#InternetSemLimites: Operadoras querem limitar a internet fixa no Brasil

abril 21, 2016



Uma verdadeira comoção popular tomou conta das redes sociais nos últimos dias. É que as empresas operadoras de internet fixa (banda larga) no Brasil querem, a partir de 2017, cortar o acesso dos usuários que atingirem o limite de sua franquia de dados. A ideia é oferecer pacotes com franquias limitadas e diferenciadas. O serviço seria semelhante ao que já é oferecido pela internet móvel, usado em aparelhos de celular e tablet.

Em poucos dias, os internautas entraram no site do Senado e conseguiram assinaturas suficientes para um projeto de lei – por meio de uma Sugestão Legislativa, para garantir a internet sem limite seja assegurada, sobretudo, no Marco Civil da Internet. O fato é que a própria Anatel, por meio do presidente da agência reguladora, João Rezende, já manifestou que as operadoras não têm mais condição de oferecer internet ilimitada. Então, porque não cobrar investimentos em infraestrutura?

No Facebook, a página do Movimento Internet sem Limites contava com mais de 441 mil seguidores. A petição online da Avaaz contra o limite na franquia de internet fixa já recebeu mais de 1,480 milhão de assinaturas. Além disso, mais de 133 mil pessoas endossaram a petição digital da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) para reforçar a ação judicial movida contra as operadoras de telefonia para que elas não possam comercializar novos planos com previsão de bloqueio à conexão no fim da franquia.

A proposta de limitar a internet fixa no Brasil esconde também outra face: o avanço dos serviços de streaming, como a Netflix. Atualmente, as principais prestadoras de serviços de internet do Brasil (Oi, Net/Claro e Vivo/GVT) também são donas de serviços de TV Paga que, nos últimos anos, estão perdendo assinantes por conta da concorrência com a internet, onde o conteúdo é mais plural e acessível.

Além disso, regular a internet causaria um impacto profundo na produção e veiculação de conteúdo – principalmente, no que diz respeito ao audiovisual, que tem ganhado expressividade por meio do YouTube e precisa de uma internet intermitente. A título de curiosidade, assistir a um filme ou série no Netflix, por exemplo, gasta cerca de 1 Gbyte de dados por hora, com definição de vídeo padrão, ou até 3 Gbytes por hora em alta definição.

A ideia das operadoras é oferecer limites mensais de consumo entre 10 Gbytes e 130 Gbytes. Quem passasse do pacote teria a internet reduzida ou cortada, até o próximo mês. Pense bem: limitar à internet também limita a liberdade de expressão, uma vez que influenciadores digitais e startups dependem da internet ilimitada como ferramenta de trabalho, por exemplo.

De forma muito lúcida, o presidente da OAB nacional, Claudio Lamachia, se pronunciou contrário à proposta das operadoras. "O novo modelo de prestação de serviços proposto afasta do mercado as novas tecnologias de streaming, por exemplo. São medidas absolutamente anticoncorrenciais”. Ou seja, para combater a “novidade”, o tradicional que “restringir”, ao invés de se adaptar ou se reinventar. Tempos difíceis.






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Jornalista

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