#DicaCultural: Casa Fiat de Cultura traz à BH exposição "São Francisco na Arte de Mestres Italianos"

agosto 08, 2018

Foto: Divulgação. 

De 08 de agosto a 21 de outubro, a Casa Fiat de Cultura, em Belo Horizonte (MG), recebe a exposição “São Francisco na Arte de Mestres Italianos”, que reúne 20 pinturas realizadas entre os séculos XV e XVIII. A entrada é gratuita. Séculos se passaram e as artes renascentista e barroca continuam encantando a humanidade. Obras de mestres como Tiziano Vecellio, Perugino, Orazio Gentileschi, Guido Reni, Guercino, Carracci e Cigoli fazem parte de importantes coleções italianas e chegam pela primeira vez ao Brasil. 

A curadoria é dos italianos Giovanni Morello, especialista em História da Arte – que idealizou e curou diversas exposições de arte antiga na Itália, no Vaticano e outros países e integra a comissão permanente de tutela dos monumentos históricos e artísticos da Santa Sé – e do professor Stefano Papetti, diretor da Pinacoteca Civica di Ascoli. 

A mostra apresenta as fases mais relevantes da representação de São Francisco por meio de obras que se integraram à cultura local de toda uma época e que ainda encontram espaço na cultura ocidental por seus valores artístico, histórico e simbólico. 

Proporcionando uma experiência imersiva e única, a mostra também inclui uma sala de Realidade Virtual que vai transportar o visitante da Casa Fiat de Cultura para a Basílica Superior de Assis (1228), na Itália, com o uso de óculos de tecnologia 3D.  

Será possível fazer um passeio visual por uma das mais importantes e belas basílicas do país e conhecer obras-primas do pintor italiano Giotto (1267-1337), artista símbolo dos períodos medieval e pré-renascentista. Tradição, arte e tecnologia se encontram nesta exposição. 

No dia da abertura, 8 de agosto, o curador Stefano Papetti abre a 8ª edição do ciclo de palestras Quartas Italianas na Casa Fiat de Cultura para falar sobre sobre “A Iconografia de São Francisco na Arte do período Medieval ao Barroco”, das 19h30 às 21h, com tradução simultânea e espaço sujeito à lotação (200 lugares). A Casa Fiat de Cultura também preparou uma programação paralela com diversas atividades desenvolvidas pela equipe do Programa Educativo, tudo com entrada gratuita.

O percurso expositivo possibilita ao público visitante acompanhar a evolução da representação iconográfica de São Francisco, o santo católico mais retratado na história da arte, de acordo com o curador Papetti. O simbolismo de Francisco é universal, “isso por causa das ações que seus seguidores vêm fazendo há séculos em favor da evangelização e do progresso social”, explica o curador Morello. 

Para o presidente da Casa Fiat de Cultura, José Eduardo de Lima Pereira, “São Francisco chega à com sua grandiosa simplicidade. Homem santo que faz parte da construção da nossa identidade cultural. Em Ouro Preto, antiga capital de Minas Gerais, uma das principais igrejas carrega seu nome e revela toda a riqueza do nosso barroco. Em Belo Horizonte, um dos seus ícones é a Igrejinha da Pampulha, que de forma ousada imortalizou São Francisco pelas mãos do mestre Portinari. Sua história se faz atual com valores de amor ao próximo, humildade e respeito à natureza. Uma imagem que passou por transformações ao longo da história da arte com obras-primas dos grandes mestres italianos que  os brasileiros poderão apreciar nessa exposição”.

Entre as obras, o público conhecerá quadros de grandes mestres do Renascimento e Barroco italianos. Artistas que, em seus ateliês, receberam, ensinaram e influenciaram outros expoentes da história da arte. Perugino, por exemplo, foi o mestre de Rafael Sanzio, e Tiziano teve Tintoretto e Veronese como seguidores. 

As pinturas de destaque da mostra são “San Francesco riceve le stimmate” (1570), de Tiziano Vecellio, “San Francesco sorretto da un Angelo” (primeira metade do séc. XVII), de Orazio Gentileschi, “San Francesco confortato da un angelo musicante” (1607-1608), de Guido Reni, que também pintou o estandarte “Francesco riceve le stimmate (frente); San Francesco predica ai confratelli (verso)” (séc. XVII), “San Francesco d’Assisisi e quattro disciplinati” (1499), de Perugino, e “San Francesco riceve le stimmate” (1633), de Guercino. 

Segundo o Embaixador da Itália no Brasil, Antonio Bernardini, “há grande satisfação e orgulho em poder oferecer, pela primeira vez, ao público brasileiro uma parte tão rica e importante do tesouro da arte e da história italianas e de compartilhá-la com os muitos admiradores da herança cultural italiana no Brasil. Esta mostra é uma iniciativa inédita e altamente relevante por seu alcance e valor cultural, entre as que realizamos nos últimos anos”.

A exposição traz acervos de 15 museus de 7 cidades italianas: Galleria Corsini, Palazzo Barberini, Musei Capitolini, Museo di Roma, Museo Francescano dell’Istituto Storico dei Cappuccini (Roma); Pinacoteca Civica, Sacrestia della chiesa di San Francesco, Convento Cappuccini (Ascoli Piceno); Museo Nazionale d'Abruzzo (L'Aquila), Galleria Nazionale dell’Umbria (Perugia); Istituto Campana per l'Istruzione permanente (Osimo); Museo Civico (Rieti), Pinacoteca Nazionale (Bolonha) e Duomo di Novara (Novara). 

A mostra conta, ainda, com uma importante obra de Ludovico Cardi (conhecido como Cigoli), “St. Francis Contemplating a Skull”, propriedade do colecionador e ator ítalo-americano Federico Castelluccio. O quadro virá de Nova York para integrar a exposição de Belo Horizonte. 

"A operação de logística e coordenação geral desta exposição é extremamente complexa, visto que as obras pertencem aos acervos dos principais museus da Itália e abrangem um período que vai do século XV ao século XVIII. Isso implica, por um lado, numa intensa e complexa negociação para a concessão dos empréstimos e, por outro, num tratamento extremamente cuidadoso durante o processo de seu transporte e instalação no espaço expositivo, em função de sua raridade", comenta Ricardo Ribenboim, diretor da Base7 Projetos Culturais.

Após a vinda a Belo Horizonte, a exposição segue para o Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, de 31 de outubro de 2018 a 27 de janeiro de 2019.

Mestres Italianos

Há séculos, a imagem de São Francisco de Assis (1182-1226), homem simples e humilde, cativou a sensibilidade de todo o mundo e foi imortalizada pelos grandes artistas que o retrataram, como os mestres da pintura italiana. 
Parte das obras que fazem parte da exposição sobre São Francisco. Foto: Divulgação.  

De acordo com o curador Giovanni Morello, “o objetivo da exposição é proporcionar aos visitantes brasileiros a oportunidade de conhecer a representação de São Francisco de Assis na arte por meio de uma rigorosa seleção de mestres italianos como Perugino (1446-1523), Tiziano (1480-1576), Guercino (1591-1666), Guido Reni (1575-1642), entre outros. A mostra é dividida em três núcleos que ilustram a iconografia inicial do santo”.

No que diz respeito à história da arte na Itália, a exposição abrange um período de tempo muito amplo, do século XV ao XVIII. Neste contexto, certamente, os fenômenos artísticos mais importantes são o Renascimento e o Barroco. 

Durante o período do Renascimento, por conta da bem-sucedida tentativa de retornar aos modelos clássicos de beleza, as imagens de representação religiosa privilegiavam o belo espiritual, que também simbolizava a santidade. No Barroco, período artístico muito mais carnal e vivaz, os pintores foram capazes de interpretar os aspectos mais humanos dos santos, sublimando-os nas virtudes evangélicas transmitidas pelo Cristianismo.

“Os modelos de representação de São Francisco mudaram de acordo com as necessidades de promoção das várias famílias franciscanas. É possível notar a mudança no modo de representar os estigmas, por exemplo, que em determinado momento deixam de ser pequenos cortes e se transformam em ferimentos sangrentos, precisamente porque era de interesse dos franciscanos evidenciar, através da pintura, a proximidade da dor de Francisco àquela vivida por Jesus na cruz. Este é um aspecto que começa a se manifestar no final do século XIII e se torna frequente nos períodos seguintes. Até a forma da túnica mudou ao longo do tempo: nas obras mais antigas ela é representada como um pano áspero, cheio de rasgos, costuras e remendos e, ao longo do tempo, torna-se uma vestimenta mais fina. O capuz deixa de ser pontudo e torna-se arredondado. Somente no final do século XVI, quando nasce a Ordem dos Capuchinhos, que pretende trazer os franciscanos de volta à sua condição original de pobreza, a forma do capuz volta a ser pontiaguda”, explica o curador Stefano Papetti.




Serviço:
Exposição “São Francisco na Arte de Mestres Italianos na Casa Fiat de Cultura”
Curadoria: Giovanni Morello e Stefano Papetti
De 08 de agosto a 21 de outubro de 2018
Terça a sexta, das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h. Entrada gratuita. 

Casa Fiat de Cultura / Circuito Liberdade
Praça da Liberdade, 10, Funcionários – Belo Horizonte/MG
Horário de funcionamento: terça a sexta-feira, das 10h às 21h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h.





Gostou do Café com Notícias? Então, siga-me no Twitter, curta a Fan Page no Facebook, siga a company page no LinkedIn, circule o blog no Google Plus e assine a newsletter.






Jornalista

MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

0 comentários