#Streaming: Live Shows de artistas no Youtube confirmam o poder da internet frente à TV

abril 21, 2020

Crédito: Freepick / Reprodução. 

Em tempos de Novo Coronavírus e isolamento domiciliar, as pessoas têm buscado formas alternativas para entretenimento. E uma que passou a se destacar são as live show dos artistas brasileiros no Youtube, em especial dos sertanejos.

Com uma mega produção e lotado de merchandising, essas transmissões ao vivo têm conseguido obter milhões de pessoas assistindo ao mesmo tempo e, em alguns casos, estimulando a doação para causas sociais ou para hospitais que estão precisando equipar a sua linha de frente para as ações de enfrentamento à COVID-19.

Fazer transmissão ao vivo pelas redes sociais é algo que não é novidade, sobretudo nos Stories do Instagram. Porém, para fazer shows ao vivo, o Youtube, dentre todas as redes sociais, se mostra a melhor plataforma para esse tipo de ação...apesar que alguns artistas replicarem a transmissão depois (ou parte dela) para as outras redes sociais. Apenas como curiosidade: também é possível fazer transmissão ao vivo pelo Facebook e pelo Twitter. Praticamente, todas as redes sociais já se renderam a era dos vídeos ao vivo.

Se pararmos para pensar, a live – como ferramenta de transmissão de conteúdo ao vivo para o público, sempre esteve à disposição dos artistas, mas somente agora passou a fazer sentido e ganhar popularidade. Por incrível que pareça, muitas pessoas têm relatado nas redes sociais que não tem interesse em ver o conteúdo da TV (aberta ou paga), mas que tem se divertido muito com as lives, porque dá pra ver na TV, no celular, no tablet ou no computador. 

A principal característica dessas lives são a espontaneidade dos artistas que não se furtaram em ficar bêbados, como se estivessem em um bar com os amigos, falam algumas besteiras que divertem o público e alguns, mais afoitos, até fazem referência ao Borsalino (mesmo com todos os indícios de que ele não é um exemplo a ser seguido). Além disso, as lives tem unido debates calorosos nas redes sociais e ajudou os internautas a renovarem o pacote de memes e de figurinhas no Whastapp.

O sucesso das lives é tão grande, mas tão grande, que fez a Record TV transmitir na TV aberta e também nas suas plataformas digitais, a live show de  @fernandoesorocaba, no último sábado (18/04), após optarem pela reprise na semana anterior, do programa Legendários que não foi bem de audiência. 

Há quem diga que as live show multiplataforma vieram para ficar e que de opção momentânea, tem potencial para se tornar um novo negócio lucrativo, pois a TV aberta ficou desesperada ao ver grande parte da sua verba publicitária migrar para a internet. Unir força com a internet seria a melhor opção para não perder receita, nem prestígio.

Já a Rede Globo não só transmitiu duas músicas da live show de @robertocarlos durante o Domingão do Faustão, no último domingo (19/04), como também colocou as suas plataformas digitais para transmitir o show na íntegra. O sucesso foi tão estrondoso que a Globo escalou para o próximo sábado (25/04) uma live com @ivetesangalo, logo depois da novela das 9, Fina Estampa (que está em reprise em edição especial por conta do Coronavírus).
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Mas, quanto custa fazer uma live show? Nos bastidores, dizem que a estimativa para se produzir uma live com esse aporte de recursos gira em torno de R$ 90 mil e que, por isso, a entrada de patrocinadores seria tão importante para sustentar a viabilidade do negócio. 

Apenas colocar uma câmera ou um celular virado para um palco improvisado também seria possível, mas os artistas sabem da exigência do público e, mais do que isso, sabem que o investimento em produção pode render um bom retorno financeiro, sobretudo em um momento em que eles estão impedidos de fazer shows arrastando milhares de pessoas.

Apesar dos artistas se recusarem a revelar o valor do quanto eles lucraram com cada live, uma estimativa aponta em torno de R$ 500 mil, sobretudo se levarmos em conta o retorno de visibilidade não só das marcas que foram expostas durante a transmissão ao vivo, mas o próprio evento em si que ganhou os noticiários e se tornou um dos assuntos mais comentados nas redes sociais. Inclusive, algumas rádios também notaram o potencial das lives e já se colocaram como parceiras de alguns artistas.

Porém, o excesso de merchandising chamou a atenção não só dos internautas, como também do próprio Youtube (controlado pelo Google), que sempre teve regras muito rígidas sobre direito autoral de música, publicidade online e se o conteúdo é ou não voltado para o público infantil

Mas, o que muitos artistas esquecem é que rede social não é um site particular que você pode fazer o que quiser. Cada rede social tem as suas regras, independente se você é ou não celebridade. E, por isso, o Youtube que não é bobo nem nada, resolveu dar um strike (uma espécie de castigo ou aviso) em alguns artistas para que eles se conscientizem sobre a importância de cumprir as regras da plataforma.

E uma dessas regras que mais tem chamado a atenção é sobre o uso desenfreado de bebida alcoólica, o que é veemente proibido. Caso haja a necessidade de aparecer a bebida, precisa ser acompanhado de uma mensagem de “beba com moderação”. 

Outro ponto importante é que o dono do canal (ou administrador) precisa definir qual é o público do vídeo e/ou da transmissão online. O Youtube divide o conteúdo que é voltado para crianças do que é conteúdo voltado para adultos. Você até pode ter a sensação de estar falando para todo mundo, mas na verdade não está.

Ainda, nas diretrizes do Youtube, não se pode fazer apologia ao consumo de drogas lícitas e ilícitas. Por conta disso, o dono do canal (ou administrador) precisa deixar claro se haverá ou não promoção paga e quais são as ações que entrarão ao longo da live show por meio do Youtube Studio. Por isso, mais do que gastar dinheiro com equipamento e uma super produção por detrás das câmeras, os artistas precisam contratar alguém que estude a plataforma e os oriente sobre o que é ou não é permitido dentro do Youtube.
Crédito: Freepick / Reprodução. 
Além disso, o Youtube disponibiliza uma outra forma de arrecadar recursos para que criadores que possuem mais de mil inscritos e mais de 4 mil horas de exibição pública de vídeo, possam se auto sustentar: a criação do botão “Seja Membro”, em que o dono do canal convida os seguidores para uma espécie de clube de assinaturas, uma forma de ajudar o canal a ter financiamento próprio.

Geralmente, os Youtubers que ativam o botão “Seja Membro” realizam conteúdo exclusivo para os assinantes, como envio de links de vídeos não listados (só quem tem o link que consegue ver) ou transmissões ao vivo, por exemplo. 

Outra forma de ganhar dinheiro com o canal é a ativação do “Super Chat” na transmissão ao vivo em que os internautas pagam para que as suas perguntas ganhem visibilidade dentro do chat, durante a transmissão ao vivo, ou que possam usar emojis ou figurinhas exclusivas

O mais interessante disso é que nenhum dos artistas que fizeram live show se ligaram que poderiam ter usado esses recursos para engrossar a arrecadação de doações, por exemplo. Ou seja, não basta só ter equipamento e produção, é preciso entender as potencialidades da plataforma.




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Jornalista

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