Com tratamento adequado, casais soropositivos podem ter filhos sem HIV

dezembro 01, 2014

Foto: iStock / Reprodução


Um casal jovem que vive um romance e um deles é portador do HIV. Essa é a história dos protagonistas do filme brasileiro “Boa sorte”, dirigido por Carolina Jabor e estrelado por Déborah Secco. Não por acaso, o longa está em cartaz na semana em que se comemora o Dia Mundial de Combate à Aids, neste 1º de dezembro.

Sem entrar nos meandros do enredo, mas observando o romance e a idade dos personagens, pode-se dizer que os dois jovens representam a história de muitos, já que 86% das 35 milhões de pessoas infectadas pelo HIV ao redor do globo se encontram em idade reprodutiva, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Com a introdução da terapia antirretroviral na última década pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pessoas com HIV positivo ganharam maior expectativa e qualidade de vida, mantendo vivos sonhos como o de ter filhos e constituir uma família.

“Graças à evolução da medicina, a Aids tem se tornado uma doença com a qual é plenamente possível viver uma vida longa e normal. Com isso, portadores do HIV realizam aspirações que antes pareceriam impossíveis”, afirma o professor do departamento de ginecologia da UFMG e especialista em reprodução assistida, Selmo Geber.

Com o uso das técnicas de Reprodução Assistida, casais sorodiscordantes podem ter filhos sem que haja o risco de transmissão do vírus de um parceiro para o outro. O médico ressalta que eles devem continuar usando preservativos para evitar a transmissão, mas podem ter filhos utilizando a técnica de fertilização in vitro com injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI).

Geber explica que, nesse caso, a mulher submete-se a um tratamento de estimulação ovariana para que vários folículos se desenvolvam e quando eles atingem o tamanho desejado, realiza-se a coleta dos óvulos.
Foto: Site Mashable / Reprodução.

“No mesmo dia, o marido colhe o semen que é preparado para separar somente os espermatozoides, que serão, em seguida, injetados diretamente dentro dos óvulos Assim, os embriões formados são, em seguida, transferidos para o útero. Como não existe contato de secreções, o risco de transmissão é reduzido a zero”, explica o médico.

Quando a mulher é a portadora do HIV, a possibilidade de gestação deve ser avaliada por um médico infectologista, que irá analisar a carga viral e as possibilidades de transmissão vertical, ou seja, de o vírus passar para o filho. Caso a gestação seja possível, realiza-se a fertilização in vitro e o embrião é posteriormente transferido para o útero da paciente.

Diagnóstico

Apesar dos grandes avanços em relação ao tratamento e qualidade de vida dos portadores do vírus, um dos maiores problemas que envolve a doença continua sendo a falta de diagnóstico. Como o vírus causador da Aids tem uma fase de encubação em que o paciente não tem sintomas, o portador pode permanecer por anos sem diagnóstico.

De acordo com a coordenadora do programa de DSTs/Aids e Hepatites Virais da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Jordana Costa Lima, quanto mais cedo a pessoa souber que tem o vírus ou a doença, menores as chances de surgirem agravos secundários.

“Para muitas pessoas realizar o exame de HIV significa uma quebra de paradigma, mas é necessário que a população tenha consciência de que o diagnóstico precoce facilita o tratamento e controle da doença”, afirma Jordana. O teste de HIV pode ser feito através do exame de sangue convencional disponível em todas as unidades básicas por meio do SUS.

Em Minas, de 2007 a 2014, foram notificados 15.482 novos casos de Aids, sendo a população com idade entre 35 a 49 anos a que apresentou maior número de notificações nesse período, com 6.434 novos casos. Atualmente, cerca de 22 mil pessoas utilizam a medicação antirretroviral para HIV e AIDS no estado.






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Colaborou: Nany Mata e Jéssica Gomes.










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