#CanetaDesmanipuladora: Hospitais Filantrópicos "sugam" a saúde pública para manter serviços
julho 17, 2016Foto: Shutterstock / Reprodução. |
Com diversas tentativas da #mídiabandida de querer desmoralizar o Sistema
Único de Saúde (SUS), ao invés de propor um debate realmente
significativo em torno da situação da saúde pública brasileira, venho por meio
deste espaço ressaltar a importância da Caneta Desmanipuladora*
na leitura dos jornais diários.
Na
matéria do Jornal O Tempo, é importante trocar a palavra
"bancam", na manchete, pela palavra "sugam". Sim, porque é
isso que os hospitais filantrópicos fazem com o SUS. SUGAM. Sempre querem dinheiro e, historicamente, estão sempre com
dívidas e nunca conseguem sanar as suas contas. Mas, porque isso acontece?
Porque estes hospitais são
filantrópicos. Não são públicos....apesar de sobreviverem com dinheiro público,
dinheiro esse que é oriundo do SUS, eles não tem outro mantenedor tão generoso
quanto os cofres públicos. É quase uma situação de interdependência, uma
espécie de relação abusiva de ambas às partes.
Porém, antes de qualquer coisa, é
preciso ir a fundo à história dos hospitais filantrópicos no Brasil. Antes da
nossa Constituição Federal (1988), que trouxe o nosso país de volta a um regime
democrático, o acesso do cidadão à saúde se dava pela seguinte maneira: INSS
(se ele fosse trabalhador com carteira assinada); IPSEMG (se ele fosse
funcionário público, aqui em Minas Gerais, por exemplo), hospitais particulares
e hospitais filantrópicos (ligados a igreja ou qualquer outra instituição).
Vocês notaram uma coisa? Existia ali
um modelo de saúde hospitalocêntrico que privilegiava a saúde por meio do
hospital. As questões de prevenção e promoção à saúde - como acontece hoje no
SUS, por meio da Atenção Básica, não existiam. Até mesmo as questões de
Urgência e Emergência era entendidas no modelo hospitalocêntrico. Grandes
hospitais, com várias especialidades, e muito investimento tecnológico.
Foto: Site O Tempo / Reprodução. |
O que muita gente não sabe, é que o
SUS trouxe, ao longo dos anos, um novo modelo de atenção à saúde, dividindo as
atenções para que o atendimento à saúde não se fixasse mais apenas nos
hospitais. Hoje, nós temos no SUS, os Postos de Saúde, também chamados de Unidades
Básicas de Saúde, e as equipes de Estratégia da Saúde da Família (ESF) que
fazem esse papel de primeiro atendimento, sem muitas vezes, levar o usuário
para um hospital. O mesmo acontece com as UPAS, em um momento de emergência, na
indicação de uma consulta/cirurgia eletiva nos hospitais de referência, para
que esse modelo hospitalocêntrico de saúde se dissolvesse.
Mas, como herança desta construção
constante que é a saúde pública e coletiva, ficaram os hospitais filantrópicos,
nos quais muitos deles são "apadrinhados" por políticos, que fizeram
as suas carreiras públicas com base nestes esquemas assistencialistas. Em
função disso, muitos dos filantrópicos, passaram a atender pelo SUS, de acordo
com a tabela, deixando que o Poder Público, fosse praticamente, o único mantenedor
destes hospitais, o que é uma pena. Se eles são filantrópicos, porque não
explorar outras fontes de renda como a doação, por exemplo?
Tudo isso acontece e já foi feito.
Mas o problema que a má gestão dos filantrópicos (dividas trabalhistas, atrasos
de pagamentos, entre outros), tornaram estas instituições um problema na saúde.
O SUS depende delas para atender em plenitude boa parte da população e, ao
mesmo tempo, estas instituições dependem do SUS para sobreviver.
Como resolver isso em um cenário em
que o SUS é ameaçado constantemente pela mídia (que não quer entender a sua
cartela de ações), pelos políticos financiados pela saúde suplementar, privada
e filantrópicos, e um país que ainda está aprendendo a fazer a sua gestão
pública de saúde, com repasses e financiamento que precisam ser revistos,
urgentemente. Como resolver isso tudo? Esta é uma questão que os gestores do
SUS precisam debater e, principalmente, mobilizar a sociedade em torno disso. O
SUS é uma conquista do povo brasileiro. Precisamos lutar para fortalecê-lo.
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*Observação: Caneta Desmanipuladora
é uma página criada no Facebook para mostrar ao público qual é a verdadeira
intenção da imprensa ao colocar determinadas palavras em suas manchetes,
matérias e reportagens.
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