#BlackMoney: Afroempreendedorismo se fortalece como alternativa para movimentar a economia

maio 16, 2021


Você já ouviu falar em #afroempreendedorismo? O termo tem ganhado destaque por abrir espaço para que haja crescimento de empreendedores negros. Não se trata de propor um nicho, mas sim de mostrar que, infelizmente, ainda existem inúmeras dificuldades de se lançar e de se estabelecer no #mercadodetrabalho. Por isso, esse conceito é uma forma de propor que a sociedade passe a valorizá-lo mais para que ele consiga também mostrar o seu lado criativo e, assim, fazer gerar a economia.

Assim como em muitas áreas, o afroempreendedorismo também está presente na #tecnologia, principalmente em startups. Contudo, o setor ainda se constitui como um reflexo da desigualdade racial existente no país, sendo constituído, majoritariamente, por pessoas brancas. Nem mesmo o cenário de pessimismo provocado pela pandemia tem consigo desacelerar o mercado de startups do Brasil. Até novembro de 2020, foi investido o valor de US$ 2,87 bilhões em startups no país, segundo dados do Inside Venture Capital Brasil

"A diversidade é um dos pontos-chave para que a tecnologia atenda e alcance as pessoas de forma mais inclusiva, mas infelizmente ela ainda não faz parte da nossa realidade", reflete o afroempreendedor Átila Lage, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento na Dixx, um aplicativo de intermediação de serviços domésticos. 

A percepção de Lage é evidenciada no Mapeamento de Comunidades 2020 da Associação Brasileira de Startups (Abstartups). De acordo com o levantamento, entre 2015 e 2019, o número de startups mais triplicou no país, passando de 4.151 para 12.727. Mas não apresentou avanços no que diz respeito ao perfil dos fundadores, que é constituído por 64,8% de pessoas declaradas brancas, 22,7% pardas, 5,8% pretas, 2,2% amarelas e 0,5% indígenas. Segundo o IBGE, 56% da população brasileira se autodeclara negra (preta ou parda).

Na contramão das estatísticas, a Dixx é inteiramente formada por pessoas negras e, apesar dos desafios que afroempreendedores enfrentam em um ambiente majoritariamente branco, a empresa tem recebido alguns indicativos da consistência do trabalho realizado. 

Em 2020, ela foi eleita uma das dez melhores startups de Salvador (BA) pela Amcham Arena e recebeu, pelo segundo ano consecutivo, o Selo de Diversidade Étnico-Racial da Prefeitura da capital baiana. A empresa foi acelerada pelo Sebrae Bahia, compõe a rede Vale do Dendê e está sendo acelerada em uma parceria da Google for Startups com a Vale do Dendê e Qintess.

"Uma startup composta por pessoas negras ainda não é algo comum, ainda que sejamos de Salvador, na Bahia. Por isso, algumas pessoas enxergam nosso negócio como algo passageiro ou nos veem como amadores. Mas, felizmente, estão surgindo muitas iniciativas voltadas para esse público, estamos caminhando a passos lentos, mas estamos em movimento", pontua Lage.

A pouca representatividade negra entre os fundadores de startups na capital baiana também é apontada pelo Mapeamento da Abstartups, segundo o qual 18,2% dos fundadores são pretos, 32,2% são pardos, e 46% se diz branco. Ainda que pretos e pardos sejam maioria, o quantitativo apontado pela pesquisa é baixo para uma cidade em que, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, o número de negros é superior a 80%. 

Nesse contexto, empresas como a Dixx têm tido muita importância para que pessoas negras se inspirem e tenham acesso ao mercado de tecnologia. "Enquanto população negra, temos atravessamentos, olhares e perspectivas que conseguimos compreender a partir de um mesmo lugar de pertencimento. A inclusão não fica de fora disso. Sabemos o quanto é importante termos referências, nos enxergar enquanto potência e influenciar outras pessoas para irmos tecendo nossa rede", defende o afroempreendedor, Átila Lage.
O afroempreendedor, Alexandre Átila Lage, defende mais representatividade negra no mercado das startups. Crédito: Divulgação. 

Para ele, já é perceptível o aumento da participação de jovens negros em eventos de tecnologia, especialmente na capital baiana. "Mas acredito que faltam eventos, palestras e mídias que conversem também com nossos interesses, com o que almejamos, espaços onde a gente se veja. Pois temos muita criatividade para ser colocada em prática e inovações para serem alcançadas", complementa.

Inovação

A Dixx foi criada em 2019 com a proposta de ser uma empresa que faz a intermediação de bons profissionais e clientes. O aplicativo foi pensado por Ewerton Souza e Ana Carolina Soares ao perceberem que não tinham um meio de buscar pessoas capacitadas, ao mesmo tempo que as pessoas que realizavam serviços domésticos não estavam satisfeitas com a valorização e remuneração recebida.

O aplicativo de serviços domésticos conta com mais de 300 profissionais cadastrados, ofertando serviços de limpeza empresarial e residencial, passadoria, lavagem de estofados, cozinha e mudança. Tem mais de 27 mil clientes inscritos, com prestação de serviço em Salvador, Lauro de Freitas, Camaçari e Feira de Santana e, ainda este ano, deve iniciar operações em Sergipe. O @dixxapp pode ser baixado de forma gratuita no Google Play e App Store.




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