#Representatividade: RedeTV! escala primeira dupla de jornalistas negros em bancada de telejornal
agosto 09, 2018Foto: RedeTV! / Reprodução. |
No último sábado (04/08), a RedeTV! inovou ao colocar um casal de jornalistas negros para apresentar o principal telejornal nacional da emissora, o RedeTV News. Apesar de já fazerem parte da equipe do noticiário, Luciana Camargo – como apresentadora da previsão do tempo; e Rodrigo Cabral – repórter mineiro do telejornal; eles estavam substituindo os apresentadores Amanda Klein e Boris Casoy que são os titulares da bancada. Todos os jornalistas da casa participam desse revezamento aos finais de semana.
O que pode ter sido feito como escala de trabalho da RedeTV! foi um passo enorme para a TV aberta brasileira que, por incrível que pareça, nunca teve dois jornalistas negros apresentando um telejornal de bancada. O fato foi muito comemorado nas redes sociais e, inclusive, foi destaque pelos próprios apresentadores no final da edição do telejornal. Assista ao vídeo, abaixo:
O #RedeTVNews fez história neste sábado! Foi a primeira vez que dois jornalistas negros estiveram juntos numa bancada de telejornal no Brasil! Parabéns, Luciana Camargo e @_rodrigocabral por este marco! 👏 pic.twitter.com/qnPJBCtNCE— RedeTV! (@RedeTV) 5 de agosto de 2018
Entre 2012 e 2016, o número de brasileiros que se autodeclaram pretos aumentou 14,9% no país. No mesmo período, também cresceu a quantidade dos que se consideram pardos, enquanto diminuiu o percentual de brancos na população. É o que revela a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com o estudo, em 2016, a população saltou para 205,5 milhões de habitantes (aumento de 3,4%), e os brancos deixaram de ser maioria, representando 44,2% (queda de 1,8%). Os pardos passaram a representar a maior parte da população (46,7%) – aumento de 6,6%; e os pretos são agora 8,2% do total de brasileiros. Ou seja, pardos e negros autodeclarados, de forma estatística, são a maioria da população brasileira com 54,9%.
Mesmo com a maioria da população não-branca, o Brasil ainda possui pouca representatividade na mídia de pardos e negros nas novelas, nos telejornais, na apresentação de programas de TV, nas passarelas, entre outros. Mas, porque isso acontece? Porque o branco sempre ocupou esses lugares de fala e de representatividade por conta do poder econômico e social.
De uns tempos para cá, a mídia tradicional até abre espaço para a diversidade, mas não de forma ampla ou afirmativa como deveria. Você nunca parou para pensar naquele único ator negro da novela ou naquele único repórter negro do telejornal? São poucos os empresários de comunicação e seus diretores que se preocupam em mostrar a diversidade social nos seus respectivos meios, o que não deveria acontecer. Infelizmente, ainda há preconceito. Um resquício dos mais de 300 anos de escravidão da população negra no Brasil e que até hoje luta por justiça social.
Até em emissoras públicas é difícil ver representatividade. No ano passado, a TV Cultura também inovou ao colocar a jornalista Joyce Ribeiro (ex-SBT) como âncora do Jornal da Cultura. Nas TV abertas então são pouquíssimos apresentadores e jornalistas negros no vídeo ou que contemplam outro grupo social invisibilizado.
A RedeTV!, por exemplo, tem sido pioneira nesse sentido, ao contratar jornalistas trans para aparecer no vídeo, como é o caso de Lisa Gomes e de Léo Aquila, repórteres do TV Fama. E com a população ganhando cada vez mais poder de fala com a internet – sobretudo com as redes sociais, essas questões que antes eram invisibilizadas começam a ganhar forma e abrir novos paradigmas, mesmo que seja a passos lentos. Ainda bem!
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