Livro “Saúde Indígena em Perspectiva" faz panorama desta área no Brasil
abril 19, 2015
Aumentar a visibilidade das vozes
indígenas no cenário sociopolítico brasileiro. Esta é a proposta do livro Saúde Indígena em Perspectiva: explorando
suas matrizes históricas e ideológicas, lançado pela Editora Fiocruz. A
publicação foi organizada pelas pesquisadoras Carla Costa Teixeira, da
Universidade de Brasília (UnB), e Luiza Garnelo, da Fiocruz Amazônia.
Os oito capítulos que compõem a
coletânea oferecem um panorama bastante consistente sobre o campo da saúde
indígena no Brasil. O livro analisa o contexto político e institucional que
originou o Sistema Único de Saúde (SUS) e, particularmente, o Subsistema de Saúde
Indígena.
A obra ainda revela como uma política
que defendia uma atenção diferenciada à saúde indígena acabou empreendendo
ações que, em pleno século XXI, pouco diferem daquelas dos anos 1940. Nos
textos, é possível conferir uma posição crítica a implantação de políticas
públicas e sociais para que os cuidados com a saúde indígena não sejam desrespeitados
pelos profissionais de saúde.
Essa permanência está associada a
concepções baseadas numa tradição higienista. Ao persistir aquela ideia das
culturas indígenas como inferiores ou insuficientemente desenvolvidas, segue-se
o velho processo civilizatório, que deslegitima os saberes e os modos indígenas
de pensar e agir. “Assim, o que seria
diferenciado, na atenção prestada à saúde, torna-se mais afeto aos valores do
colonizador, inviabilizando a preconizada diferenciação da saúde”, afirmam
as organizadoras.
Saúde Indígena
Em Minas Gerais, as tribos indígenas
recebem atenção especial da Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), através da Coordenadoria Estadual de Saúde Indígena
(CESI). O objetivo é assegurar o acompanhamento e a atenção à saúde da
população indígena residente no estado, para garantir o acesso ao serviço de
saúde com qualidade e, ao mesmo tempo, valorizar suas tradições e costumes.
Diversidade de tribos indígenas no Brasil mostra o quanto a cultura dos índios é diversa. Foto: Creative Commons / Reprodução. |
A CESI atende indígenas de dez etnias
(Pataxó, Cinta Vermelha Jundiba, Aranã, Maxakali, Xukuru Kariri, Mukurim,
Pankararu, Kaxixó, Krenak e Xakriabá), residentes em aldeias e reservas de 15
municípios do estado (Açucena Araçuaí, Bertópolis, Caldas, Campanário,
Carmésia, Coronel Murta, Guanhães, Itapecerica, Ladainha, Martinho, Campos,
Resplendor, Santa Helena de Minas, São João das Missões e Teófilo Otoni).
A Política Estadual de Saúde Indígena é dividida em eixos de atuação
em diversos programas com ações de saúde mental, resgate e manutenção do
conhecimento indígena em sua medicina tradicional, oficinas e troca de
experiências para garantir uma cobertura ampla e diversa.
Também são direcionados incentivos
mensais para garantir as atividades dentro das aldeias pelas equipes
multidisciplinares de saúde, como as equipes do Programa Saúde da Família (PSF)
que atuam em municípios com jurisdição indígena em ações de estruturação da
Atenção Primária e Redes de Atenção à Saúde.
Atualmente, cerca de 640 mil
indígenas são atendidos pelo Sistema
Único de Saúde (SUS) dentro do Programa Atenção Básica do Ministério da
Saúde. Mais de 15 mil profissionais de saúde integram equipes
multidisciplinares que visitam regularmente aldeias de todo o Brasil.
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