#FrutasDeBH: Descubra as cores, os sabores e as histórias de árvores que dão vida à capital mineira
dezembro 15, 2024A Cagaita é uma fruta versátil que pode ser consumida in natura, em sucos, geleias e sorvetes. Crédito: Agência Brasil / Divulgação. |
Belo Horizonte, a charmosa capital nascida na Serra do Curral, é muito mais do que pão de queijo e uma bela xícara de café. No meio do concreto, dos botecos e das ladeiras, há um ecossistema que guarda preciosidades tipicamente brasileiras, muitas vezes, ignoradas pelos próprios moradores.
São frutas, árvores e histórias que se misturam à vida cotidiana da cidade. E mais: algumas dessas frutas são tão emblemáticas que até batizam bairros. Curioso? Vamos embarcar nesse passeio pelos sabores, aromas e curiosidades botânicas de BH.
Entre as frutas que fazem parte da vegetação de Belo Horizonte, a goiabeira e a jabuticaba ganham um lugar especial. Quem nunca teve a oportunidade de colher uma goiaba ou uma jabuticaba direto do pé, com aquela explosão de sabor na boca?
Mas, estas frutas estão longe de serem as protagonistas dessa história. Temos ainda o araçá, a gabiroba, a grumixama, a uvaia e a cereja-do-rio-grande, por exemplo, todas espécies nativas da flora brasileira que embelezam e enriquecem a biodiversidade urbana da capital mineira.
A Cereja-do-rio-grande é uma fruta comestível, nativa da Mata Atlântica e é encontrada em diversas regiões do Brasil, incluindo Belo Horizonte (MG). Crédito: Agência Brasil / Divulgação. |
E não para por aí: o baru, a mangaba e o jatobá completam essa lista de preciosidades naturais que, embora muitas vezes esquecidas, oferecem frutos deliciosos e usos surpreendentes. A cagaita, por exemplo, tem propriedades refrescantes, enquanto a araticum e a murici são ingredientes valiosos para sucos e sobremesas.
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Muitas dessas frutas são comestíveis e carregam um potencial gastronômico enorme, embora algumas, como a gabiroba e a grumixama, sejam menos conhecidas pela população urbana. Com elas, é possível criar desde compotas e geleias, até licores artesanais que, certamente, encantariam qualquer chefe de cozinha.
Já o jatobá, além de fornecer uma farinha rica em nutrientes, traz um perfume característico que remete à terra e às tradições do cerrado. É uma verdadeira festa de sabores que poucos exploram em seu potencial máximo.
E falando em bairros, você sabia que algumas localidades de Belo Horizonte foram batizadas com nomes que remetem à flora? O bairro Mangabeiras, por exemplo, presta homenagem à mangaba, fruto típico do cerrado brasileiro, doce e cheio de história.
A Mangaba é uma fruta nativa da Mata Atlântica, utilizada em sucos, geleias, sorvetes e, até mesmo, em pratos salgados. Crédito: Agência Brasil / Divulgação. |
Já o bairro Buritis nos conecta ao buriti, uma palmeira icônica que transcende fronteiras e está imortalizada na literatura de Guimarães Rosa, em "Grande Sertão: Veredas". Embora o buriti não seja típico da vegetação de BH, sua presença no imaginário cultural faz dele um símbolo que ecoa o vínculo dos mineiros com o sertão e suas riquezas.
Quando falamos em árvores nativas, Belo Horizonte oferece uma bela amostra. O ipê-amarelo, a paineira, a murta, por exemplo, são apenas algumas das espécies que compõem a paisagem da cidade. Entretanto, como destacou uma matéria publicada pelo Jornal da UNESP, entre as dez espécies mais comuns nas ruas da capital, seis são árvores não-nativas.
Entre as nativas, a sibipiruna, o jerivá e a quaresmeira ganham destaque, sendo esta última a árvore-símbolo de BH. A quaresmeira, com suas flores roxas exuberantes, é um espetáculo à parte e reforça a conexão da cidade com suas raízes.
Essas árvores e frutas podem ser encontradas nos parques, ruas e praças da cidade, como o Parque Municipal Américo Renné Giannetti, o Parque das Mangabeiras e o Parque Ecológico da Pampulha.
Esses espaços oferecem aos moradores e visitantes a oportunidade de se reconectar com a natureza e com os sabores que fazem parte da história de Belo Horizonte. Andar por esses parques é um convite para descobrir uma gabirobeira, uma mangueira ou uma pitangueira carregada, prontos para serem explorados por quem tiver olhos atentos.
A Sibipiruna é uma árvore símbolo de Belo Horizonte, resistente e de fácil manutenção, e é conhecida por sua beleza e exuberância. Crédito: Agência Brasil / Divulgação. |
E o que a Prefeitura de Belo Horizonte tem feito para preservar e valorizar essa riqueza? O programa "Uma Vida, Uma Árvore" é uma das iniciativas que incentiva o plantio de espécies nativas, promovendo a arborização urbana com árvores como a sibipiruna e o jerivá.
Além disso, Belo Horizonte desenvolve estudos e projetos de distribuição de mudas, permitindo que a população participe do enriquecimento da paisagem urbana. Ainda há desafios, mas é animador ver como a capital mineira busca integrar a biodiversidade ao cotidiano.
A relação entre as árvores nativas e os moradores vai muito além da sombra ou da estética. Essas espécies oferecem frutos deliciosos, madeira sustentável e, até mesmo, matérias-primas para o artesanato. Outro caso interessante é o da bananeira que, mesmo não sendo nativa do Brasil, encontrou em BH um lugar propício para se desenvolver, não só nos quintais, mas também em ribanceiras, como forma de sustentar o solo.
Ah, quem nunca viu uma cuia feita de frutos secos ou uma colher de pau de jatobá? Além disso, frutas como ameixa amarela de quintal (nêspera), amora, abacate e carambola atraem várias espécies de aves e têm potencial gastronômico que pode transformar qualquer mesa em um banquete com identidade mineira.
O Jerivá é típica da Mata Atlântica e frutifica em vários meses do ano. Crédito: Agência Brasil / Divulgação. |
Olhando para o futuro, a valorização dessas árvores e frutos pode transformar Belo Horizonte. Imagine feiras gastronômicas com geleias de grumixama, pães feitos com farinha de jatobá e sucos frescos de gabiroba. Imagine ainda mais árvores nativas nas ruas, parques e praças, trazendo não apenas frescor, mas um resgate da história e da biodiversidade local.
Por isso, da próxima vez que você andar pelas ruas de Belo Horizonte, fique atento! Quem sabe você não encontra uma pitangueira ou uma uvaia carregada? Essas árvores não são apenas parte da paisagem: elas são a memória viva de uma Belo Horizonte que, apesar de urbana, luta para continuar conectada à sua origem, ao seu ecossistema.
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Jornalista
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