#Rio2016: Abertura dos Jogos Olímpicos surpreende positivamente e faz críticas sociais

agosto 06, 2016

Foto: Getty Imagens / Reprodução. 

Cercada de expectativas, a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016 surpreendeu positivamente o público, a mídia brasileira e a imprensa internacional. A festa, que abusou de elementos criativos, conseguiu uma façanha importante que nenhuma outra abertura das Olimpíadas ousou: tratar de temas sociais importantes, sem parecer piegas ou demagogo.

Questões como a preservação do meio ambiente e do aquecimento global; o problema dos refugiados de guerras; a diversidade social – ao celebrar os mais diversos estilos culturais e étnicos, deram o tom da cerimônia de abertura que durou cerca de duas horas. Também houve espaço para mostrar, de forma lúdica, que as favelas brasileiras são um espaço cultural, e não só de violência.

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Nas redes sociais, as hashtags #Rio2016, #CerimôniaDeAbertura, #JogosOlímpicos e #Olimpíadas ficaram entre os temas mais discutidos nas redes sociais, em especial o Twitter. Vários memes tiraram onda com a boa execução da festa de abertura e enalteceram os modelos homossexuais que estavam andando de bicicleta para apresentar as delegações de atletas. Veja todos os detalhes neste link.

Na TV aberta, Rede Globo, Rede Record e Band transmitiram toda a cerimônia de abertura com narradores e repórteres espalhados pelo estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. A Globo liderou a audiência entre as TVs, com uma média de 33 pontos. Record obteve 8 pontos e Band ficou apenas com 3 pontos. O destaque foi para o SBT que, mesmo sem os direitos de transmissão, conseguiu registrar 9 pontos de audiência, segundo dados do Ibope.
Foto: Getty Imagens / Reprodução. 

Com orçamento curto em torno de R$ 100 milhões – se comparado às últimas cerimonias de abertura dos Jogos Olímpicos de Londres e Pequim, por exemplo, os diretores Andrucha Waddington, Daniela Thomas e Fernando Meirelles, deram um show de criatividade ao propor projeções animadas em caixas e no chão do palco do Maracanã, que misturaram efeitos especiais, coreografias, história do Brasil e poesia.

A festa começou com uma contagem regressiva diferente: dançarinos seguram uma espécie de quadrado laminado que fazia projeções geométricas, enquanto os números em ordem decrescente apareciam para o público. Em seguida, foi mostrado um clipe do Rio de Janeiro, em que era possível ver a cidade maravilhosa de cima, como se o público tivesse voando. A introdução enfatizou o quanto a cidade abraça a prática esportiva diariamente, nas suas praias, praças e quadras.

Em seguida, uma imagem do símbolo da paz em verde, com galhos de árvores, davam o tom que a cerimônia acolheu: mostrar que é urgente tratar de questões relacionadas à sustentabilidade, tanto na parte ambiental, quanto no clima. No palco, Paulinho da Viola encantou a todos, ao lado de um grupo de cordas, ao cantar o Hino Nacional.
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Em meio a painéis de leds e reproduções de luzes no palco, bailarinos contaram a história do Brasil, por meio da colonização Portuguesa, a vinda dos negros da África – que simbolizaram a força do trabalho e que foram escravizados no Brasil por quase 400 anos, além da chegada dos diversos povos – como italianos e japoneses, que formaram a diversidade cultural e étnica do Brasil. Também teve show de Elza Sores, Zeca Pagodinho e Marcelo D2 também cantaram.

Logo depois, surge Gisele Bündchen, desfilando sobre desenhos do arquiteto Oscar Niemeyer, ao som de "Garota de Ipanema", cantada por Daniel Jobim, neto de Tom Jobim. Outro momento que encantou o público foi o voo do 14 bis sobre o Maracanã, mostrando para o mundo que o Brasil também está presente na história da aviação.

Quando Gisele chegou à frente de uma favela estilizada, começou o funk "Rap da felicidade", com Ludmila. Em ensaio da cerimônia, houve polêmica sobre um suposto assalto à modelo que teria sido tirado da festa. Carol Konka e Mc Sofia enalteceram o orgulho dos negros, e uma grande mão fechada, símbolo do movimento, foi colocada na favela.

Regina Casé entrou no palco para falar sobre diversidade e convocou Jorge Benjor para cantar "País Tropical". A música levantou o público e fez com que os presentes continuassem a música à capela, mesmo depois da apresentação tenha terminado. Foi um dos momentos mais bonitos da festa e que ajudou a animar a todos pela entrada das delegações dos países.
Foto: Getty Imagens / Reprodução. 

Nas redes sociais, os internautas reclamaram que Lea T., modelo transexual que foi convidada para entrar junto com a delegação brasileira andando de bicicleta, havia aparecido de longe, por menos de dois segundos, e nem sequer havia sido citada. Alguns comentaram que a modelo andou rápido demais, enquanto outros acusaram o Comitê do Rio 2016 de preconceito, uma vez que os outros modelos que também andaram de bicicleta à frente das delegações, ganharam muito mais destaque.

Cateano Veloso, Gilberto Gil e Anita cantaram "sandália de prata" e, rapidamente, deram lugar a uma escola de samba. Guga entrou com a tocha olímpica. Hortência a carregou em seguida. A pira foi acesa por Vanderlei Cordeiro de Lima. Pela primeira vez, optou-se por uma pira pequena dentro da cerimônia de abertura, além de uma pira no centro do Rio de Janeiro, na candelária, apelidada carinhosamente de "pira do povo", no qual um jovem atleta de 14 anos, acendeu o maior símbolo olímpico.

Quem esperava que o Brasil poderia decepcionar na abertura das Olimpíadas, “quebrou a cara”, literalmente. Foi uma festa bonita e repleta de mensagens positivas, algo que o brasileiro estava precisando, principalmente por conta do golpe político-partidário-midiático que sofremos nos últimos meses, no qual o governo interino de Michel Temer (PMDB) tem adotado medidas neoliberais e fascistas, completamente destoante do programa de governo que os brasileiros elegeram de Dilma Rousseff (PT).

Inclusive, Temer optou por não ser apresentado na cerimônia como presidente interino e, mesmo assim, quando fez um breve discurso, foi vaiado pelos presentes ao grito de “Fora Temer”. Mesmo em todo cenário de crise, o Brasil fez bonito e mostrou que o Rio de Janeiro têm tudo para ser sede de uma Olimpíada histórica, pacífica, alegre, mas nem por isso menos crítica a tudo que a envolve.




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Jornalista

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2 comentários

  1. Tive um misto de tristeza e alegria. O momento lindo da abertura dos jogos contrastando com o momento duro que nosso país atravessa. A ausência dos verdadeiros organizadores das Olimpíadas no Brasil... Vai passar.

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  2. Pra começar: Virei fã do CN! Parabéns pelo Blog. Esse belo artigo nos mostra na minha opinião nossa verdadeira realidade, um país cheio de capacidades tanto criativas como artística, porém capado pelo descaso e desonestidade.

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