#Entrevista: Nicole Cordery lança livro que incentiva às mulheres a viajarem sozinhas e realizarem seus sonhos

dezembro 09, 2022


Você vai viajar sozinha? Esta é uma frase muito comum que as mulheres escutam quando decidem conhecer novos lugares sem a companhia de uma outra pessoa. Mas, é preciso vencer o preconceito e, principalmente, o medo para se abrir ao novo

Este é o tema do livro "Cadernos de viagem herdados", escrito pela atriz Nicole Cordery, cuja proposta é encorajar que um número maior de mulheres corra atrás dos seus sonhos e ganhe mais independência, inclusive para realizar viagens sozinhas. Para comprar o livro, clique aqui.

Com um projeto gráfico feito por Rita Carelli — inspirado em cadernos Moleskine, o livro convida os leitores, principalmente as mulheres, a reviverem suas próprias memórias e as estimulam a desejar ou até planejar novas viagens. "Cadernos de viagem herdados" traz a história de uma mulher que, inesperadamente, recebe um embrulho com nove cadernos de viagens que haviam pertencido à sua prima. 

Na história, dentro dos cadernos, a narradora encontra o relato intenso e envolvente de dezenas de viagens, que a prima queria publicar para incentivar outras mulheres a fazer como ela e se lançar pelo mundo. O projeto, no entanto, esbarra em um acontecimento trágico: a morte precoce da prima por COVID-19, o vírus que mudaria radicalmente a forma como as pessoas viajam.
Para falar mais deste livro tão interessante, o Café com Notícias fez uma entrevista com a autora, Nicole Cordery, de 48 anos. Atriz de formação, ela formou-se na CAL, no Rio de Janeiro, em 1996. Seu espírito nômade a levou para São Paulo em 2000 – ano em que entrou para o Grupo Tapa. E, seis anos depois, para Paris, onde cursou a École Jacques Lecoq e fez mestrado em Estudos Teatrais, na Sorbonne Nouvelle.

Nicole Cordery foi indicada aos prêmios APCA (2015) e Aplauso Brasil (2015 e 2019) na categoria Melhor Atriz. Terra Medeia, de 2021, projeto do qual é proponente, foi indicado a Melhor Espetáculo do Ano pela APCA. No cinema, atuou em Cylene, Do Lado de Fora, Entre latinhas, A Outra, Algo sobre Ilda e, atualmente, está em filmagem de Biônicos e Memories of a Lost Song. No intervalo entre uma produção e outra, durante seu confinamento em 2020, finalizou seu primeiro livro, “Cadernos de viagem herdados”. Abaixo, confira a entrevista na íntegra:

1) Como surgiu a ideia de escrever um livro que incentiva as mulheres a viajarem sozinhas? O que lhe motivou?

O fato de eu sempre ter viajado muito, desde a infância. Na vida adulta, vivi na França por cinco anos e lá fiz inúmeras viagens pelo mundo com meu companheiro, mas também tive a oportunidade de viajar sozinha. E, nessas ocasiões, percebi a potência dessa experiência. Do quanto nos conectamos profundamente com quem somos, com as nossas escolhas. Quis compartilhar essa descoberta com outras mulheres, através da escrita do “Cadernos de Viagem Herdados”. 

2) Além dessa descoberta pessoal sobre viajar, o livro também retrata a dor do luto e da pandemia. Como foi para você colocar esses elementos na história? O isolamento da pandemia também te despertou outras reflexões sobre o viver?

Sim, a pandemia despertou muitas reflexões. A viajante que vivia — de forma compulsiva em mim, também morreu na pandemia. Eu tinha passagens e planos para 2020 que nunca mais aconteceram. Essa aceitação de permanecer em casa, o entendimento e o luto da perda de pessoas próximas me fizeram reestruturar o livro para esse formato final. Uma das primas na ficção teve que morrer de COVID-19, para que os Cadernos ficassem de herança. Foi a solução simbólica para a morte da viajante. 

3) Você é atriz de formação e tem uma carreira consolidada. Como foi a decisão de escrever um livro e sair, de certa forma, da sua zona de conforto? O que mudou em você depois desta experiência? Pretende escrever outros livros?

Nossa, muita coisa mudou a partir dessa experiência. É um grande desafio, uma grande empreitada escrever e publicar uma obra. Conviver com nossos fantasmas e dúvidas durante um longo período. Crises e mais crises. Pensei em desistir inúmeras vezes. Tive o apoio de muita gente que não me deixou desistir, especialmente da minha agente, a Debora Guterman. 

A cada peça ou trabalho novo no audiovisual, o ator se depara com o novo, com o não saber. Isso me ajudou na escrita. O papel de escritora era um novo papel. Não fazia ideia se me sairia bem ou não. Mas o impulso da troca com outras mulheres era mais forte do que, necessariamente, a aprovação do “outro”. O meu livro tem como objetivo se conectar com outras mulheres, a partir de uma experiência pessoal para incentivar mulheres a viajarem sozinhas ou acompanhadas. 

Sobre projetos futuros, sim. Tenho muita vontade de me debruçar sobre o Acre e raízes familiares. É um desejo em gestação. 

4) Viajar é também lidar com o novo e, muitas vezes, superar o medo de "sair da caverna". Você acredita que, de certa forma, o livro pode ajudar outras mulheres a vencerem o medo de viajar sozinha? Você recebe muitos feedbacks sobre isso?

Sim, para muita gente sair da caverna é apavorante. Para outras pessoas ficar em casa é o pior cenário possível. O livro vem com essa ideia de mostrar para as pessoas que têm receios de viajar sozinhas, que o dragão pode não ser tão terrível assim, se olhado de perto. Recebo feedbacks de mulheres que terminaram de ler o livro e na sequência compraram uma passagem ou reservaram um airbnb, e me mandam uma foto da reserva, me agradecendo. Esse é, sem sombra de dúvida, o melhor retorno que eu poderia receber. A coragem para a ação. 

5) Você é uma pessoa que viaja sozinha? Faz viagens com frequência? Teve que vencer algum tabu em relação a isso ou não?

Sim, viajo bastante sozinha. E viajo também com amigas ou com meu companheiro. E mesmo quando viajo acompanhada eu me permito fazer pequenas viagens sozinha. Acho importante o isolamento. Preciso sempre escrever sobre o que sinto, penso, e o que se transforma em mim, e prefiro fazer isso quando estou só. Gosto de viajar sozinha para estudar personagens, para decorar textos. O livro foi praticamente todo escrito e revisado durante as viagens que fiz. Não tive que vencer nenhum tabu sobre viajar sozinha. Passei muitos perrengues e dificuldades, mas venci todos com jogo de cintura. Essas histórias compõem "Cadernos de Viagem Herdados".


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Jornalista

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