“A Regra do Jogo” foi uma novela confusa, mas recheada de bons momentos

março 12, 2016

Foto: TV Globo / Reprodução. 


Nesta sexta-feira (11/03), a Rede Globo exibiu o último capítulo de A Regra do Jogo. O folhetim que elevou a audiência do horário para a casa dos 38 pontos de audiência marcou, no último capítulo, 43 pontos. Um feito e tanto se pensarmos nos fracassos de Babilônia e Em Família, por exemplo. Escrita por João Emanuel Carneira, a novela foi um folhetim com bons momentos, mas não foi uma história completa que cativou o público desde o início.

Como toda obra aberta, precisou de reparos no decorrer dos seus oito meses de exibição. Com uma direção estridente e confusa de Amora Mautner, A Regra do Jogo se perdeu nas tramas paralelas e personagens dúbios. O público custou para entender o que movia o acerto de contas de três personagens masculinos (Romero, Zé Maria e Gibson) que disputavam o comando do poder paralelo no Rio de Janeiro. Talvez, se na trama da facção o elemento político tivesse tido mais espaço, a novela teria sido mais factível.

Mesmo assim, é inegável a reflexão que a novela propõe de nos fazer pensar sobre o tamanho do poder do mundo do crime, e do quanto ele é organizado e cheio de capilaridades em vários níveis da sociedade, desde o cara malando do bar da equina, do policial corrupto, ao político vigarista e do empresário manipulador. O grande trunfo de A Regra do Jogo era a sua trama policial, mostrando que mesmo no mundo do crime a briga pelo poder é constante e cruel.

Talvez, o maior erro e acerto da novela tenha sido a escalação precoce do ator Alexandre Nero, que havia sido protagonista de uma novela das 9 a pouquíssimo tempo. Mesmo com o personagem do Comendador Zé Alfredo, de Império, ainda tão forte no imaginário do público, Nero salvou a história de João Emanuel Carneiro por conta da sua química com Giovana Antonelli em cena. A Regra do Jogo não foi uma novela que não abriu muito espaço para romance, mas era gostoso ver a sintonia dos dois em cena.
Foto: TV Globo / Reprodução. 

Como bem lembrou o colunista Nilson Xavier, do UOL, se A Regra do Jogo tivesse sido uma novela mais curta, destas que são exibidas às 23h, e que não se intimidasse de colocar debates políticos dentro do contexto da facção, a novela teria sido capaz de chegar perto do sucesso estrondoso de Avenida Brasil. E eu ainda vou além: acho que a direção de Amora Mautner prejudicou a condução da novela. Como espectador, prefiro Ricardo Wadington dirigindo o texto de João Emanuel Carneiro.

E toda esta confusão, só fez com que a novela conseguisse se encontrar da metade para o final. João Emanuel é um bom novelista, mas está sofrendo do mesmo mal dos grandes medalhões da Globo: a confusão entre estilo e repetição. A Regra do Jogo, no fundo, foi um acerto de contas de Romero consigo próprio, mas também do autor que queria dar vozes a personagens masculinos mais fortes, sendo que as suas últimas histórias falavam de acerto de contas entre mulheres, vide Carminha e Nina e, se formos mais a fundo no baú, o acerto entre Bárbara e Preta, em Da cor do Pecado.

Mesmo que tenha tido bons momentos durante a trama, com uma tentativa de linguagem mais próxima dos seriados americanos, A Regra do Jogo teve um capítulo final que não tinha muito para onde ir na condução dos personagens: teve de casamentos, partos e personagens felizes. Muito clichê. Perdeu uma ótima oportunidade de mostrar se uma outra organização assumiu o controle da facção e o que aconteceu com Zé Maria na prisão. Vender a ideia de que o mundo do crime organizado acabou foi ilusório, para não dizer inocente.





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