que tem como protagonista o açúcar, a gordura e o sal precisa ser degustada com cautela. 

E o alerta não é gratuito: segundo dados do Ministério da Saúde, mais da metade da população brasileira está acima do peso e 20% dos brasileiros já ultrapassaram a linha da obesidade. Tudo isso potencializado por hábitos alimentares cada vez mais ultraprocessados, calóricos e, especialmente, descontrolados em datas comemorativas.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já bateu o martelo sobre o assunto: dietas ricas em gordura e açúcar são grandes vilãs do nosso tempo, ligadas diretamente ao aumento dos casos de hipertensão, diabetes tipo 2, colesterol alto e problemas cardiovasculares. E aí, o que era para ser apenas um "final de semana de festa" pode se transformar em um problema de saúde real.

Mas calma, não é preciso cancelar a fogueira ou dar um perdido na barraca do cachorro-quente. A boa notícia é que dá para "curtir o arraiá" sem sair do prumo. Segundo a nutricionista Thaís, tudo começa com escolhas inteligentes. Um milho verde cozido, por exemplo, é praticamente um superalimento disfarçado de simplicidade: rico em fibras, sacia e ainda ajuda no funcionamento do intestino. Pipoca sem manteiga, amendoim natural e bolos integrais também são boas pedidas, desde que a palavra mágica seja respeitada: moderação.

E se você acha que precisa abrir mão da canjica ou do curau, saiba que a tradição também pode ser repaginada. Basta trocar o leite integral pelo desnatado ou vegetal, reduzir o açúcar, apostar em adoçantes naturais e, de quebra, evitar as coberturas calóricas. O mesmo vale para as bebidas típicas. Um quentão com menos açúcar ou um vinho quente moderado ainda garantem o sabor junino com um pouco mais de leveza e com o bônus de trazer antioxidantes das especiarias.

Agora, se o seu plano secreto é “enfiar o pé na jaca” na festa, vale ao menos seguir um truque de ouro: não vá com fome. Comer uma refeição leve antes do evento ajuda a manter o controle e evita aquela sensação de que “tudo é permitido”. Outro segredo: planeje mentalmente o que pretende comer e observe os sinais do seu corpo. Comer devagar, aproveitar cada mordida, conversar entre um prato e outro… tudo isso contribui para uma experiência mais saudável e mais divertida.

E se, ainda assim, você ultrapassar os limites e sair da festa sentindo-se uma paçoca amassada, não precisa se desesperar. A recuperação começa com água (muita água), frutas frescas, legumes e alimentos leves. Caminhadas e atividades físicas moderadas ajudam o organismo a se reequilibrar. Só não vale apelar para jejuns prolongados ou dietas da moda para “compensar”, pois isso pode bagunçar ainda mais o metabolismo.

E quem tem restrições alimentares? Também pode aproveitar! Diabéticos, por exemplo, devem evitar alimentos com alto índice glicêmico e apostar em versões com adoçantes naturais. Hipertensos precisam estar atentos ao sal, dando preferência a preparações caseiras e menos industrializadas. 

Já os celíacos não precisam dizer adeus aos quitutes: com farinha de milho, mandioca ou arroz é possível preparar versões sem glúten de muitas receitas típicas. O importante é sempre estar de olho nos ingredientes e, se possível, preparar sua própria comida ou buscar opções confiáveis.

Para provar que saúde e tradição podem andar de mãos dadas, a própria nutricionista Thaís compartilha uma receita prática e deliciosa: o curau de milho light. Feito com leite vegetal ou desnatado, milho fresco, pouco açúcar e amido de milho, o doce mantém o sabor da infância com muito menos calorias. Uma verdadeira homenagem ao paladar e ao bom senso.

No fim das contas, manter o equilíbrio é também uma forma de celebrar. Comer bem e com prazer, respeitando os limites do corpo, permite que a verdadeira essência da festa junina brilhe: os reencontros, as danças, as brincadeiras, os abraços apertados, as histórias contadas ao redor da fogueira. Porque, no fundo, a memória afetiva está mais no gesto do que no prato; embora, sejamos sinceros, o prato continue sendo uma parte essencial da experiência.

Então, da próxima vez que você estiver prestes a enfileirar três espetinhos de carne com farofa, dois pedaços de bolo de milho e um copo generoso de vinho quente, respire fundo, lembre-se da dica da nutricionista, e tente pensar: será que estou comendo por fome, por gula ou só pela tradição? Se for pela tradição, tudo bem. Só não esquece da água depois.

E que venha a festa junina venha com sabor, com saúde e, claro, com moderação. Porque festa boa é aquela que a gente aproveita do começo ao fim, sem pesar na balança e nem na consciência.




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Jornalista

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