#Comunicação: Mesmo sob ataques, o Jornalismo Profissional já passou da hora de se reinventar!

janeiro 08, 2020

Crédito: Freepick / Reprodução. 

Você é desses que acredita que o Jornalismo vai morrer? Eu não. O que está morrendo é a maneira como é produzida e consumida a notícia. Digital e offline não são rivais, mas é preciso entender que cada um tem o seu papel na vida do público-leitor-consumidor-assinante. A apuração, que é o alicerce dos jornalistas, jamais vai sair de moda. Mas o modo como essa investigação/pesquisa é apresentada ao público, isso sim, vai mudar. Ou melhor, já está mudando! 

Porém, não são todos os executivos de mídia que se atinaram para essa mudança. Não adianta querer ter o mesmo faturamento da mídia comercial tradicional de 10, 20 ou 30 anos atrás. Muito menos ficar refém da publicidade governamental para sustentar um modelo de negócio caro que não faz mais sentido nos dias de hoje. Por isso, mais fácil do que mudar o “mindset” em relação aos negócios de mídia, é dizer que o Jornalismo está morrendo, ou que vai acabar, como insiste Bolsonaro, por exemplo. O buraco é mais embaixo.

Não é de hoje que ex-deputado do baixo clero ataca a atividade jornalística no Brasil. A última “pérola” dele foi dizer que “jornalista é uma espécie em extinção” e que a profissão deveria estar ligada ao IBAMA. O ataque gratuito à imprensa surgiu após ele ser questionado por repórteres na porta do Palácio do Planalto, em Brasília-DF, sobre qual reforma o governo quer emplacar primeiro e se ele iria conseguir manter o diálogo com as Casas Legislativas

Ao invés de responder à pergunta, o presidente cutucou a imprensa. Não é a primeira vez que ele usa esse truque para fugir de respostas e causar mais controvérsia: melhor atacar os jornalistas e desviar o foco. Assim como os demais políticos, o presidente odeia críticas. E, por ele, a imprensa deveria apenas ser um porta-voz das suas ideias malucas. Tem gosto para tudo!

Em meio a todas essas baboseiras, uma coisa se salva: o jornalismo mudou mesmo, daí! Ou melhor, está mudando! Se antigamente, os jornais impressos é quem pautavam toda a imprensa com as suas reportagens exclusivas, hoje a internet cumpre esse papel em tempo real, seja com perfis nas redes sociais, seja em sites, blogs, canais no Youtube ou podcasts

Numa época em que as Fake News ainda assombram a população, o Jornalismo Profissional tem o seu lugar, mesmo que alguns veículos teimam em não querer mudar a narrativa noticiosa ou a forma de como oferecem o seu cardápio noticioso ao público.

Muito provavelmente, a reinvenção do jornalismo se perpassa também pelo descobrimento de um novo modelo de negócio. Quem aqui ainda compra jornal impresso de manhã para ficar informado? A informação do que acontece diariamente está nas redes sociais, na web, e não mais no impresso. 

E isso acontece também com a TV e com o Rádio. Você não precisa mais assistir ao Jornal Nacional para saber o que mais de importante aconteceu no dia. Existem outras formas. O público tem várias opções, sobretudo a de não assistir ou priorizar outro conteúdo mais ameno, como os serviços de streaming, seja de música ou de audiovisual.
Crédito: Freepick / Reprodução. 

Então, de que maneira é possível fisgar esse público que consome notícia com agilidade, sem que isso onere o faturamento comercial dos veículos de comunicação? Essa é a pergunta do momento e que todos nós estamos quebrando a cabeça. 

Entupir de publicidade é a mesma coisa de pedir para afastar a audiência. Por isso que o Marketing de Conteúdo tem ganhado tanto espaço: as pessoas querem se sentir informadas, mesmo quando a proposta seja convencê-las a decidir pela compra de um produto ou serviço.

Enquanto não descobrimos como financiar as novas narrativas jornalísticas, algumas iniciativas têm conseguido se destacar, como é o caso do projeto Reload. Trata-se de um grupo de 10 veículos de mídia independente que apresentou um projeto vencedor na edição 2019 do Google News Challenge, um projeto da Google News Lab que incentiva o desenvolvimento de novos modelos de negócios na produção jornalística no mundo online.

Participam desta inciativa a Agência Pública, Agência Lupa, Repórter Brasil, Congresso em Foco, Ponte Jornalismo, Énois, Colabora, O Eco, Marco Zero Conteúdo e Nova Escola. A ideia é produzir vídeos curtos e dinâmicos a partir do conteúdo das organizações que participam do consórcio. 

De acordo com os organizadores, o Reload pretende aumentar o engajamento de jovens brasileiros com jornalismo de qualidade e transformar a relação das novas gerações com as notícias, fortalecendo o ecossistema do jornalismo digital no Brasil. Muito bacana isso, né!

Perspectiva

Sob condições adversas, o jornalismo se readaptou. Ou melhor, está se adaptando. E deverá passar por mudanças ainda maiores em 2020. Essa é aposta dos jornalistas e pesquisadores brasileiros convidados pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e pelo Farol Jornalismo para projetar os caminhos que a profissão deve seguir no próximo ano. 

O especial "O jornalismo no Brasil em 2020", que reúne dez artigos sobre temas como segurança dos jornalistas, colaboração e empreendedorismo está disponível gratuitamente neste link.

Nesta quarta edição, o panorama é dos mais complexos. A hostilidade em relação à imprensa, combinada ao contexto político, cria um ambiente de imprevisibilidade para a profissão. As eleições municipais, que irão acontecer no segundo semestre de 2020, também receberam a atenção dos dez autores.




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