#Obituário: Despedida da atriz Eva Wilma nos faz relembrar de grandes momentos da teledramaturgia
maio 16, 2021O Brasil perdeu uma grande dama da nossa teledramaturgia. Morreu na noite deste último sábado (15/05), por volta das 22h, a atriz Eva Wilma Riefle Buckup, aos 87 anos. Ela foi internada no dia 15 de abril deste ano, na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Albert Einstein, quando deu entrada para tratar de problemas cardíacos e renais. No dia 08 de maio, foi diagnosticada com câncer de ovário, mas não resistiu ao tratamento. A notícia foi confirmada em um plantão da TV Globo, no intervalo do programa “Altas Horas”.
"Comunicamos que a atriz Eva Wilma acaba de falecer, em função de um câncer de ovário disseminado, levando a insuficiência respiratória. Nossos profundos e sinceros sentimentos a todos os familiares, especialmente a John Herbert Buckup Jr. e Vivien Buckup", explica o comunicado oficial divulgado pela assessoria da atriz e publicado nas redes sociais.
Bailarina e pianista de formação, Eva Wilma sempre se dedicou à TV e ao teatro com inúmeros papéis marcantes. A sua última novela foi o "O Tempo não Para"(2018), em que ela interpretou a Dra. Petra, que queria estudar os personagens que haviam sido "congelados" no século passado, após um naufrágio. Outro papel marcante foi a Tia Iris, da novela “Fina Estampa” (2011), que foi reprisada no ano passado, em função da pandemia da COVID-19.
Eva Wilma também fez um enorme sucesso com a série “Alô, Doçura!”, da TV Tupi, inspirada no “I love Lucy”, na década de 1970. Ela também fez a primeira versão de "Mulheres de Areia" (1973), na qual interpretava as gêmeas Ruth e Raquel.
Ainda na Tupi, estrelou a primeira versão da novela “A Viagem” (1975), em que interpretava a protagonista Dinah. Já na TV Globo, um de seus personagens mais marcantes foi a vilã Altiva, de “A Indomada” (1997), que rendeu vários prêmios para a atriz, além da médica Marta, da série “Mulheres” (1998), dirigida por Daniel Filho.
Eva fez inúmeras novelas de sucesso. O Gshow chegou a fazer uma matéria falando que Christiane Torloni seria a herdeira natural de Eva Vilma, por ter feito alguns remakes de novelas que a atriz foi protagonista. Além de ter feito inúmeras mocinhas na TV, Eva Wilma também era militante da área cultural. Na Ditadura Militar, chegou a participar de uma passeata, ao lado de outras atrizes, como Tônia Carreiro, pelo fim da censura.
Memória afetiva
“Oxente, my god!”. Esse bordão da vilã Altiva, da novela “A Indomada”, me marcou muito! Altiva era uma vilã engraçada, debochada, que unia expressões nordestinas com americanas. Tinha a síndrome de vira-lata que alguns brasileiros ainda têm de acreditar que o que vem dos Estados Unidos ou da Europa é muito melhor. Um retrato caricato que não deixa de ser uma crítica importante e, ainda, atual.
O sucesso do bordão foi tão grande que o autor Aguinaldo Silva o repetiu em Tia Iris, na novela "Fina Estampa". E mesmo com uma vilã tão marcante como essa de Eva Vilma, “A Indomada” teve muitos problemas. Não foi uma novela redondinha. A mais marcante é em relação a abertura. Os autores Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares não gostaram do resultado e passaram a reclamar publicamente do trabalho desenvolvido por Hans Donner e sua equipe.
De acordo com o site TV História, "na abertura, ao som de Maracatu, de Sérgio Mendes, uma bela moça, com um vestido vermelho e cabelos soltos, corria por um solo árido. Essa mulher era Maria Fernanda Cândido, que ainda não era atriz da casa – portanto, era desconhecida do grande público. Na vinheta, ela vencia barreiras se transformando em elementos como fogo, água e pedra, deixando um rastro de canavial por onde passava".
Para contornar a situação, a direção optou por colocar a música “Unicamente”, de Déborah Blando, como trilha, mas não refez a abertura. Mesmo com a reprise, anos mais tarde, o assunto ainda gera desconforto. Uma prova de que uma abertura bem feita pode ser o diferencial de qualquer novela.
Outra curiosidade é que Greenville e Cerro Azul, cidades fictícias criadas por Aguinaldo Silva, já foram mencionadas em outros trabalhos, como no caso de “O Sétimo Guardião”, novela que também quis abocanhar o realismo fantástico, mas que se perdeu na sua própria narrativa, além de problemas nos bastidores no elenco.
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Jornalista
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