#Exposição: Inhotim recebe por 2 anos o Museu de Arte Negra (MAN) idealizado por Abdias Nascimento

dezembro 01, 2021


Em comemoração ao legado construído por Abdias Nascimento (1914-2011), o Inhotim irá sediar por dois anos o Museu de Arte Negra (MAN). A exposição será dividida em quatro atos, cada um com duração de cerca de cinco meses, desdobrados a partir de indagações postas à coleção do acervo. 

O primeiro, exibido a partir de 04 de dezembro, traz o diálogo entre a obra de Abdias, Tunga e o acervo do MAN em um espaço que remete às origens do Inhotim: a Galeria Mata, situada próximo à Galeria True Rouge, uma das primeiras da instituição e que expõe, de forma permanente.

Tunga é um dos artistas mais emblemáticos da coleção do Inhotim. Ele cresceu convivendo com Abdias, pois era filho de Gerardo Mello Mourão - um poeta que, na década de 1930, fez parte da Santa Hermandad Orquídea ao lado de diversos escritores. "Amigos de longa data, Tunga e Abdias abrem espaço para o Museu de Arte Negra, e para os próximos atos desse projeto. Cosmogonias, tradição e ancestralidade conduzem os caminhos neste encontro de mundos", diz Douglas de Freitas, curador do Inhotim.
Entre as cerca de 90 obras apresentadas estão o quadro pintado por Tunga em 1967, aos 15 anos, para o acervo do MAN; Invocação Noturna ao Poeta Gerardo Mello Mourão: Oxóssi (1972), pintura que Abdias fez em homenagem ao amigo Gerardo e à memória dos poetas da Santa Hermandad Orquídea; e a instalação Toro Condensed; Toro Expanded (1983 - 2012), na qual Tunga traz a ideia de movimento contínuo e alude a metáforas de desenvolvimento, como o ciclo da vida, que faz parte da mitologia afro-brasileira.

A coleção do MAN é composta por pinturas, desenhos, gravuras, fotografias, esculturas, dentre outras, numa pluralidade de suportes e técnicas. "Da curadoria dessa coleção e da convivência com o artista Sebastião Januário em um pequeno apartamento no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro, surgiu a ‘aventura pictórica’ de Abdias Nascimento (assim ele se referiu à sua própria produção artística)", afirma Julio Menezes Silva, coordenador do projeto Museu de Arte Negra do IPEAFRO no ambiente virtual.

Arte Negra

Importante ativista da luta anti-racista no Brasil, Abdias Nascimento (1914-2011) foi professor universitário e parlamentar. Sempre atento às expressões artísticas da população negra, ele também foi poeta, dramaturgo, curador e artista plástico. É idealizador do IPEAFRO (Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros). Em 2010, foi indicado oficialmente ao Prêmio Nobel da Paz.
O projeto do Museu foi idealizado pelo Teatro Experimental do Negro (TEN), sob a liderança de Abdias Nascimento no início dos anos 1950. Pensado para ser um "museu voltado para o futuro", o MAN nasceu com o objetivo de "recolher e divulgar a obra de artistas negros, sem distinção de gênero, escola ou tendência estética, promovendo-se, assim, a documentação de sua criatividade, estimulando sua imaginação e invenção na ampla faixa de expressão plástica", como bem explicou Abdias Nascimento em entrevista para o extinto Correio da Manhã (1968, acervo IPEAFRO).

A iniciativa traduz o desejo dele de desafiar os conceitos vigentes sobre a arte moderna, revelando sua relação com a estética africana. Além disso, o espaço tem como proposta apoiar e promover a produção de artistas negros de todo o mundo, além de enfrentar o racismo em suas dimensões estética e institucional.

Serviço

Museu de Arte Negra - Primeiro ato: Abdias Nascimento e Tunga
Período expositivo: 04 de dezembro de 2021 a 10 de abril de 2022
Local: Galeria Mata do Instituto Inhotim
Visitação: de quinta a sexta-feira, das 9h30 às 16h30; e aos sábados, domingos e feriados, das 9h30 às 17h30 
Ingressos: R$ 22 (meia) e R$ 44 (inteira) no Sympla.




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