#CrisePolítica: Negação da identidade social diminui a representatividade e fragiliza a Democracia

fevereiro 07, 2019

Crédito: iStcok / Reprodução. 

Estamos vivendo um momento em que a Democracia está correndo riscos. A divisão de poder simbólico incomoda, enquanto há um crescente aumento do discurso ultraconservador-religioso-eugenista. Em nome do capital a qualquer custo e do lucro, grupos empresariais e políticos neoliberais ultraconservadores acreditam que a retirada de direitos sociais é a melhor forma de fazer a economia crescer, o que não é verdade.

Só para você ter uma ideia, o Brasil é o país em que os mais ricos não pagam a mesma quantidade de impostos que o trabalhador. Com a classe média sangrando de tanto pagar impostos, a discussão da reforma tributária começa a ganhar forma nos noticiários. Porém, a imprensa - sobretudo a da mídia tradicional, ainda tem dificuldade de explicar o tema e aprofundar o debate do quanto o trabalhador pode sair prejudicado.

Em nenhum momento, o debate sobre a diminuição de direitos trabalhistas, de perda de seguridade social, de justiça social ou distribuição de riquezas vêem à tona. Somente se fala que é preciso repensar a previdência social, o cálculo da aposentadoria do trabalhador da inciativa privada e a questão da crescente folha de pagamento dos servidores, dos aposentados e pensionistas da administração pública. Até agora, nada foi dito sobre como isso pode afetar o trabalhador e quando o País terá um taxamento de grandes fortunas, por exemplo. Querem sangrar o trabalhador, apenas!

E ainda temos um problema sério de pertencimento social e de autoaceitação de identidade étnica, de gênero ou de grupo social, fruto de décadas de mau acesso a educação de qualidade e de entendimento do que é cidadania. E isso não é de agora: lá no período de exploração portuguesa no Brasil, por exemplo, quando a família real saiu de Portugal e veio estabelecer o Império no "Novo Mundo", já acreditávamos que era melhor ter do que ser, que a persona do rico com posses era sinônimo de relevância social, de importância e respeito. E o mais grave: quem não era branco e da elite não prestava.

Claro que muita coisa mudou de lá para cá, mas essa inversão de valores provoca ondas até os dias de hoje. O trabalhador que acende socialmente, saindo da pobreza para a classe média, renega as suas origens de trabalhador, mesmo que tenha uma melhor condição de vida, ele se esquece que necessita de salário para sobreviver, assim como o trabalhador mais simples, que ganha um salário mínimo. Ele se esquece que as leis trabalhistas são para todos, que protege tanto o faxineiro, quanto o diretor da empresa.

Mas, por conta dessa inversão de valores, o trabalhador de classe média compartilha a visão do empresário rico e o defende com "unhas e dentes". Mesmo tendo apenas uma emprega doméstica em casa no regime CLT, por exemplo, ele acha um absurdo ter que pagar todos os impostos das leis trabalhistas e alguns encaram como o cúmulo do absurdo quando a emprega diz que vai viajar de avião e passar as férias na praia. "Que ousadia, né!", diria um reacionário. Quantas vezes você já viu esse discurso?

É claro que a sociedade muda com o passar do anos. Pensar em novos modelos de lei trabalhistas e de reforma tributária são fundamentais para que passamos a atender as novas demandas que vão surgindo com o tempo. Mas é preciso pensar que existem dois ou mais lados da mesma história. Os empresários precisam prosperar para que haja geração de empregos e novos campos de trabalho, mas ao mesmo tempo também precisamos de justiça social e distribuição de renda para os trabalhadores. Só um lado ganhar é injusto e não condiz mais com a nossa realidade de mundo. Os tempos mudaram, mas quem ainda detém o poder econômico não quer aceitar.

Mulheres, negros, indígenas, LGBTs e as demais minorias precisam entender o seu lugar de pertencimento dentro da Democracia, sobretudo na hora de escolha de representantes políticos nas eleições. Só haverá renovação política quando olharmos para os três poderes (executivo, legislativo e judiciário) e nos vermos representados. Por ora, a grande maioria de políticos que temos hoje são homens brancos héteros empresários ou ligado de alguma forma com empresários. Você acha, sinceramente, que eles vão representar a maioria do povo brasileiro?





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Jornalista

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