#NãoVaiTerGolpe: A falta de educação permite a subversão da Democracia na mídia

março 20, 2016



Quando alguém me pergunta se educação se resume a diploma, digo veemente que não. Educação é algo maior que se aprende não só nos bancos da sala de aula, mas que nos ofereça caminhos para que possamos interpretar o mundo. O diploma é um papel que nem sempre garante conhecimento. A educação extravasa as barreiras, lhe permite interpretar. Talvez por isso, a palavra educação não tem saído da minha cabeça nos últimos dias.

A falta de acesso à educação interfere, sobretudo, na atual crise política que estamos vivendo. Vemos os maiores jornais do país – e até mesmo os mais importantes veículos de Minas Gerais, darem um tom completamente subversivo às manifestações. Existe uma áurea de mostrar a ineficiência do serviço público, de que nada funciona, que me impressiona. Onde foi parar o ato de apurar? Será que vale tudo mesmo em nome do denuncismo?

É nítido que há na mídia uma tentativa de desconstruir o discurso da esquerda, alocando ao PT como o único culpado da corrupção do país, quando na verdade não é. Todos os partidos estão envolvidos. Em alguns casos é até difícil saber onde começa um e termina o outro. Inclusive o PSDB, que faz oposição e lidera um grupo de extrema direita conservadora, está envolvido escândalos, denuncias, tráfico de influências e de ineficiência na condução da máquina pública, como ocorreu nos 12 anos que ficou à frente do Governo de Minas Gerais. Quantas matérias de capa você já leu sobre isso?

Curiosamente, há um tratamento diferenciado para a direita e para esquerda nos noticiários políticos. Muitas vezes, este tratamento é sim da vertente da empresa midiática. Outras, por incrível que pareça, dos próprios jornalistas. Em 1964, quando o Brasil viveu a Ditadura Militar, o mesmo discurso de tirar a esquerda do poder por conta da corrupção e da defesa da tradicional família brasileira [branca cristã hétero normativa e de classe media alta] ganha às ruas e espaço dos veículos de comunicação.

"Quando uma gravação de escuta telefônica de uma conversa entre Dilma e Lula vazou essa semana, o programa jornalístico mais influente da Globo, o Jornal Nacional, fez seus âncoras relerem teatralmente o diálogo, de forma tão melodramática e em tom de fofoca, que se parecia literalmente com uma novela, muito distante de um jornal, e foram ridicularizados nas redes por isso. Durante meses, as quatro principais revistas jornalísticas do Brasil dedicaram capa após acapa a ataques inflamados contra Dilma e Lula, geralmente mostrando fotos dramáticas de um ou de outro, sempre com uma narrativa impactantemente unificada". (Trecho do artigo escrito por Glenn Greenwald, jornalista britânico e correspondente no Brasil pelo The Intercept).

Junto a isso, existe uma revolta desta mesma classe média que não quer direitos sociais iguais para negros, indígenas, público LGBT, e qualquer outro grupo – que não tem nada de minoria, mas sim pouco espaço nos meios para exercer a sua voz, a sua representação democrática. Dividir riqueza no Brasil também significa abrir mão de poder político, simbólico e cultural. E há um grupo que se recusa a perder isso.
Foto: Paulo Pinto / Fotos Públicas. 

Claro, é muito louvável e faz parte do ambiente democrático ir às ruas pelo fim da corrupção. Mas não devemos nos deixar levar por essa mistura de discurso. Um impeachment neste momento não vai acabar com a corrupção, até porque o PMDB se soma aos partidos que também estão envolvidos com corrupção.

E por isso que falei lá em cima no texto que a falta de acesso à educação faz a diferença. Se todos tivessem acesso a uma educação de qualidade, que permitisse ter uma visão mais crítica da história do Brasil conseguiríamos perceber o quão perigoso será um golpe neste momento, cujo risco de retrocesso político, cultural e social é imenso. Muitas pessoas não tem ideia do que um golpe é capaz de promover em uma nação. Se entendessem isso, não haveria gente apoiando a volta da Ditadura Militar, muito menos fragilizar a nossa democracia recente.

Quando você escutar “Não vai Ter Golpe” não é só um manifesto a favor de um partido, mas sim um clamor para que possamos ainda ter um país com uma democracia plena e que você continue tendo o direito de se manifestar, mesmo que seja um manifesto “coxinha” conservador. Não acredite em tudo que você vê ou ouve na grande mídia. Por trás de tudo há muitos interesses, sobretudo pelo Poder a qualquer custo.




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Jornalista

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