#CaféEntrevista: Lourdes Machado fala sobre Controle Social no SUS

junho 28, 2015



O Controle Social é a participação do cidadão na gestão pública, na fiscalização, no monitoramento e no controle das ações da administração pública no acompanhamento das políticas, sendo um importante mecanismo de fortalecimento da cidadania. Mas, o que muita gente não sabe é que o Sistema Único de Saúde (SUS) nasceu por meio do controle social.

Graças à pressão dos movimentos sociais que entenderam que a saúde é um direito de todos – uma vez que, anteriormente à Constituição Federal de 1988, a saúde pública estava ligada a previdência social e a filantropia. Foi o relatório final da 8ª Conferência Nacional de Saúde de 1986 que serviu de base para a elaboração do capítulo sobre saúde da nossa Constituição para a criação do SUS.

Atualmente, o SUS é o único sistema de saúde pública do mundo que atende mais de 190 milhões de pessoas, sendo que 80% delas dependem exclusivamente dele para qualquer atendimento de saúde. Para falar sobre a importância do Controle Social no SUS, a jornalista Sílvia Amâncio, da Escola de Saúde Pública do Estado de Minas Gerais (ESP-MG), entrevistou a psicóloga Lourdes Machado, única mulher a integrar a Mesa Diretora do Conselho Estadual de Saúde (CES-MG). Acompanhe:

1) Fale um pouco do Controle Social no Sistema Único de Saúde (SUS).

Falar e fazer parte do Controle Social é algo precioso. É o compartilhamento de poder, a construção de um processo político de conquista da cidadania. A percepção e recepção do controle social no interior das políticas públicas criam e recriam a capacidade de materializarmos a democracia e é um desafio para as entidades, trabalhadores, usuários e gestores cumprirem essa tarefa. Cidadania é algo que só se exerce quando se partilha a palavra e se tomam decisões e o exercício da cidadania é indissociável da participação política e social. Assim, entendo que o principal papel do Controle Social é defender o SUS de forma rigorosa como uma política de inclusão e transformação social.

2) Qual a importância do CES-MG?

O Conselho Estadual de Saúde (CES-MG) é responsável por viabilizar de forma concreta as diversas frentes que caracterizam o direito à saúde e o seu principal papel é o Controle Social. Temos os quatros segmentos nele representado (usuários, trabalhadores, prestadores e gestores), que são simultaneamente Sociedade e Estado. Somos defensores das reivindicações vindas, às vezes de forma especifica, dos segmentos que representamos. Lembrando que nossa atuação deve pensar nos princípios e diretrizes do SUS e sempre harmonizar os debates em prol da saúde pública.
Lourdes Machado no Conselho Estadual de Saúde de Minas Gerais. Fotos: CES-MG / Reprodução. 

3) Qual a sua expectativa sobre os trabalhos do CES-MG?

Superar o mito de que só se houver condições objetivas e poderosas é que se consegue mudar a realidade. A atual Mesa Diretora entende que somos agentes políticos dentro do controle social e precisamos usar nossas representações, nossa voz e nossa disposição para avançar nas questões do SUS e defender uma política pública de qualidade.

4) E os desafios?

Aproximar o CES-MG dos Conselhos Municipais, ampliando o debate e a participação dos conselheiros, da população, dos movimentos sociais e sindicais e dos trabalhadores. Aproximar também o diálogo com o Conselho Nacional de Saúde (CNS), e claro, dizer não à privatização da saúde.

5) Qual a primeira frente de ação da Secretária de Comunicação e Informação em Saúde do CES-MG?

A estruturação de uma política de comunicação e democratização do acesso à informação produzida pelo CES-MG. A ideia é formar junto com as assessorias de comunicação das entidades parceiras um projeto coletivo e democrático de comunicação.

6) Você é a única mulher na Mesa Diretora do CES-MG? Fale sobre isso.

A participação ativa das mulheres é indispensável à construção da autonomia e da cidadania e assume um caráter crítico e propositivo na construção das plataformas feministas dirigidas ao poder público. Somos maioria na base de organização de movimentos sociais, mas ainda minoria nos cargos políticos. Temos destaque na luta nos movimentos feministas, de trabalhadoras rurais e domésticas, mulheres lésbicas, bissexuais e transexuais, mulheres negras, do campo e da floresta, e uma imensa variedade de grupos que lutam por condições menos desiguais de vida. Ser a única mulher no CES-MG traz a responsabilidade e o compromisso ético de atuar na transformação de estruturas que ainda reproduzem e reafirmam a desigualdade de gênero em nosso país.


» Para ver a entrevista completa, clique aqui.







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