#CrisePolítica: Mesmo citados em delação, Temer e Aécio ainda são blindados pela imprensa
maio 21, 2017Foto: Ueslei Marcelino / Reuters / Reprodução. |
Esta semana não se falou outra
coisa nas principais rodas de conversa
quando o assunto é política: finalmente a máscara de Michel Temer (presidente ilegítimo e golpista) e Aécio Neves (senador e ex-governador de
Minas Gerais) caiu, após a delação do dono da JBS, o empresário Joesley
Batista, que conseguiu provar um esquema monstruoso de propina para financiamento
pessoal de políticos e de esquemas de
corrupção.
Mas, mesmo com gravações e vídeos
contendo provas, Temer não foi deposto, nem Aécio foi preso. O que se passa?
Por mais que as duas figuras estejam sangrando nos noticiários e nas redes
sociais, a imprensa tradicional ainda tenta blindá-los. No caso da Família
Neves, apenas a irmã Andrea, e o primo, que já ocupou a presidência da Cemig e
foi coordenador da campanha presidencial de Aécio, foram presos.
Durante mais de uma década,
Andrea Neves foi braço direito de Aécio, principalmente no que diz respeito ao
controle da imprensa mineira. Não se podia falar nada que fosse do âmbito do
contraditório em relação ao Governo, nem da imagem de Aécio. Em troca, os
grandes veículos de comunicação recebiam volumosas verbas de publicidade. Do
outro lado da resistência, jornalistas foram demitidos, ameaçados e, até mesmo,
presos.
Veja também:
- Por que os jornalistas de Minas detestam Aécio e Andrea Neves?
- A relação nebulosa entre os irmãos Neves, a JBS e o Jornal Hoje em Dia
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E, por mais que a história em
Minas Gerais tenha sido considerada tão grave e hedionda quanto aos anos de
chumbo, Aécio e seu grupo político nunca foram denunciados formalmente pela
Justiça, quiçá pela imprensa mineira. Agora, esta semana, a cena de Andrea Neves
sendo presa é emblemática, mas ao mesmo tempo triste. A autora do personagem
político criado foi presa, enquanto ele – mesmo que tenha sido afastado das
funções de senador, continua solto. Lamentável! Abaixo, assista o vídeo em que a jornalista Cynara Menezes analisa essa
questão:
se todos estão sendo presos, por que aécio ainda não foi? três hipóteses, uma constatação pic.twitter.com/us1nZQHx1D— cynara menezes (@cynaramenezes) 20 de maio de 2017
Na outra ponta, ainda temos a
figura mais emblemática da história recente do Brasil, Michel Temer. Aquele que
traiu o grupo político da qual foi alçado ao cargo de vice-presidente para usufruir
das benesses do poder. Nadou, nadou e morreu na praia. Temer chegou a discursar
após a bomba da delação, mas afirmou que não renunciaria.
Em seguida, convocou a imprensa
para questionar se os áudios da “suposta” conversa que teve com Joesley Batista
não teria sido editada e/ou montada. Temer, que tem uma das maiores rejeições
já vistas por um líder do executivo, já não agrada o mercado, nem aos grupos
políticos de direita que ensaiaram o GOLPE para tirar a presidente Dilma do
poder.
Dilma sofreu impeachment,
oficialmente, por conta das “pedaladas fiscais”. Mas, todo mundo sabe, que não
foi isso. A petista já estava com uma relação super desgastada com o Congresso.
Esse mesmo Congresso que tentou e tentou ao máximo relacioná-la a qualquer
esquema de corrupção ou de desvio, mas não conseguiu.
Se houvesse mesmo Justiça, Dilma
voltaria à presidência do Brasil. E quando falo isso, penso no histórico dela,
não no partido que a representa. Infelizmente, o PT se perdeu na sua gana
desenfreada pelo poder. Se aliou a uma ala do PMDB que não mede esforços para
também usufruir dos benefícios que o poder carrega e não hesitou mudar de lado
quando viu que o barco estava afundando.
A crise política no Brasil é
muito, mais grave do que a gente pode imaginar. Principalmente, porque o GOLPE
que tirou Dilma do Palácio do Planalto foi bem articulado e tentou seguir um
roteiro cruel de perda de direitos sociais, econômicos e trabalhistas.
Mas, no meio do caminho, alguma
coisa deu errado. Que acompanha a crônica política nacional sabe que essa
exclusiva do colunista Lauro Jardim, no Jornal O Globo, que culminou em um
Jornal Nacional, da TV Globo, quase que monotemático, não é à toa.
A pergunta que devemos fazer
agora é quem vai assumir o Brasil depois que Temer sair? É justo termos
eleições indiretas com um Congresso tão escorregadio? E se tivermos eleições
diretas antecipadas, em quem vamos votar? São muitas perguntas que ainda não
temos respostas. O fato é que o mercado (e por que não dizer Washington, nos
Estados Unidos) mudou os planos.
E enquanto algumas pessoas perdem
tempo falando que a esquerda é melhor que a direita ou vice-versa, alguns “homens
bons da comarca” querem decidir o futuro do nosso país sem os brasileiros, até
porque, o nosso atual modelo de democracia é uma falácia no qual o povo pouco
se implica com as decisões mais significativas. Até quando vamos deixar isso acontecer?
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