#CaféFolia: Autoridades impedem blocos de BH de desfilarem ao exigir documentação em cima da hora
fevereiro 21, 2020Crédito: Antonio Salaverry / Arquivo Pessoal. |
A alegria de ver o @carnavaldebh figurar entre um dos melhores do país, deu lugar ao desespero. Tudo isso faltando poucos dias para o início da folia. É que o Detran-MG alega irregularidades nos carros de som utilizados nos cortejos, uma vez que muitos veículos foram adaptados para essa finalidade, apesar de que o seu uso original se destina a outro fim. Ao mesmo tempo, a Polícia Militar mandou avisar que bloquinho com a documentação irregular não sai na rua.
O mais curioso é que essa decisão só saiu na semana da véspera do Carnaval, deixando os organizadores dos bloquinhos de cabelo em pé com a possibilidade real de deixar vários bloquinhos de fora da festa, fazendo com que outros, que estão regularizados possam ter uma sobrecarga não só no volume de pessoas na rua, como também nos músicos e produtores que dependem da folia para tirar o seu ganha-pão.
Outro ponto que chama a atenção nessa história é que nos anos anteriores, as autoridades não fizeram nenhum tipo de vistoria nos carros de som ou nos trios elétricos. As autoridades se negam a dor o braço a torcer, mesmo sabendo dos inúmeros prejuízos social e econômico que a medida pode causar para o carnaval de rua da capital mineira.
Toda fiscalização é sempre bem vinda para garantir a segurança das pessoas, mas nesse caso o que se percebe é que há um uso das normas legislativas para forçar uma burocracia e impedir o carnaval na cidade, e não necessariamente uma preocupação com a segurança dos foliões.
Não é a primeira vez que o Carnaval de Rua sofre com ameaças. Nos últimos anos, a gestão do ex-prefeito Márcio Lacerda, por exemplo, chegou a avisar que iria multar quem abrisse o comércio nas ruas da região centro-sul, como forma de varrer os possíveis foliões da área central da cidade.
Além disso, existe um grupo político-social que não se cansa em querer matar o carnaval de rua da cidade, como era há menos de 30 anos atrás em que apenas a Banda Mole seguia com a missão de não deixar o carnaval de BH morrer.
Os quase 60 blocos de rua que foram, de alguma forma, atingidos por essa decisão burocrática, passaram a se mobilizar durante toda semana para pedir apoio da sociedade para pressionar o Governo de Minas e a Prefeitura de Belo Horizonte a não deixar o carnaval de rua morrer por conta de uma burocracia.
Existe uma preocupação, do ponto de vista econômico, de que essa decisão possa impactar o trabalho dos camelôs, lojistas, rede hoteleira e empresários que podem ter um prejuízo enorme por conta de uma decisão jogada no ventilador aos 45 segundos do segundo tempo.
"(...) Apesar dos blocos estarem em dia com tudo que foi solicitado pela BELOTUR, a PMMG mantém sua postura de impedir desfiles devido a uma burocracia que até então não era de conhecimento dos blocos, que não tem dinheiro para contratar outros carros em cima da hora", explica a nota publicada no Instagram do bloco "Então, Brilha", um dos mais tradicionais da cidade.
Em outro trecho da nota, o alerta fica ainda mais evidente. "(...) a poucos dias da folia, o cenário é de desespero. nosso trabalho de um ano pode ser jogado fora. centenas de trabalhadores ambulantes terão sua possibilidade de trabalho prejudicada. alguns blocos que recebem patrocínio precisarão rescindir contratos e ficar no vermelho. os blocos que sobrarem ficarão tão lotados que a estrutura certamente não comportará", diz o texto.
No decorrer do dia, a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE) conseguiram disponibilizar dois carros de som para que os blocos que não conseguiram regularizar seus veículos possam desfilar no carnaval de Belo Horizonte.
Até o fechamento desta edição, 15 blocos tiveram problemas em regularizar seus veículos e corriam o risco de não desfilar. O Café com Notícias apoia a luta dos bloquinhos de rua para desfilar e, manifesta apoio à causa que tem conseguido mostrar a força do Carnaval de BH não só para o Brasil, mas para o mundo.
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Jornalista
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