#CaféLiterário: Resenha do livro "O Amante de Lady Chatterley"

junho 29, 2016

Foto: Maraisa Marques / Camarim Pop / Reprodução. 

Por Joney Fonseca Vieira*

Sexo ainda é tabu! Sexo ainda gera desconforto quando trazido para discussão. Sexo ainda não é vivido em sua plenitude como uma atividade puramente inerente à vida humana. Sexo ainda é usado pelas instituições religiosas com fins de manipulação. Sexo ainda vende. Sexo ainda é morte.

Imaginemos então o tema “sexo” tratado numa concepção liberalista em 1928 quando o escritor inglês David Herbert Lawrence escreveu a obra “O Amante de Lady Chatterley”.

Nossa, foi um absurdo! No título do livro já afirma-se que uma senhora casada, nobre (lady), tem um amante. Cruzes!!!

Na verdade, não um, mas alguns amantes teve Constance Chatterley até se apaixonar por Oliver Mellors. Um choque para a época, uma lady, casada com o nobre Clifford, se envolver com o  guarda-caças da propriedade da família! Leitores ficaram pasmos ao saberem que em vez de cuidar do marido paralisado da cintura para baixo, vítima de guerra, a jovem mulher decidiu viver sua sexualidade, desejar e ser desejada e também procriar adulteramente.

Mas não só a personagem adúltera causou horror. O marido de Constance, apelidada Connie, quer por autodefesa frente à sua incapacidade física quer por legitimidade de pensamento, incentivava a esposa a ter suas aventuras sexuais adotando um discurso de liberalidade sexual, como podemos ler no trecho reproduzido a seguir:

“... Você teve um amante na Alemanha... O que ele é agora? Nada. Eu não acredito que os atos menores, as ligações menores que surgem e somem ao longo da vida nos deixem marcados. Eles passam, e para onde vão? Onde estão agora? Onde... Onde estão as neves do ano passado? Só o que perdura importa para a vida; a minha própria vida é importante para mim por ser contínua, porque se desenvolve em mim. Mas qual é o significado de uma ligação passageira? Qual é o significado das ligações sexuais passageiras, especificamente, Connie? Se as pessoas não tivessem esta mania ridícula de exagerar tanto, elas passariam como passa o acasalamento dos pássaros. E assim deveria ser. O que importa? O que fica é o companheirismo de uma vida inteira. É o viver junto dia a dia, e não o dormir junto uma ou duas vezes.”

D. H. Lawrence além de quebrar estruturas pré-concebidas moral e socialmente ao cutucar a vida sexual do núcleo familiar convencional, ainda trouxe “palavras inapropriadas” em seu vocabulário ao descrever cenas de encontros voluptuosos entre Lady Chatterley e seu amante Oliver. Escândalo total! Sexo explícito! Indecência! Queime no mármore do inferno, Lawrence tarado! – diriam xs puritanxs.

O livro foi expressamente proibido de ser publicado no Reino Unido até o ano de 1960 (que atraso!). Sendo assim, foi impresso na surdina em Florença em 1928. 

Ouvi dizer, porque não sou de fofoca, que a história pode ter sido uma forma de desabado do autor sobre acontecimentos de sua própria vida. Ui!

Uma prazerosa dica de leitura! Bom deleite, relaxe e...



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*Perfil: Joney Fonseca Vieira é formado é jornalista, formado em Letras e tarado por livros (também)! 





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