Filme "Minha Querida Dama" discute as relações humanas

julho 02, 2015

Foto: Califórnia Filmes / Reprodução. 

*Por Sílvia Amâncio


Maggie Smith – a eterna professora Minerva, de Harry Potter, não decepciona. No filme Minha Querida Dama ela interpreta Mathilde, uma ácida senhora de pouco mais de 90 anos que vive em um confortável apartamento alugado em Paris.

Porém, o apartamento será o ponto de partida para uma mudança de paradigmas. O local – que foi herdado pelo norte-americano e infeliz Mathias, papel de Kevin Kline (que não se apaixonava na França desde a comédia romântica de 1995, Surpresas do Coração), passa a ser um ponto de tensão. Assista o trailer, abaixo:

Como um bom herdeiro em busca daquilo que é seu, Mathias viaja até Paris para tomar posse de seu novo patrimônio, mas se depara com o viager, o sistema de venda de imóveis francês em que o proprietário só pode ficar com o imóvel quando o morador morrer, que no caso de Mathilde parece estar longe de acontecer. Ainda nesse sistema, o comprador paga uma “mesada” mensal até que isto aconteça.

Mathias, de meia idade, enfrenta vários fracassos em sua vida, o abandono afetivo do pai, a morte prematura da mãe, o fracasso como romancista e amante. Em Paris, sua vida muda. Sem herança e devendo a hospedagem à Mathilde, ele começa a circular e ver a vida com outros olhos. Descobre o passado nada cruel de seu pai, o íntimo relacionamento dele com a senhora Mathilde, que por sua vez, no alto de seus quase 100 anos, se mostra uma mulher além de seu tempo.

Dona de uma liberdade sexual incomum, sem conflitos de consciência, levou uma vida plena casada com um homem que a idolatrava, mas ainda sim era amante de outro. Com prioridades exatas e bem objetivas, típicas de quem não tem muito tempo para frivolidades da vida, a velha senhora não poupa verdades a quem está a sua volta, incluindo sua filha, interpretada pela inglesa Kristin Scott Thomas, que em inglês e francês, vive com a mãe e acompanha toda a dor de saber a verdade, mas ter medo de falar em voz alta.
Foto: Califórnia Filmes / Reprodução. 

A convivência entre os três é conflituosa, mas traz também o descobrimento de novos fatos que poderiam alterar suas histórias de vida. Claro que só de estar em Paris os problemas não desaparecem, mas o filme capta como a aura da cidade influência diretamente o personagem Mathias.

As vivências, os cafés, a cultura, as ruas, a urbanidade da capital francesa confere um reencontro com sua humanidade, com a necessidade de parar de se culpar por todos os desagrados de sua vida, parar de se cobrar em ser perfeito em tudo e assim ele descobre a derradeira realidade de que o “amor é uma substância limitada”.

Sofremos com Mathias pela infância conflituosa, a perda, o abandono, o fracasso, a vitimização própria de quem tem quase tudo, mas prefere não enxergar. Mas também vivenciamos com ele o desabrochar de um novo homem, amado, querido e capaz de escrever um novo e emocionante capítulo de sua história pessoal, claro iluminado com os brilhos da Cidade Luz






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*Perfil: Sílvia Amâncio é jornalista, entusiasta da Sétima Arte e de um tanto de outras coisas. Especializada em comunicação em projetos ambientais e especializando em Comunicação e Saúde. Costuma escrever sobre relações viróticas de trabalho, saúde, direitos humanos e mídia, sempre levando para o lado latino-americano e socialista da vida ao sul da fronteira.










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