#CaféLiterário: Sociedade Brasileira de Pediatria lança campanha “Receite um livro”

outubro 26, 2015

Foto: iStock / Reprodução. 


Durante o 37º Congresso Brasileiro de Pediatria, no Rio de Janeiro, evento organizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), os pediatras foram convidados a se engajar na campanha “Receite um livro”, uma iniciativa da entidade médica em parceria com outras organizações sociais do Brasil e do mundo. O objetivo é estimular o aumento das conexões cerebrais das crianças por meio da leitura, que pode ser feita pelos pais ou por pessoas próximas. Esta recomendação médica já é uma tendência no exterior e começa agora a ser difundida no Brasil.

A SBP fortalecerá a ação dos pediatras nesse sentido, distribuindo a publicação “Receite um livro: fortalecendo o desenvolvimento e o vínculo”, que reunirá conteúdo atualizado e baseado em evidências científicas sobre os impactos da leitura no desenvolvimento infantil, bem como orientações de como incluir o estímulo à leitura na prática clínica. Os pediatras também ganharão um kit de livros infantis.

“A campanha tem o mérito de despertar os pediatras e a sociedade para a importância do tema. Mas, assim como em muitas ações de saúde, precisamos mais do que uma campanha, que tem caráter sazonal e passageiro. Precisamos que a recomendação seja incorporada à prática pediátrica e que todas as crianças possam ter acesso aos benefícios da leitura”, afirma o pediatra e homeopata Moises Chencinski

Desenvolvimento

Há quase meio século, a observação científica dos recém-nascidos e das crianças pequenas levou à conclusão de que o desenvolvimento do cérebro não é apenas rápido e extenso no início da vida, mas que é altamente sensível aos cuidados e estímulos que os pais e outros fornecem. Com o advento posterior da tecnologia da imagem cerebral, esses achados finalmente começaram a atrair a atenção dos formuladores de políticas públicas, em meados dos anos 1990.

“No entanto, apenas começamos a considerar seriamente essas descobertas no desenvolvimento infantil. Ainda pode ser uma surpresa ou uma novidade para alguns que a leitura para bebês, nos primeiros seis meses de vida, contribui para o desenvolvimento do cérebro e do sucesso escolar posterior”, diz o pediatra.

Embora a leitura possa ser uma força poderosa para o desenvolvimento inicial do cérebro, a natureza das conversas entre pais e bebês, durante a leitura e durante outras interações importa tanto quanto o próprio ato de ler. Mesmo nas primeiras semanas de vida, pais e crianças, no momento da leitura, estão exercitando características extremamente sutis de vocalizações, gestos e expressões faciais. Estas são as interações que estimulam o desenvolvimento inicial do cérebro.

“Os bebês têm períodos curtos de atenção, são facilmente distraídos, por isso a leitura inicial deve ser de textos curtos. Porque o mais importante é o prazer que eles sentem em ouvir a leitura, observar o contador e suas expressões faciais e apontar para as imagens da página, o que também serve de recompensa para os pais, pois reforça e perpetua este tempo de aprender juntos”, explica Moises Chencinski.

Importância da leitura

A leitura é apenas um exemplo das interações sociais ricas relacionadas à linguagem, que podem começar no início da vida e até durante a gestação. Ela é responsável por grande parte da diferença na velocidade de processamento entre as crianças de 15 meses e o tamanho do vocabulário das crianças de 4 anos. A leitura prepara o cérebro das crianças para a aprendizagem e o sucesso escolar posteriores.

“É por meio dessas interações com os pais e cuidadores que as crianças desenvolvem as funções executivas que precisarão ser utilizadas na escola, como por exemplo, a capacidade de se concentrar e de prolongar a atenção e a motivação para continuar concentrado. E tudo isso começa no colo de pais amorosos. Um livro pode despertar a curiosidade, antes mesmo que uma criança seja capaz de formular perguntas. Uma história compartilhada pode levar a uma vida de amor e de aprendizagem. Os livros são uma ótima ponte para que pais e bebês falem uns com os outros. Além disso, mesmo sem perceber, quando os pais estão lendo para seus bebês, eles estão incutindo habilidades necessárias para a pré-alfabetização, como por exemplo, o entendimento de que o que está escrito numa página ‘representa algo’ e que as páginas de um livro têm uma sequência particular”, explica o médico.







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Jornalista


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