Debates movimentam a 18ª Mostra de Cinema de Tiradentes
janeiro 25, 2015Na mesa estão Cláudio Assis, Guilherme Coelho, Dira Paes, e Rosemberg Cariry. Foto: Biel Machado / Universo Produção / Reprodução. |
O primeiro final de semana da 18ª Mostra de Cinema de Tiradentes começou com uma programação intensa de discussões sobre o lugar do Cinema atual e exibição de filmes. Nos primeiros debates,
realizados no último sábado (24/01), os críticos Cléber Eduardo e Francis
Vogner e o cineasta Felipe Bragança conversaram sobre o tema central da mostra: Qual o
lugar do cinema hoje?
Eles propuseram ideias e reflexões a
partir da provocação do curador, Cléber Eduardo, sobre de que maneira a
concentração e a imersão necessárias à experiência essencial da fruição
cinematográfica se inserem num mundo hipermidiatizado e invadido por tantas e
variadas telas, como é atualmente.
“O ritual de ir às salas de cinema e se submeter a uma
duração que não pode ser controlada, que já está estabelecida, e fazer o
espectador contemporâneo se relacionar a imagens nas quais não necessariamente
ele está refletido, é algo cada vez mais raro. Mas este ainda é o motivo de se
fazer um festival de cinema, por exemplo. O festival se torna um espaço de
resistência, de confronto, de contracorrente”, destacou
Cléber.
Felipe Bragança contrapôs com outra
questão: “Qual o lugar do cineasta hoje?
Esse cinema que a gente busca é uma utopia, de alguma forma todo o cinema
existe a partir de uma utopia, de uma grande lenda urbana. O que devemos buscar
é a linguagem”.
Dira Paes conta detalhes da trajetória da sua carreira como atriz. Foto: Biel Machado / Universo Produção / Reprodução. |
Em seguida, dando procedimento à
Mostra, a mesa debateu O Percurso de
Dira Paes, a atriz paraense Dira paes, homenageada pela 18ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Ela
relembrou o começo de sua trajetória, há 30 anos (quando esteve na produção norte-americano
A Floresta das Esmeraldas, de John
Boorman), e frisou o quanto seu tipo físico amazônico a ajudou. “O que parecia ser meu algoz, que é essa
minha aparência muito específica, virou meu trunfo, pois me deu chance de
interpretar tantos personagens brasileiros e representar a nossa
miscigenação", disse ela.
Dira revelou ter recusado papéis na
televisão por não gostar dos personagens. Nessas ocasiões, contou com a
independência financeira proporcionada por seus trabalhos em cinema. “Precisava me virar fazendo dois filmes por
ano, mas tinha a convicção de não aceitar nada só para estar na TV”,
afirmou a atriz que estava ao lado dos cineastas Rosemberg Cairiry (Corisco e
Dadá) e Guilherme Coelho (Órfãos do Eldorado). Ambos exaltaram o encontro com a
atriz em momentos distintos de sua trajetória e o quanto ela acrescentou aos
trabalhos. “A Dira é transnacional”,
resumiu Cariry.
Programação
Neste domingo (25/01), na 18ª Mostra de Cinema de Tiradentes,
começa a série de Encontros com a
Crítica, Diretor e Público, com a discussão sobre os filmes Revoada, produção baiana de José
Umberto Dias, que passou a ser debatida a partir das colocações da crítica e
pesquisadora Maria do Rosário Caetano, às 10h30, no Cine-Teatro Sesi; e, em
seguida, às 11h45, aconteceu o papo sobre A
Batalha da Maria Antônia, em que o crítico Luiz Zanin Oricchio vai falar ao
lado do diretor Renato Tapajós.
A programação de filmes começa às
15h, com a Mostrinha de Curtas,
exibindo cinco filmes para o público infanto-juvenil, no Cine-Tenda. A Mostra Sui Generis exibe, às 15h30, Pingo D’água, de Taciano Valério,
seguido de bate-papo com o diretor e o crítico Francis Vogner, no Cine-Teatro.
Às 17h30, no mesmo local, tem sessão da Mostra
Homenagem, com Amarelo Manga,
filme de Cláudio Assis que conta com a atriz Dira Paes no elenco.
Celebridades também marcam presença na 18ª Mostra de Cinema de Tiradentes. Foto: Leo Lara / Universo Produção / Reprodução. |
Já no Cine-Tenda, às 16h30, tem a
segunda leva de filmes da Mostra
Panorama, com cinco curtas-metragens. Logo após, às 18h, o longa Infância marca o mais recente trabalho
do veterano Domingos de Oliveira. Às 20h, A
Despedida, de Marcelo Galvão, abre a Mostra
Transições, que exibe também, às 22h, Obra,
de Gregório Graziosi. O domingo é dia também de Cine BNDES na Praça, com a
exibição de O Dia do Galo, de Cris
Azzi e Luiz Felipe Fernandes, às 21h.
O domingo na Mostra de Cinema de Tiradentes contará com várias atividades
artísticas paralelas. Às 13h, há o lançamento de nove livros, no Cine-Teatro
Sesi. Entre os títulos, estão Cinecasulofilia,
de Marcelo Ikeda, Cine Danúbio, de
João Carlos Rodrigues, e Dossiê Boca:
Personagens e Histórias do Cinema Paulista, de Matheus Trunk. Na mesma
ocasião, o produtor Cavi Borges lança uma coleção de quatro trabalhos
audiovisuais em DVD. E para fechar o dia intenso de programação, o músico
Arrigo Barnabé se apresenta no Cine-Lounge a partir da 0h30.
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