#Política: Afinal, o que queremos para o nosso Brasil pós eleições presidenciais?

novembro 16, 2018

Foto: Wikimedia Commons / Reprodução. 

Passado as #Eleições2018, o Brasil vive um paradoxo ideológico: boa parte dos brasileiros acreditam – de forma cega e baseada no senso comum, que a perda de DIREITOS SOCIAIS é importante para que o País volte a crescer e, dessa forma, garanta mais vagas de emprego e, principalmente, poder de compra. Mas, o mais chocante é observar o discurso de que para limpar de vez a corrupção precisamos abrir mão dos nossos direitos adquiridos. Isso é surreal! 

Claro, não são todas as pessoas. A afirmação acima é de uma parcela, apenas. Não do todo. Mas foi essa parcela que optou por trazer a direita ultraconservadora ao Poder. Essas mesmas pessoas se esqueceram do “milagre econômico” que o Brasil viveu (no 2º mandato do presidente Luiz Inácio da Silva, hoje preso político no País) e que não precisou ninguém perder nada. Afinal, o que queremos para o nosso Brasil pós eleições presidenciais?

A crise política que o Brasil viveu nos dois últimos anos – e que culminou no golpe que tirou Dilma Rousseff do poder, contribuiu para esse apagão das conquistas sociais. Os escândalos de corrupção ecoaram mais alto na opinião pública. Não que a corrupção não mereça ser divulgada e responsabilizada de forma criminal. Não é isso. 

Os casos de corrupção – sobretudo da Lava Jato, tiveram uso político...como se apenas um partido estivesse envolvido ou chefiando uma quadrilha. Foram mais de 20 partidos com esquemas de propina, lavagem de dinheiro, desvio de dinheiro público e caixa 2. Colocar toda a responsabilidade em apenas um partido é covardia. E, atualmente, a própria mídia tradicional está pagando um preço muito alto com o monstro que criou.

O que era para ser encarado como conquistas sociais importantes para gerar equidade foi visto por parte da elite brasileira como privilégio…ou melhor, como esmola, um desperdício de dinheiro público. E mesmo o cidadão que saiu da miséria e foi para a pobreza – ou o cidadão pobre que emergiu para a classe média, existe dificuldade de entender que esse “milagre econômico/social” aconteceu em um governo de esquerda. Tanto a direita, quanto a esquerda tem políticos corruptos. Isso não é exclusividade de um único partido. Se fosse assim, seria super fácil resolver o problema do País. Mas não é, gente...o buraco é mais embaixo.

Historicamente, no Brasil as pautas sociais sempre foram acolhidas pela esquerda. E a direita faz o que faz desde que o Portugueses aportaram em solo latino americano: enriquecer os mais abastados e garantir que haja sempre mão de obra barata e ignorante. Com isso, essa mesma elite alimenta que a felicidade está no consumo e no fato de dominar um outro grupo como garantia plena de prosperidade, no melhor estilo “american dreams”.

Essa distorção social provocou um dano nos mais pobres: a ilusão de que ao fazer parte desse grupo restrito da elite, ele será aceito. Ledo engano. A proposta da elite é não se misturar. É ter exclusividade e privilégios sociais assegurados, mesmo que isso signifique a segregação social. Nem mesmos os mais ricos acreditam no mérito como a única forma de crescimento. Não há mérito, mas sim contatos e troca de favores. Negócios. O mérito é uma ilusão. Pense bem: como ter mérito, se os grupos sociais largam em posições diferentes na corrida pela prosperidade e/ou pela sobrevivência diária? 

Mesmo tendo conseguido algo inédito no País ao colocar mais pessoas não-brancas nas universidades; de ter fomentado programas de financiamento da casa própria; de ter criado incentivos à vida acadêmica no Brasil e no exterior; de ter proporcionado a vinda de médicos estrangeiros em bolsões de pobreza com o intuito de dar assistência à saúde; de ter possibilitado a a saída de milhares de pessoas da miséria absoluta com o Bolsa Família, todos esses feitos foram esquecidos ou apagados por conta dos escândalos de corrupção colocados na conta de um único partido. Com isso, começou uma criminalização da esquerda como nunca se viu.

Somados a isso, o fato do Brasil ter uma imprensa tradicional elitista e segregadora, as pautas sociais foram retratadas, muitas vezes, com o olhar criminoso do preconceito – o que afeta a forma como o cidadão pobre se vê, pois ele não é representado. Quem afirma que é preferível perder essas conquistas sociais em nome de um crescimento econômico, não pensa nos mais pobres, nem nas pessoas que estão em diferentes posições na corrida da sobrevivência social. Não existe crescimento econômico sem equidade social.

Outro fato que chama atenção é o eleitor do #EleNão acreditar que apenas o direito social adquirido do outro pode (ou vai) ser afetado. Não o meu. Como se não pertencêssemos a mesma sociedade, o mesmo País. Essa segurança de que o meu direito não é ameaçado é, em partes, creditado também pelo discurso míope e segregador do presidente eleito, que baseou toda a sua campanha em senso comum, fake news, preconceitos e conservadorismos...no melhor estilo eu sou melhor que você. Quem disse que você estará a salvo de um governo teocrático fascista liberal? TODOS CORREMOS RISCOS. TODOS.
Foto: iStock / Reprodução. 

Além disso, algo preciso ser dito: não precisamos perder DIREITOS SOCIAIS para crescer. Pelo contrário: precisamos investir no fortalecimento dos DIREITOS HUMANOS e em educação pública gratuita e de qualidade. Precisamos mostrar que o sistema público deve acolher e não segregar. Direitos sociais são importantes ferramentas de cidadania e não devem ser negociado, nem ameaçado. Mesmo que a bandeira, aparentemente, seja o fim da corrupção política-empresarial, o que não deixa de ser uma cortina de fumaça. Uma ilusão.

Adoraria poder dizer que não teremos mais corrupção em nenhuma esfera pública-empresarial-jurídica-militar nos próximos quatro anos. Mas isso não vai acontecer, sobretudo nesse governo. O Brasil nasceu de uma corrupção histórica, quando os portugueses exploravam as nossas riquezas naturais, dizimava os povos indígenas e torturava o povo negro de origem africana com o trabalho escravo e requintes de crueldade. A nossa história sempre mostrou alguém agraciando alguém com benefícios financeiros ou políticos em nome do Poder.

Mesmo tendo passado por tudo isso e ter vivido uma Ditadura Militar (1964-1985), muitas pessoas desprezam os DIREITOS HUMANOS e tem uma visão distorcida da importância desse campo ser uma bandeira social-política importante para o crescimento de uma nação (independente se é de esquerda ou de direita), de formarmos não apenas consumidores, mas sim cidadãos. De lutarmos por mais representação social na mídia, por mais respeito à diversidade, por uma comunicação pública plural e por uma mídia privada mais responsável com a sociedade.

Não existe um passe de mágica! A única maneira de virar essa página da corrupção é investindo em educação para a formação de uma cidadania sólida, de brasileiros mais conscientes da sua história e dos próprios erros. E isso não está nessa geração, nem na próxima. É algo que vai levar algumas décadas, infelizmente. Se ainda não assumimos que somos um país racista, misógino, machista e não-laico, o que dirá de assumirmos que a corrupção não está só na política, mas também nos nossos hábitos do dia-dia? 

Quando formarmos um povo consciente com as questões de cidadania e história, teremos uma DEMOCRACIA fortalecida e impediremos de forma mais clara que os DIREITOS SOCIAIS e os DIREITOS HUMANOS não estejam em hipótese alguma em negociação, nem em ameaça política-partidária. Isso sim são pilares fundamentais para que o nosso BRASIL prospere. Nunca é tarde demais para falar: não acredite nos falsos profetas! Eles não fazem milagres, nem merecem o título de mito.





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Jornalista

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