“Sete Vidas” mostra que emoção e cotidiano rendem uma boa novela

abril 20, 2015



De uns tempos para cá, a Rede Globo tem elevado o nível das novelas das seis. O horário se tornou uma espécie de laboratório da emissora para colocar novelas que apresentam uma linguagem mais caprichada em relação à faixa das sete e das nove. E esta premissa pode ser vista na atual novela das 18h, Sete Vidas.

Escrita por Lícia Manzo e dirigida por Jayme Monjardim, Sete Vidas conta a história de sete meios-irmãos de um doador de sêmen que, em um dado momento da vida, resolvem se encontrarem. A novela ainda tem uma deixa importantíssima nos dias atuais que é a discussão da nova configuração familiar, no qual os laços de amor falam mais forte que os laços de sangue.

Numa série de idas e vindas, os personagens de Sete Vidas são fortes, carismáticos e bem construídos. E a medida que cada irmão vai se encontrando, um passa a interferir na vida do outro de maneira positiva, de forma humana e sensível. Se Lícia Manzo já tinha chamado a atenção do público e da crítica com a excelente A Vida Da Gente, agora em Sete Vidas a autora corrigiu alguns erros da primeira novela: carregou menos no drama e apostou mais no cotidiano.

Leia também:

Sete Vidas passaria fácil por uma novela de Manoel Carlos – quando o veterano autor estava em sua melhor fase, como em Por Amor, Laços de Família e Mulheres Apaixonadas. O folhetim não tem vilões desesperados por poder e vingança, mas sim pessoas comuns que amam e erram na mesma intensidade que a gente na vida real. A tacada de mestre de Lícia Manzo é não deixar a novela se arrastar como Manoel Carlos deixou suas últimas tramas, como em Páginas da Vida, Viver a Vida e Em Família.

Sete Vidas é ágil, mesmo sendo um drama clássico. E quando a gente pensa que os personagens vão por um caminho, acontece algo na vida deles que faz o mundo girar de cabeça para baixo. Assim como acontece na nossa vida. Somos protagonistas das nossas decisões e as nossas escolhas interferem diretamente no nosso presente e futuro.
Elenco da novela das seis, "Sete Vidas". Fotos: TV Globo / Reprodução. 

Outro mérito da novela é a direção caprichada de Jayme Monjardim. Os takes de paisagens que é tão característico do diretor dialogam exatamente com a emoção dos personagens e não ficam desconexos da história. Somado a isso vem outro trunfo: a sensibilidade da trilha sonora que imprime toda essa vontade da autora e do diretor de contar uma história do cotidiano que poderia acontecer com qualquer um do outro lado da telinha.

No entanto, é possível creditar o sucesso de Sete Vidas a qualidade do elenco. Ninguém está demais ou de menos na novela. Os poucos personagens dão uma leveza à história que é recheada de dramas familiares. A sintonia do elenco, principalmente dos casais protagonistas, Miguel (Domingos Montagner) e Lígia (Debora Bloch), Pedro (Jayme Matarazzo) Júlia (Isabelle Drummond), é outro grande momento do folhetim.

Em um momento de crise na teledramaturgia brasileira, onde o mais do mesmo impera e as emissoras estão desesperadas para ver o que dá audiência, Sete Vidas mostra que o gênero drama, quando bem escrito, sem ser piegas, é ainda a melhor forma de se contar uma novela contemporânea e que toca diretamente o coração do público. Talvez, falte isso nas outras novelas: mais sensibilidade. O mundo real já é demasiadamente cruel.







Gostou do Café com Notícias? Então, siga-me no Twitter, curta a Fan Page no Facebook, siga a company page no LinkedIn, circule o blog no Google Plusassine a newsletter e baixe o aplicativo do blog.










Jornalista



MAIS CAFÉ, POR FAVOR!

0 comentários