Será que o futuro do Jornalismo está apenas no Digital?

junho 08, 2015



Existe uma crise no Jornalismo. Uma crise que perpassa não só pelo modelo de negócio, mas, sobretudo, no modo como a notícia é produzida. Estamos diante de um novo desafio: o Jornalismo precisa se reinventar. Mas, como fazer isso? Com a velocidade que as informações chegam para o público o tempo todo, qual é o sentido do público comprar um jornal impresso com notícias do dia anterior?

Ler reportagens bem elaboradas? Análises de especialistas ou até mesmo de jornalistas que cobrem este assunto? Poderia ser uma alternativa. Mas, neste exato momento, não é isso que acontece. Há um esvaziamento dos grandes jornais. E não é apenas uma afirmação de senso comum. A própria Folha de S. Paulo admitiu, por meio da sua ombudsman Vera Guimarães Martins, que a cada mudança editorial o jornal fica mais “magro”.

Seções acabam ou se juntam a outras. Colunistas são demitidos e a prioridade do factual do jornal é alimentar o site da Folha. O jornal impresso está perdendo a relevância, ou melhor, a prioridade da informação. Ficou enxuto. No texto, a ombudsman questiona por meio de uma pergunta do leitor: será que a Folha está se preparando para ser apenas Digital?

Fazer jornal impresso é caro. Não que fazer no Digital seja mais barato, mas a questão que esta interatividade e agilidade tão característica da internet, obrigou o jornalismo – mesmo que tardiamente, a repensar o seu papel na comunicação social e, principalmente, definir o seu modelo de negócio. Se for para ser multiplataforma, que isso seja discutido e socializado com o público, que não fique algo de jornalista para jornalista.

A grande questão do Jornalismo contemporâneo é a sua definição dentro do contexto da comunicação atual. E a crise que seria do Jornalismo, acaba por afetar também a publicidade. Como anunciar na internet e obter um retorno satisfatório com isso? A questão é que desenvolver um trabalho jornalístico multimídia dá trabalho. Não são todas as empresas de comunicação que estão dispostas a entrar nesta seara, ainda mais os jornalistas.

Há jornalistas com a “síndrome de Gabriela”, personagem do livro de Jorge Amando: eu nasci, eu cresci assim, vou ser sempre assim. No jornalismo, seria algo do tipo: só faço TV, ele só faz impresso e beltrano só faz rádio. A internet veio e “bagunçou o coreto”. Agora o jornalista multimídia faz tudo. Porque tem que fazer tudo? Porque ele precisa pensar a lógica [e a narrativa] da notícia de outro modo.

Enquanto a notícia acontece, há vídeos, fotos e postagens nas redes sociais o tempo todo. Se ele não souber fazer a curadoria desse conteúdo, o jornalista se perde na própria apuração. Aliás, é importante deixar claro que jornalista é jornalista em qualquer plataforma. E que a apuração presencial ou por telefonema sempre vão fazer parte do ofício.

Mas, agora, apurar desse modo é tão importante quanto vasculhar na internet. A notícia também está nas redes. E, talvez por isso, o jornalismo impresso com a notícia factual como era na década passada, já não faça mais tanto sentido para esta nova geração. Você, com toda certeza, deve conhecer gente que é bem informado, mas que não lê jornal impresso. Ou gente que só lê jornal impresso e está desconectado. Ou gente que faz os dois: lê impresso e a internet.

Não importa o modo: isso tudo mostra que a notícia chega ao público de diversas formas, não necessariamente pela TV, pelo rádio ou pela internet. O impresso ainda tem o seu lugar. Talvez o factual esteja mudando de plataforma. Quem sabe não seja a deixa perfeita para o impresso voltar a produzir textos mais relevantes, críticas e análises. 

De voltar a produzir grandes reportagens investigativas que não tenham o denuncismo vazio como pano de fundo. Porque não? O fato é que já passou da hora do jornalismo repensar o seu papel na sociedade e não ter medo de encontrar um novo modelo de negócio, quem sabe mais empreendedor e, inclusive, mais segmentado.








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Jornalista



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