#MelhoresDoAno: Em 2024, premiação homenageia Sílvio Santos em meio às injustiças nas novelas

dezembro 16, 2024


A edição de 2024 do "Melhores do Ano" entrou para a história! Sob o comando de Luciano Huck, o evento transformou-se em um verdadeiro manifesto de celebração à TV aberta brasileira, trazendo momentos que misturaram emoção, reflexão e uma boa dose de nostalgia. 

Desde a produção primorosa – digna de um "Oscar" da TV aberta – até a ousada transmissão simultânea entre TV Globo e SBT, a premiação marcou uma das melhores fases do programa desde que Huck assumiu os domingos.

O ponto mais comentado da noite, sem dúvida, foi a homenagem a Sílvio Santos, que deixou um vazio imensurável na televisão brasileira ao falecer neste ano. Patrícia Abravanel, representando o pai, recebeu o troféu durante uma transmissão simultânea entre TV Globo e SBT – algo absolutamente inédito e surpreendente, considerando a histórica rivalidade entre as emissoras. 

A premiação deixou a entender, nas entrelinhas, que o verdadeiro inimigo agora é outro: o streaming e as plataformas digitais, que ameaçam a soberania da TV aberta. Em um raro momento de união, ambas as redes de televisão reafirmaram a importância da TV como meio de cultura e entretenimento acessível a todos.

Mas nem tudo são flores nos "Melhores do Ano 2024". Se a homenagem a Sílvio Santos foi impecável, o mesmo não pode ser dito sobre as categorias relacionadas à teledramaturgia. As novelas indicadas – "Renascer", "No Rancho Fundo" e "Mania de Você" – escancararam a crise criativa enfrentada pela TV Globo em 2024. 

Apesar de bem produzidos, os remakes de clássicos como "Renascer" não conseguiram encantar o público como esperado. A novela, vencedora da categoria Melhor Novela, não trouxe frescor à história original e, mesmo assim, levou o prêmio. 

A escolha causou desconforto, especialmente pela exclusão de "Garota do Momento", que, apesar de ainda está sendo exibida, é a novela com história original e inédita de maior audiência e repercussão entre o público. Outro momento tocante da premiação foram às homenagens às pessoas que tem feito a diferença na sociedade com trabalho voluntário ou de responsabilidade social.

Chay Suede, entretanto, foi um ponto positivo incontestável. Sua atuação magnética em "Mania de Você" o garantiu como Melhor Ator de Novela, um reconhecimento mais do que justo, principalmente por ele levar a história da novela nas costas. Mesmo com o reconhecimento, é importante destacar que a trama de João Emanuel Carneiro é sem pé, nem cabeça. O público rejeita os mocinhos e não consegue se conectar com a história. 

No entanto, a ausência de outros destaques, como Isabel Teixeira ("Elas por Elas") e Jéssica Ellen ("Volta por Cima"), levantou questões sobre os critérios da premiação. Da mesma forma, Andrea Beltrão brilhou como Zefa Leonel em "No Rancho Fundo" e conquistou o troféu de Melhor Atriz de Novela, mas ficou a sensação de que algumas indicações foram motivadas mais por afinidade do que por mérito.

A categoria de Melhor Atriz Coadjuvante trouxe outro debate acalorado. Drica Moraes, Edvana Carvalho e Daphne Bozaski foram indicadas, mas a ausência de nomes como Sophie Charlotte e Giullia Buscacio, que brilharam em "Renascer", foi sentida. A vitória de Daphne, porém, foi bem recebida, consolidando seu lugar como um dos grandes talentos da geração.

Já no campo do humor, Paulo Vieira foi o grande vencedor. Sempre ácido e cirúrgico, ele dominou o palco com interações afiadas, arrancando risadas e reflexões ao mesmo tempo. Seu discurso ao receber o prêmio trouxe uma dose extra de significado, reforçando a importância do humor em tempos de ameaça a nossa Democracia.

Em contrapartida, a categoria Melhor Música deixou o público dividido. A vitória de "Dois Tristes", de Simone Mendes, causou estranheza diante do sucesso estrondoso de "Macetando", de Ivete Sangalo e Ludmilla. A escolha, ainda que questionável, reflete a subjetividade do gosto popular e as peculiaridades do voto aberto pela internet.

O encerramento da noite ficou por conta de Fábio Jr., que emocionou a plateia com seus clássicos e, de forma involuntária, prestou homenagem à novela mais vista do ano: a reprise de "Alma Gêmea" no "Vale a Pena Ver de Novo"Ironias à parte, o momento coroou a noite com um clima de celebração coletiva, um lembrete de que a TV aberta ainda é capaz de unir gerações e despertar emoções genuínas. 

Entre acertos e tropeços, a noite deixou claro que a televisão brasileira está em transição, buscando novas formas de dialogar com seu público em meio ao avanço das plataformas digitaisQue venham as próximas edições, com premiações mais justiças, mais histórias bem contadas e, claro, mais momentos históricos para celebrar!




Gostou do Café com Notícias? Então, acompanhe o canal no Telegram e siga o blog no Instagram, no Threads, no Facebook, no LinkedIn e assine a nossa newsletter.






Jornalista

MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

0 comentários