Crescimento da publicidade online irrita a mídia tradicional

julho 04, 2015

Foto: Blog do Meireles / Reprodução. 


Muito mais criativa e com possibilidade de sensibilizar um público segmentado, a publicidade online cresce a cada ano no Brasil. Com diferentes modelos a um custo relativamente baixo, a propaganda na web tem se mostrado um instrumento eficaz, fazendo com que os anunciantes comecem a rever as suas estratégias para que a internet (blogs, sites, portais e redes sociais) seja o principal canal do material publicitário desenvolvido, ao invés da mídia tradicional (TV, rádio, jornal e revista).

E este novo momento do mercado publicitário brasileiro tem irritado os grandes Grupos de Comunicação. Nesta semana, por exemplo, o Grupo Folha – que também controla o UOL, usou o blog do jornalista Fernando Rodrigues para atacar o crescimento da publicidade governamental na mídia online. Mal sabe ele que, hoje em dia, Google e Facebook são líderes de mercado internacional quando o assunto é publicidade online.

No post, o jornalista mostra ainda o quanto o Governo Federal tem preferido investir dinheiro em publicidade na internet, ao invés de propor ações milionárias nos grandes grupos de mídia que controlam os principais (e mais antigos) veículos de comunicação do Brasil. Há ainda no texto uma tentativa de associar a publicidade online com o período eleitoral. Mas, todos sabem que a legislação proíbe publicidade online de candidatos durante as eleições.

Em um tom denuncista – como se fosse um crime anunciar na mídia online, Fernando Rodrigues escreve o seguinte: “Dos R$ 9,2 milhões consumidos em propaganda em sites e em veículos impressos de audiência limitada [entre 2013 e 2014], R$ 8,4 milhões saíram dos cofres das estatais. Ou seja, 91% do dinheiro estatal federal que faz comerciais nessa mídia alternativa sai dos cofres de empresas públicas”. Em outra parte do artigo, o jornalista sentencia: "Investir num site ou blog com baixa audiência só se justifica se ali há realmente uma audiência muito qualificada que ajuda a vender o produto anunciado".
Foto: E-marketing / Reprodução. 

Qualificar o anúncio online como “audiência limitada” mostra o quanto ele está desinformado quando o assunto é publicidade online. Só para início de conversa, uma propaganda na web pode atingir diversos países do mundo, enquanto um anúncio em um jornal impresso, apenas  uma cidade específica onde ele é distribuído. Se pensarmos por este ponto de vista, quem tem audiência limitada?

Além disso há uma outra questão: Governos não vendem produtos. Governos informam ou sensibilizam a população para alguma ação ou campanha social. Quando um Governo quer vender um produto tem algo errado aí. Não se vende para o público uma coisa pública. E esse é um debate que merece outros desdobramentos, uma vez que a Comunicação Pública não tem continuidade no Brasil e é usada por algumas administrações como estratégia para promover o político, e não as conquistas sociais.

Mas, voltando ao assunto, para a mídia tradicional, o crescimento dos influenciadores digitais (pessoas ou coletivos que mantém blogs, sites ou perfis informativos nas redes sociais) é visto como uma ameaça em dois pontos cernes: a credibilidade do conteúdo informativo produzido e a receita publicitária. Grandes grupos de comunicação se recusam ter que dividir a receita publicitária com a internet – ainda mais quando falamos de veículos independentes e alternativos.

Em um momento em que o público já consegue perceber a visão política-partidária-econômica de alguns veículos, a sensação de imparcialidade que até na década passada poderia ser invisível para alguns, passa a ganhar formas e contornos. O público mais atento – principalmente aquele que prefere se informar pela web, sabe que determinadas notícias não terão o mesmo espaço que outras. Tudo isso pesa na decisão do anunciante em algum momento.

Pense bem: se o público rejeita determinado veículo, como o anunciante se sentirá a vontade para associar o seu produto com aquele espaço? O buraco é muito mais embaixo e a mídia (tradicional) brasileira precisa parar de querer colocar a notícia como moeda de troca para outros tipos de interesse. Se a mídia tradicional não se readaptar será engolida pela veracidade da internet. E isso é uma questão de tempo.







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Jornalista



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