#PedaladaFemininja: Evento de ciclistas levanta debates sobre feminismo e mobilidade em BH

março 04, 2020

Crédito: iStock / Reprodução. 

Na sexta-feira (06/03) que antecede o Dia Internacional das Mulheres (08/03), várias belo-horizontinas irão percorrer, de bicicleta, a região central da cidade durante a #PedaladaFemininja, evento anual que reúne dezenas de mulheres em protesto por igualdade de gênero e mobilidade urbana. 

No ano passado, o pedal-manifesto levou mais de 80 ciclistas às ruas, número que deve ser superado em 2020. A atividade termina embaixo do Viaduto Santa Tereza, em Belo Horizonte (MG), em um festa aberta, feita por e para mulheres. Nesta edição, o lema se relaciona com os últimos acontecimentos da capital mineira: “Mulheres são como as águas, crescem quando se juntam”

Para as femininjas, a construção da capital mineira se baseia em um modelo de urbanização que sufoca os rios, as mulheres e o ciclismo. A ideia do protesto é chamar a atenção para um problema anterior às enchentes que afetaram o estado nos primeiros meses do ano que é resultado de um projeto ultrapassado de desenvolvimento urbano e que precisa ser revisto. 

“A água é sinônimo de vida, não de morte. As inundações e desabamentos que têm ocorrido aqui e em todo o estado, afetando centenas de famílias, não devem ser tratados como acidentes ou desastres naturais, mas, sim, como consequência de um capitalismo desenfreado, que constrói cidades para carros e negligencia outras vivências urbanas”, defende Lucilene Alencar, uma das organizadoras do evento. 

Até mesmo o caminho das femininjas foi pensado para levantar debates. Seguindo o tema das águas, o trajeto evidenciará trechos dos Córregos do Leitão e Acaba Mundo, escondidos sob o concreto, além de passar pelos arredores da Rua Marília de Dirceu, no Lourdes, uma das mais atingidas pelas chuvas do dia 28 de janeiro. 

Também serão realizadas oficinas, intervenções urbanas e artísticas e a fala de mulheres ativistas que compartilharão experiências em pontos chave do percurso. A rota é curta e suave para contemplar ciclistas com diferentes níveis de experiência.

Empoderamento

Este ano, a pedalada está sendo construída por mulheres integrantes de iniciativas que incentivam o uso da bicicleta na capital mineira, como a Associação dos Ciclistas Urbanos de Belo Horizonte – BH em Ciclo, o coletivo Bike Anjo BH e o pedal para mulheres, Terça das Manas. Esses grupos também se unirão para realizar, em 2021, o principal evento feminino de ciclismo do país, o 100Gurias 100Medo
Pedalando pelo fim da violência contra as mulheres em 2018. Crédito: Bruno Senna / Reprodução. 
A rede Bike Anjo é nacional e possui nove anos de história, sete deles atuando também em BH, com o objetivo de ensinar pessoas de todas as idades a pedalar com a ajuda de voluntárias e voluntários. 

Mensalmente, é realizado o Pedal das Anjas, puxado por uma “Bike Anja” que incentiva outras mulheres a pedalarem. “A ideia é unir ciclistas mulheres todo mês com rotas e horários diferentes, assim fica facinho de acompanhar”, descreve Elisa Dias, integrante do grupo.

Protagonistas

“Uma cidade onde mulheres pedalam e transitam, com segurança, nas ruas e nos transportes públicos é sinônimo de uma cidade segura para todas e todos”, diz Marcela Viana, integrante da BH em Ciclo e organizadora do Terça das Manas

“Toda semana nos reunimos para pedalar. Mas entenda: pedalar vai muito além de usar a bicicleta como modal de transporte. Quando a gente sai de casa é pra desbravar a cidade e sentir o vento no rosto. É pra ocupar a via com nossos ideais de liberdade e empoderamento, mostrando a força que um grupo de mulheres emana quando se reúne”, esclarece Márcia Pereira, integrante do Terça das Manas, em uma postagem sobre o Pedal da 3ª Semana da Visibilidade Trans e Travesti, que não ocorreu justamente pela forte chuva que atingiu a cidade, na última terça-feira de janeiro, deixando a turma de ciclistas ilhada por horas, nos arredores da Praça Raul Soares.
Pedalada Femininja no centro de BH em 2019. Crédito: Nádia Nicolau / Reprodução. 
Outro evento que marcou a construção da #PedaladaFemininja foi o Pedal Pelo Fim da Violência Contra a Mulher, em novembro de 2018. A partir dessa atividade surgiu o GT Mulheres da BH em Ciclo, que desde então tem promovido reuniões mensais, com o objetivo de fortalecer e organizar as associadas, além de pensar ações relacionadas à mobilidade das mulheres e incluir o recorte de gênero em outras atividades da associação. 

Com a máxima “mulher no pedal é mudança social”, diversas ações são organizadas para marcar datas importantes e divulgar a causa. Esse foi um dos argumentos usados pelas belo-horizontinas durante a votação que decidiria pela sede do evento em 2020. A vencedora foi a nordestina Recife (PE), em uma disputa acirrada, que acabou por garantir à Belo Horizonte a preferência em 2021. 

SERVIÇO

Pedalada Femininja
Mulheres são como as águas, crescem quando se juntam
Data: 06 de março | 19h
Local: Concentração na Praça Raul Soares // Fim do trajeto e confraternização embaixo do Viaduto Santa Tereza | aprox. 21h.




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